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Da Redação
Publicado em 24 de abril de 2020 às 05:43
- Atualizado há 2 anos
O diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, foi exonerado pelo presidente Jair Bolsonaro, em meio aos desentendimentos com o ministro Sergio Moro, que defendia a sua permanência. A exoneração foi publicada no Diário Oficial da União na madrugada desta sexta-feira (24).>
Na publicação, o decreto diz que a saída foi "a pedido" e é assinado pelo presidente e pelo ministro. >
Bolsonaro comunicou a mudança nesta quinta ao seu ministro, que não gostou e teria colocado o seu cargo à disposição caso a saída de Valeixo se concretizasse. De acordo com interlocutores do presidente Jair Bolsonaro, Moro não chegou a pedir demissão nesta quinta-feira, mas afirmou que não concordava com a troca "de cima para baixo" do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, e iria reavaliar a sua permanência no governo. Ao longo do dia, integrantes da ala militar entraram em campo para reverter uma possível saída do ministro.>
Moro tenta encontrar um nome de sua confiança para o cargo. Bolsonaro, no entanto, avisou que nomearia um substituto. É a segunda vez que o presidente ameaça trocar a cúpula do órgão.>
Carreira de Moro Moro deixou a carreira de juiz federal, na qual se destacou pela condução da Lava Jato, para virar ministro. Na época, chegou a dizer estar cansado de "tomar bola nas costas".>
A promessa era de que Moro teria autonomia total no comando do ministério, mas desde então tem enfrentado vários embates com o presidente. Ainda segundo a Folha, a promessa de uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) ao "superministro" já está enfraquecida desde que as mensagens privadas trocadas entre ele e procuradores da Lava Jato foram divulgadas pela imprensa.>
Pesquisa realizada no início de dezembro de 2019 mostrou que 53% da população avalia como ótima/boa a gestão do ex-juiz no Ministério da Justiça. Outros 23% a consideram regular, e 21% ruim/péssima. Bolsonaro tinha números mais modestos, com 30% de ótimo/bom, 32% de regular e 36% de ruim/péssimo.>
Sob o comando de Moro, a Polícia Federal viveu clima de instabilidade em 2019, quando Bolsonaro anunciou uma troca no comando da superintendência do órgão no Rio e ameaçou trocar o diretor-geral.>
No meio da polêmica, o presidente chegou a citar um delegado que assumiria a chefia do Rio, mas foi rebatido pela PF, que divulgou outro nome, o de Carlos Henrique de Oliveira, o da confiança da atual gestão. Após meses de turbulência, o delegado assumiu o cargo de superintendente, em dezembro.>
No fim de janeiro deste ano, porém, o presidente colocou de volta o assunto na mesa, quando incentivou um movimento que pedia a recriação do Ministério da Segurança Pública. Isso poderia impactar diretamente a polícia, que poderia ser desligada da pasta da Justiça e ficaria, portanto, sob responsabilidade de outro ministro. Bolsonaro depois voltou atrás e disse que a chance de uma mudança nesse sentido era zero, ao menos neste momento.>