Dilmismo

Por Aninha Franco

  • D
  • Da Redação

Publicado em 19 de maio de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Se há uma filosofia em voga no Brasil é o Dilmismo, cuja expressão máxima é a ex-presidenta Dilma Rousseff, com discípulos em todo o Brasil, estocados como vento, emitindo dilmismos. Correria, dilmista aliado, dilmou na Bahia. Na mesma semana, Márcio França, ignoro se dilmista, dilmou “de com força” em São Paulo. E o ex-presidente do PCdoB Aldo Rebelo dilmou fortemente em Brasília. O partido político pouco importa. E desconfio que o dilmismo explodiu o estocamento político e contaminou a economia, a cultura, o esporte. O dilmismo é o pensamento que move o Brasil hoje. 

O governador da Bahia, estado que vive em três tempos, o lento, o lentíssimo e o Dorival Caymmi, mas que foi apelidado por seu marketing de Correria, sancionou o dia 10 de setembro como dia estadual da consciência humana. Correria sancionou o projeto de lei do deputado  Marcell Moraes,  do PSDB, que, se consciente, estaria fazendo oposição ao governo lulopetista, mas... Dia 10 de setembro estarei em Salvador, Capital do Dia da Consciência Estadual, para observar a programação da efeméride, porque, viajando, usarei a consciência humana que deve ser diversa da estadual. 

Repleta de dúvidas, perguntei aos meus amigos do Facebook se eles conseguiam identificar a estadualidade da consciência humana, recebi uma enxurrada de respostas e li que a secretária do trabalho de Correria, Olivia Santana, não entendeu o dia da consciência estadual, defensora que é da consciência negra. Aliás, a consciência estadual faz sombra à consciência negra? Será que a consciência estadual é branca como o elenco de Segundo Sol? Quantas imprecisões... A pelourinhense Socorro da loja Retalhos da Vovó me contou que Giovanna Antonelli  esteve em sua loja e era branca como a neve. – Pintaram ela, Aninha! Pintaram de baiana clara! 

Márcio França, atual governador de São Paulo, dilmou pesado expondo a brava PM que, em legítima defesa de crianças e mulheres, reagiu com precisão a um assalto à mão armada. Além de expor a policial, o governador dilmou no discurso: “As pessoas têm que entender que a farda deles [PM] é sagrada, é a extensão da bandeira do estado de São Paulo. Se você ofender a farda, ofender a integralidade do policial, você está correndo risco de vida. É assim que tem que ser.” Nenhuma farda é sagrada,  governador. Sagrada é a vida  humana. 

E o ex-presidente do PCdoB dilmou quando defendeu os militares veementemente classificando o golpe de 1964 de “civil”. “Foi um golpe do empresariado, da igreja, da embaixada americana, da mídia. Os militares entraram de última hora e não saíram até hoje – a Comissão da Verdade está aí atrás deles. Não pegou nenhum bispo, nenhum padre, nenhum empresário, nenhum embaixador, nenhum editorialista.”

Se estivesse comprometido com a história do Brasil e não com o dilmismo, Rebelo saberia que poucos partidos políticos sofreram tantas baixas nos governos militares como o partido que o abrigou por 40 anos, o PCdoB. Sim, o golpe de 1964 foi civil/militar, mas empresários e editorialistas não torturaram ou mataram Pedro Pomar, João Drummond e Ângelo Arroyo, entre muitos outros.