'Disse que devia ter dado um tiro na minha cabeça', diz Isabela sobre o pai

Namorada do ator Rafael Miguel contou, ao Fantástico, que já sofreu agressões antes

Publicado em 16 de junho de 2019 às 22:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução/Instagram

"Após descobrir o namoro, ele disse que devia ter dado um tiro na minha cabeça e da minha mãe quando eu nasci", revelou Isabela Tibcherani, 18 anos, sobre o pai, Paulo Cupertino Matias, 48, em entrevista ao Fantástico deste domingo (16). Paulo matou a tiros o namorado de Isabela, o ator Rafael Miguel, 22, e os pais dele, João Alcisio Miguel, 52, e Miriam Selma Miguel, 50, porque não aceitava o relacionamento do jovem com sua filha.

"Poderia ser qualquer pessoa, ele não queria que ninguém se relacionasse comigo", contou a garota que já tinha sido ameaçada pelo pai antes."Ele já quebrou um prato na minha cabeça, já me chutou no chão, já me jogou em uma cama que quebrou quando eu caí... Várias coisas", desabafou a jovem, que confessou sentir medo do pai. "Quero muito que ele seja pego. Quero me sentir segura", pediu.Questiona se imaginava que Cupertino poderia fazer alguma coisa quando encontrasse Rafael, Isabela disse que sim, "talvez agredir, maltratar quem sabe". "Mas agir dessa forma, não", contou a jovem que está hospedada na casa de amigos com a mãe e o irmão. Enquanto isso, o que a conforta é pensar nos momentos com o namorado. "Imagino muito ele falando comigo, tentando me acalmar. Tudo o que falava em vida eu procuro mentalizar bastante para me manter forte. Espero um dia, quem sabe, sonhar e saber que ele está bem, em um caminho de luz", disse.

'Destemperado' O crime aconteceu no último domingo (9), quando Cupertino confrontou Isabela, Rafael e os pais dele na casa da jovem. Mais cedo, Isabela tinha chamado o namorado para um passeio em uma praça próxima. "Não estava me sentido bem. Resolvi sair pra dar uma volta, caminhar, pedi pra Rafael me encontrar e ele perguntou 'o que você quer fazer?'. Eu disse que não sabia, só que não queria voltar. Aí ele disse que não podia simplesmente me levar naquele estado para qualquer lugar, que era melhor eu voltar pra casa pra lidar com a situação", narrou Isabela ao Fantástico.

Sem querer pegar no celular, que estava tocando muito, a jovem disse que só atendeu quando viu a sogra ligando. "Ela falou que ia mandar o pai do Rafael buscar a gente e levar pra casa, me acompanhar até em casa". Mas se soubesse que o pai estava por perto, não voltaria, contou. Sem ter visto o carro de Cupertino, Isabela se aproximou do portão junto com o namorado e os pais dele. Foi nesse momento que Cupertino saiu do carro, muito agressivo.

A família do ator tentou um diálogo com ele, mas foi recebida a tiros. "Quando ele abriu o portão, a mãe do Rafael tentou uma abordagem, perguntou 'você que é o pai da Isabela?'. Ele respondeu com ironia: 'não, sou a mãe dela'. Eles insistiram em um diálogo, talvez por medo de me machucar, e foi aí que ele se destemperou e fez o que fez", contou Isabela.

De acordo com a TV Globo, que teve acesso ao documento do IML, Rafael foi baleado uma vez na cabeça, uma no peito, três nas costas e duas no braço esquerdo. "Ele morreu no meu colo", disse Isabela. Ao todo, 13 tiros foram disparados - os seis restantes atingiram e mataram os pais do jovem. O pai, João Alcisio Miguel, 52, foi atingido quatro vezes: um tiro no peito, dois o braço esquerdo e um no braço direito. Já a mãe, Miriam Selma Miguel, 50, morreu após ser baleada duas vezes, no peito e no ombro.

Cupertino, que já foi preso uma vez por envolvimento a um assalto a um carro-forte e liberado após cumpri pena, em 1994, fugiu após os três assassinatos. De acordo com investigação policial, o criminoso utilizou ao menos dois veículos para escapar: um Renault Kwid vermelho, logo depois do crime, e um outro veículo de cor escura no dia seguinte.

O carro vermelho foi localizado dois dias depois das mortes, a cerca de 600 metros do local do crime. O automóvel foi apreendido e passou por perícia. Segundo a investigação, a placa é clonada. A prisão preventiva de Paulo foi decretada segunda-feira (16).