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Priscila Natividade
Publicado em 6 de maio de 2019 às 07:00
- Atualizado há 2 anos
A habilidade de se comunicar bem é cada vez mais exigida pelas empresas como uma das competências essenciais, não só para ser contratado, mas também para permanecer no posto. E quando se fala de comunicação não é apenas aquele processo simples que se aprende na escola, em que um emissor passa uma mensagem por um determinado canal e que chega até o seu provável receptor. Além de ser bom de papo, o profissional precisa dominar a comunicação positiva. >
Mas como se fazer compreender e ser compreendido no ambiente de trabalho? É justamente esse ponto que a Comunicação Positiva se propõe a desenvolver, como explica a coach na área de gestão de conflitos e análise de riscos Thaiza Vitória, que ministra um curso sobre o tema nessa sexta-feira (10), no campus Paralela da Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC). >
Autora do livro Coaching para Advogados e Comunicação Positiva, Thaiza também é professora da Escola Superior de Advocacia da OAB-BA e do Instituto Brasileiro de Direito. Para a especialista, a base da comunicação positiva é não praticar julgamentos. “Quando você começa a praticar a observação sem julgamentos e estrutura melhor pedidos e perguntas, naturalmente irá se comunicar de maneira mais assertiva”, assegura. Thaiza conversou com o CORREIO sobre como melhorar sua comunicação com o outro. Confira. >
O que você chama de comunicação positiva e como ela pode alavancar a carreira do profissional? >
A comunicação positiva é um modo de expressão que nos permite emitir mensagens honestas e objetivas, sem desconsiderarmos o ponto de vista e a necessidade do outro. Situações como a crítica entre os colegas, o individualismo proveniente dos ruídos em equipe, a desagregação através de fofocas, a depreciação da figura do cliente e a insegurança no posicionamento da fala são só alguns problemas de comunicação que acabam atrapalhando a carreira do profissional. É aí que entra a importância de desenvolver sua inteligência emocional e praticar a estrutura de um diálogo positivo. >
No ambiente de trabalho, muita gente costuma ‘engolir sapo’ diariamente ou ‘cuspir fogo’ durante uma conversa. Qual a melhor maneira de se fazer compreender e ser compreendido? >
Isso acontece porque, muitas vezes, o que dizemos não é o que realmente queremos dizer, e os conflitos nascem dessa dificuldade de compreender e ser compreendido. A oposição entre as pessoas começa na divergência de interpretação sobre os mesmos fatos, na discordância sobre quem deve resolver os problemas e, por fim, na dificuldade de fazer pedidos e perguntas assertivas. Estamos tão presos à necessidade de agilidade, sempre “na luta” ou “na correria”, que não enxergamos o quanto a nossa comunicação pode ser reativa, ineficiente e muitas vezes violenta. O primeiro passo para praticar a compreensão é treinar a escuta ativa e ouvir com atenção.À medida que aprendemos a compreender a mensagem que está sendo transmitida, permitimos uma maior sensibilidade e, com isso, estabelecemos uma conexão genuína, evitando conflitos. É possível enumerar alguns exercícios que favorecem a comunicação positiva? >
O primeiro deles é observar sem julgar. Quando a observação adiciona um julgamento sem reconhecê-lo, tal como se fosse uma verdade absoluta, reduzimos a nossa compreensão e geramos resistência nas outras pessoas. Outro exercício é prestar atenção quanto ao momento certo para você expressar a sua opinião. Falar na oportunidade errada pode acabar comprometendo o seu discurso. Também escolha boas palavras. E pratique a objetividade.Nada mais óbvio na comunicação positiva do que você ir direto ao ponto. Ah, e não esqueça que o corpo fala. Nossos olhos e gestos também comunicam. Por isso, fique atento à linguagem corporal. É possível reformular a maneira de se comunicar? O que o profissional precisa levar em consideração? >
Pouca gente percebe quando pratica uma comunicação negativa a ponto de corrigi-la a tempo de evitar transtornos, mas certamente identifica suas consequências quando tem que administrar os prejuízos. Para reformular a maneira de se comunicar é preciso se conhecer e ter clareza sobre os impactos da fala.É muito comum ouvirmos: ‘Desculpa, falei sem pensar’. Precisamos levar em consideração os reflexos materiais e emocionais de uma mensagem mal elaborada. Qual o perfil do comunicador positivo? >
Uma vez que a pessoa comum fala a um ritmo de 125 a 200 palavras por minuto, e o ouvinte comum consegue compreender até 400 palavras por minuto. O ouvinte ativo trabalha para preencher esse tempo ocioso com suas próprias questões. Quem adota a comunicação positiva escolhe se concentrar no que o orador está dizendo, nos sentimentos colocados na fala e nas possíveis necessidades das entrelinhas do discurso. Essa prática, além de conectar as pessoas, também favorece o trabalho em equipe e relacionamentos de sucesso. Esse é, então, o comunicador positivo. >
Como ganhar alguém ‘no papo’, utilizando as técnicas da comunicação positiva? De que maneira o profissional pode utilizá-la a seu favor para melhorar sua reputação? >
Uma boa reputação não se constrói em silêncio, nem mesmo fazendo barulho. Para um profissional ter credibilidade dentro da empresa, além de precisar desempenhar com excelência as suas atividades, é necessário se comunicar assertivamente com o máximo de pessoas. Influência é rede.Por mais que você domine as habilidades de fala, se não utilizá-las, de nada servirá. E, por hora, invista na reciprocidade, que representa a base da influência.Antes de pensar em receber, observe o que pode doar de acordo com as necessidades apresentadas pelos seus colegas.>