Devotos de Santa Dulce realizam procissão pedindo ajuda para Osid

Instituição está passando por uma crise financeira e corre o risco de suspender atendimentos

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  • Gil Santos

Publicado em 26 de maio de 2022 às 09:18

. Crédito: Gil Santos/CORREIO

Se estivesse viva Santa Dulce dos Pobres completaria 108 anos nesta quinta-feira (26), mesma data em que as Obras Sociais Irmã Dulce comemoram 63 anos de existência. Por isso, centenas de católicos e devotos da primeira santa brasileira realizaram uma procissão da Igreja do Bonfim até o Santuário de Santa Dulce, no Largo de Roma. Uma missa de Ação de Graças foi celebrada no local que era um galinheiro antes da jovem freira transformar em abrigo para os pobres, órfãos e enfermos. 

Os fiéis receberam uma ajudinha do céu. Apesar da previsão de chuva, o tempo abriu e o sol reinou absoluto nos cerca de 1 km que separa o Bonfim do Santuário. A procissão foi também um pedido de socorro. A instituição fundada por Santa Dulce, em 1959, está passando por sérios problemas financeiros e corre o risco de suspender atendimentos. 

Atualmente, 2,9 milhões de pessoas são atendidas gratuitamente nas Obras Sociais. Existe registro de pacientes dos 417 municípios da Bahia que realizam 3,5 milhões de procedimentos ambulatoriais, 23 mil cirurgias e 43 mil internamentos por ano. A instituição tem 954 leitos hospitalares, faz 9 mil atendimentos mensais para tratamento do câncer e 10,8 mil para pessoas com deficiência em Salvador.

Segundo a direção, há cinco anos o Ministério da Saúde não atualiza os repasses do Sistema Único de Saúde (SUS) para a instituição, apesar do aumento nos preços dos insumos, principalmente após a pandemia, e dos reajustes nos contratos com fornecedores e despesas com pessoal e manutenção. Isso gerou uma dívida de R$ 24 milhões, e até o final de 2022 mais R$ 20 milhões podem ser adicionados a essa conta. 

A superintendente das Obras Sociais e sobrinha de Santa Dulce, Maria Rita Pontes, participou da procissão e disse que o ato é um apelo à sociedade sobre a grave crise. 

"A gente espera que o presente que a gente receba para suas obras seja o apoio federal, estadual e de toda sociedade. Essa obra atende a todos, atende a quem mais necessita e é a última porta de muitos. A gente espera que esse dia que está sendo iluminado, a gente possa tocar no coração dos homens", disse.

Maria Rita alertou que a Osid corre o risco de fechar as portas. "A gente sempre fez muito com pouco, mas esse pouco agora está pouco demais. É preciso que o governo se sensibilize e nos ajude. Espero que a gente em breve possa dar boas notícias. Essa obra não pode fechar suas portas. Se não houver um aporte de recursos do governo federal e ajuda do governo estadual, a gente não vai conseguir".

Caminhada  A concentração aconteceu nos arcos do Bonfim, aos pés da Colina Sagrada, e a maioria das pessoas vestiu branco. A imagem da santa foi colocada sobre um andor, cercada de flores brancas, enquanto os fiéis seguiram atrás fazendo orações e também momentos de silêncio. Moradores acompanharam das janelas e varandas. A professora aposentada Virgínia Gonçalves, 69 anos, rezou o terço durante a caminhada.

“Santa Dulce fez mais pelos pobres do que a grande maioria dos políticos. Agora, estamos dependendo de que políticos mantenham essa obra funcionando. Isso é tão triste. Estou rezando para que esse hospital não feche, para que a sociedade seja sensibilizada ou não sei o que será dos mais pobres”, disse.

A procissão teve cinco paradas para lembrar momentos da vida de Santa Dulce em que ela recebeu ‘nãos’ para os pedidos que realizava. Em 1970, um empresário a colocou para fora do escritório dele depois de deixar a freira esperando por 12h. Em 1949, o poder público expulsou a religiosa e os pobres que ela ajudava dos Arcos da Mansão da Misericórdia. No ano seguinte, um feirante cuspiu na mão da freira quando ela pediu uma doação para as crianças do orfanato.

A última parada simbolizou a crise atual e o risco que ameaça o futuro da instituição. A direção das Obras Sociais Irmã Dulce afirmou que já fez todos os apelos ao Ministério da Saúde, que aguarda retorno e que não há reunião prevista com os dirigentes da pasta. Nos próximos dias, haverá um encontro com representantes do Governo do Estado para discutir a situação da entidade.

Veja como doar:

Campanha 1 milhão de amigos Para participar da campanha e ajudar a Osid, basta acessar o site www.1milhaodeamigossantadulce.org.br e realizar sua doação. As pessoas podem doar a partir de R$ 10, mas o importante é continuar mantendo a doação, a recorrência todo mês. 

Conta de energia O consumidor da Coelba que desejar fazer uma doação mensal pela conta de energia para as Obras Sociais Irmã Dulce deve entrar em contato com a Central de Relacionamento do Doador (CRD) da Osid, através do telefone (71) 3316-8899. Basta fornecer o número da conta contrato da residência para começar a doar. 

Ainda é possível realizar o cadastro para ser um doador, se dirigindo a um dos postos fixos do Projeto Vale Luz. No local, o cliente receberá uma ficha de inscrição. São nove postos distribuídos em Salvador e região metropolitana, incluindo o Shopping Barra, Salvador Norte Shopping e Salvador Shopping. Os demais podem ser consultados no site da distribuidora.

Doação por depósito ou transferência bancária Associação Obras Sociais Irmã Dulce. CNPJ: 15.178.551/0001-17

Doação via Pix IDENTIFICADOR: E-mail Chave PIX: [email protected] Atenção: Para doação via PIX, envie seu comprovante para o e-mail [email protected], para emissão do recibo.

Central de Relacionamento com o doador: Telefone: (71) 3316-8899 E-mail: [email protected] Horário de Funcionamento: De segunda a sexta-feira, das 9h às 17h30.