Desemprego atinge 12,7 milhões de pessoas, diz IBGE

Pesquisa indica que há mais 698 mil desempregados em relação a 2016

Publicado em 30 de novembro de 2017 às 10:10

- Atualizado há um ano

Apesar da melhora recente, o Brasil ainda contava com 12,740 milhões de pessoas em busca de emprego no trimestre encerrado em outubro, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (30/11). 

O resultado significa que há mais 698 mil desempregados em relação a um ano antes, o equivalente a um aumento de 5,8%. Por outro lado, o total de ocupados cresceu 1,8% no período de um ano, o equivalente à criação de 1,662 milhão de postos de trabalho. 

Como consequência, a taxa de desemprego passou de 11,8% no trimestre até outubro de 2016 para 12,2% no trimestre encerrado em outubro de 2017. Em outubro, o País tinha 230 mil brasileiros a menos na inatividade, em relação ao patamar de um ano antes. O recuo na população que está fora da força de trabalho foi de 0,4% ante o mesmo período de 2016. 

O nível da ocupação, que mede o porcentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, foi estimado em 54,2% no trimestre terminado em outubro.

Setores

A construção cortou 161 mil postos de trabalho no período de um ano, segundo dados da pesquisa. O total de ocupados na atividade encolheu 2,3% no trimestre até outubro de 2017 ante o mesmo período de 2016.

Também houve corte de vagas no setor de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, com menos 419 mil empregados, um recuo de 4,7% no total de ocupados, e no segmento de administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais, com menos 20 mil vagas, o equivalente a uma ligeira queda de 0,1% na ocupação.

Na direção oposta, a indústria criou 290 mil vagas no período de um ano, uma alta de 2,5% no total de ocupados no setor no trimestre encerrado em outubro ante o mesmo trimestre de 2016, segundo o IBGE. O comércio contratou 392 mil empregados, alta de 2,3% na ocupação no setor.

A atividade de Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas - que inclui alguns serviços prestados à indústria - registrou um crescimento de 540 mil vagas em um ano, 5,6 de ocupados a mais. Também houve aumento no contingente de trabalhadores de alojamento e alimentação (+494 mil empregados), outros serviços (+269 mil pessoas), transporte, armazenagem e correio (+154 mil ocupados) e serviços domésticos (+104 mil empregados).

Carteira assinada

Segundo a mesma Pnad Contínua, o mercado de trabalho brasileiro perdeu 738 mil vagas com carteira assinada no período de um ano. O total de postos de trabalho formais no setor privado encolheu 2,2% no trimestre encerrado em outubro ante o mesmo período do ano anterio. 

Já o emprego sem carteira no setor privado teve aumento de 5,9%, com 615 mil empregados a mais. O total de empregadores cresceu 4,3% ante o trimestre até outubro de 2016, com 179 mil pessoas a mais.

O trabalho por conta própria cresceu 5,6% no período, com 1,208 milhão de pessoas a mais nessa situação. A condição de trabalhador familiar auxiliar aumentou 6,9%, com 142 mil ocupados a mais. O setor público gerou 132 mil vagas, um aumento de 1,2% na ocupação.

Houve aumento de 123 mil indivíduos na condição do trabalhador doméstico, 2% de ocupados a mais nessa função.

A taxa de desemprego de 12,2% registrada no País no trimestre até outubro foi a menor desde o quarto trimestre de 2016, quando estava em 12,0%. O País ganhou 868 mil postos de trabalho em um trimestre, ao mesmo tempo em que 586 mil pessoas deixaram o contingente de desempregados.

No trimestre encerrado em outubro, o mercado de trabalho perdeu 37 mil vagas com carteira assinada em relação ao trimestre anterior, encerrado em julho. O contingente de trabalhadores sem carteira assinada no setor privado cresceu em 254 mil pessoas. Outros 326 mil indivíduos aderiram ao trabalho por conta própria

O setor público teve aumento de 88 mil postos de trabalho em apenas um trimestre. O emprego como trabalhador doméstico aumentou em 177 mil pessoas.

Indústria

A indústria fechou 85 mil postos de trabalho em apenas um trimestre, o equivalente a um recuo de 0,7% no total de ocupados no setor no trimestre encerrado em outubro em relação ao trimestre terminado em julho

Segundo Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, o movimento de demissões na indústria, após meses de contratações, pode ser sazonal. A indústria costuma contratar temporários no segundo e no terceiro trimestres para dar conta das encomendas para o fim do ano, mas dispensa parte da mão de obra em seguida. 

"Isso pode ser sazonal. A indústria tem se movimentado mais nessa parte do segundo e terceiro trimestres. Agora ela se movimenta ao contrário", explicou Azeredo. "Aí o comércio vai absorver agora parte dessa população (de trabalhadores temporários)", completou. 

Também houve demissões em transporte, armazenagem e correio, com 48 mil ocupados a menos, e em agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, com 139 mil vagas extintas. 

O total de ocupados no País, porém, cresceu 1,0% no trimestre até outubro em relação ao trimestre até julho, com a criação de 868 mil vagas. 

Os setores que contrataram no período foram a construção, com 169 mil postos de trabalho a mais; comércio, com 208 mil funcionários a mais; alojamento e alimentação, mais 87 mil; administração pública, defesa, seguridade social, educação e saúde, mais 85 mil; informação, comunicação, atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, com 311 mil a mais; serviços domésticos, 173 mil a mais; e outros serviços, com a geração de 99 mil postos. 

"O aumento de trabalhadores nos serviços domésticos é um dado que a gente coloca em observação para saber que movimento é esse tão expressivo. É um crescimento que foge ao que a gente podia estar imaginando. E a renda desse trabalhador não se movimenta. Não é trabalhador desesperado para trabalhar e topando qualquer salário, ganhando menos. A renda média se mantém estável", ressaltou Azeredo.