Diversão e dindin: festas populares vão movimentar R$ 3,9 bi em Salvador

Calendário festivo deve atrair 2,5 milhões de turistas nos próximos dois meses

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  • Da Redação

Publicado em 4 de janeiro de 2018 às 03:00

- Atualizado há um ano

O calendário de eventos de Salvador é assim, uma verdadeira maratona de rua: começa dia 11 de janeiro, com a Lavagem do Bonfim, segue com as festas de São Lázaro, no final de janeiro, e de Iemanjá, dia 2 de fevereiro. E, depois de tudo isso, chega o Carnaval. Mas não é só curtição: de acordo com a prefeitura da capital, as festas populares devem fazer circular R$ 3,9 bilhões na cidade, só no primeiro trimestre de 2018. O cortejo até a Colina Sagrada, durante Lavagem do Bonfim (Foto: Mauro Akin Nassor/ Arquivo CORREIO) A estimativa é da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), que também aguarda por 2,5 milhões de turistas na cidade somente entre janeiro e fevereiro.  Do total de visitantes esperados, segundo a prefeitura, 85% são brasileiros e 15% estrangeiros. Segundo o setor, a maior parte dos brasleiros vêm do Sul e Sudeste do Brasil e de países como Chile, Argentina e Uruguai.

Se, para quem vem à cidade, haja pique para curtir , para o setor turístico há motivos para comemorar. Com a chegada dos visitantes, o setor hoteleiro espera, ainda de acordo com a Secult, ocupar pelo menos 70% dos cerca de 40 mil leitos em janeiro e fevereiro. Mas a felicidade deve bater mesmo à porta do setor com a chegada da festa de momo. Aí, a expectativa é de que todos os leitos sejam ocupados no Carnaval.

Ou, pelo menos, aqueles que ficam mais próximos dos circuitos da festa, como explica o presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (FeBHA), Silvio Pessoa: Campo Grande, Barra e Ondina. Em lugares mais afastados dos circuitos, onde os leitos costumam ser mais comerciais, a exemplo da Tancredo Neves, a expectativa de ocupação é de 80%.

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Melhora Os números são positivos, pontua Silvio Pessoa, já que, nos úlitmos dois anos, o setor amargou uma crise. No período das vacas magras, minguaram os turistas e sobraram nos hotéis.

“Foi o pior dos últimos 30 anos. Sobrevivemos a duras penas. Neste momento, que é de melhora, podemos respirar aliviados para começar a pagar as contas atrasadas. A partir disso, vamos começar a melhorar nossos equipamentos e investir na qualificação dos nossos profissionais”, explica.

O calendário festivo da cidade, acredita Silvio, é o que mantém Salvador viva na briga com outras capitais, como o Rio de Janeiro (RJ), Recife (PE) e Fortaleza (CE). Salvador, lembra ele, se destaca em relação às outras justamente por ser uma cidade festiva.“Somos uma cidade que sabe fazer festa, gerando muitos empregos e renda. Eu fico abismado quando escuto alguém dizer que não precisamos disso tudo. O mercado é concorrido e temos que ter um calendário de eventos para se manter na concorrência”, completa Silvio.Investimento A empresária Livia Brandão já deixou de subir a Colina Sagrada. Agora, no dia da Lavagem do Bonfim, a preocupação é atender os clientes em um casarão da família que, há dois anos, passou a ser o Restaurante Comida Caseira.   A ideia do restaurante surgiu durante a lavagem, no ano passado. Era preciso utilizar aquele imóvel herdado pelo bisavô, que fica bem próximo onde os fiéis se concentram, na Rua Teodósio Rodrigues de Faria, para ajudar na renda familiar.

O casarão, fechado há sete anos, abriu em 2017 para um evento fechado. Este ano, Livia pretende estender a festa e fazer uma confraternização numa pequena vila, também pertencente à família.

As festas populares, incluindo o Bonfim, já integram roteiros dos pacotes de viagens. É que Salvador, como explica o presidente em exercício da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav-BA), Jorge Pinto, é vendida como uma cidade hospitaleira e festiva.“Nós somos uma cidade voltada para o entretenimento e qualquer movimento que traga para a cidade eventos trará, também, um resultado econômico”, afirma Jorge. Todo mundo vai descer Logo depois da Festa de Iemanjá, dia 2, começa o pré-Carnaval, com o Fuzuê e o Furdunço, em 3 e 4 de fevereiro. E não importa se é no aperto da pipoca, nos confortáveis camarotes ou nos blocos: todo mundo quer ‘descer’. Este ano, inclusive, quem vende abadás tem comemorado o aumento no número de pessoas que querem estar dentro da corda.

Responsável pela Central do Carnaval, Joaquim Nery diz que desde o dia 6 de dezembro houve uma “mudança significativa” na procura pelos abadás. Em janeiro, acredita, as coisas devem melhorar ainda mais. Em relação a 2017, o aumento das vendas, neste mesmo período, é de 20%.“Houve uma consolidação do Carnaval lá fora, algo mais forte que anos anteriores. Temos artistas baianos que estão tendo uma repercussão muito grande. Isso nos dá uma retorno muito forte. A gestão pública tem se preocupado mais com a festa”, acredita Nery.Blocos como o Me Abraça estão com 60% dos abadás esgotados para Durval Lelys e 70% para Bell Marques. O Camaleão com Bell já vendeu 90%. O Largadinho, puxado por Claudia Leitte, quadruplicou as vendas, enquanto o Blow Out duplicou.

As coisas também estão engordando para os proprietários do Grupo San Sebastian, que nesse Carnaval coloca quatro blocos na rua, além de uma festa fechada.

“Eu acho que a gestão pública está cada vez mais próxima do público, não só do folião, da pipoca, mas também dos empresários. O aumento das vendas é fruto de um trabalho bem feito”, elogia André Gagliano, à frente do grupo ao lado do também empresário José Augusto Vasconcelos.