Doação de órgãos de vítima da Chacina de Portão salva nove vidas

Arthur Moreira, 23 anos, foi baleado enquanto protegia o filho de 4 meses

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  • Gil Santos

Publicado em 21 de maio de 2019 às 15:39

- Atualizado há um ano

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Foto: Reprodução Nove pessoas foram beneficiadas com a decisão da família de Arthur Silva de Jesus Moreira, 23 anos, de doar os órgãos do jovem. Ele teve morte cerebral confirmada nesta segunda-feira (20) depois de ser baleado na cabeça em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador, no crime que ficou conhecido como Chacina de Portão.

Arthur foi atingido quando estava na porta de casa, no sábado (18). Ele conseguiu proteger o filho de quatro meses que estava em seus braços, mas foi baleado. O jovem passou dois dias internado no Hospital do Subúrbio até ter a morte confirmada. Foram doados o fígado, os dois rins, as duas córneas e as quatro válvulas do coração.

Segundo a coordenadora do Sistema de Transplantes da Bahia, Rita Pedrosa, cinco pacientes baianos que aguardavam na fila foram beneficiados. "As quatro válvulas do coração foram para o banco de Curitiba. O gesto dessa família foi muito importante porque ajudou outras famílias a trocarem a certidão de óbito de seus familiares pela de nascimento. Esse jovem teve um ato tão nobre em proteger o filho e eles honraram isso doando os órgãos e ajudando mais pessoas", afirmou.O procedimento de coleta dos órgãos aconteceu na madrugada e terminou por volta das 4h30 desta terça-feira (21). O corpo de Arthur ainda está no Hospital do Subúrbio, mas deve ser encaminhado para o Instituto Médico Legal Nina Rodrigues, nos Barris, nas próximas horas. A família ainda não definiu o local e horário do sepultamento.

Confira quem foram as vítimas da Chacina de Portão:

Guilherme Gomes da Silva, 19 anos – Trabalhava com o sogro em uma oficina de carros, mas, recentemente, havia passado numa seleção para ser atendente numa rede de fast-food. Seria pai em cinco meses. O corpo dele foi enterrado no domingo (19), no Cemitério de Portão. Ele estava na porta de casa quando foi baleado. Era sobrinho de Raimunda e primo de Raiane, mortas na chacina. Guilherme deixou esposa grávida (Foto: reprodução) Raiane Freitas, 12 anos – Estudante do 8º ano na Escola Municipal Pedro Paranhos, sonhava em ser bailarina. No momento do crime estava na porta de casa, em pé atrás da tia Raimunda e conversava com o primo Guilherme, também mortos na chacina, quando foi baleada. O corpo dela foi sepultado no domingo (19), no Cemitério de Portão. Raiane e Guilherme eram primos (Foto: Reprodução) Raimunda Jesus dos Santos, 35 anos – Era doméstica. Estava sentada numa cadeira na porta de casa quando foi baleada. Era casada e deixa três filhos adolescentes, um menino de 16 anos e duas meninas com 14 e 11 anos. O corpo dela foi sepultado na segunda-feira (20), na cidade de Esplanada, no Nordeste da Bahia. Raimunda deixou marido e três filhos (Foto: Reprodução) Rogério Oliveira da Silva, 36 anos - Pintor, ele era casado e tinha uma filha de 14 anos. Estava indo até o carro pegar um creme para cabelo que esqueceu no veículo quando foi baleado. O corpo dele foi sepultado no Piauí. Uma van com 15 amigos e familiares saiu de Salvador para a cerimônia. Rogério se mudou para a Bahia há 18 anos junto com quatro irmãos e, desde então, morava em Portão. Rogério deixou esposa e uma filha (Foto: reprodução) Pablo Ferreira dos Santos, 15 anos – Estudante do Colégio Estadual Social de Portão, ele tinha o sonho de ser jogador de futebol. Jogar bola era uma tarefa quase que diária. Pablo era o mais velho de quatro irmãos e morava com os pais. Ele estava com uma amiga na Rua Santo Antônio quando foi morto. O corpo dele será sepultado hoje, mas o local e horário ainda não foram definidos. Arthur morreu protegendo o filho (Foto: reprodução) Arthur Silva de Jesus Moreira, 23 anos – Foi baleado na cabeça e está internado no Hospital do Subúrbio. No momento do ataque, Arthur estava na frente de casa, com o filho de quatro meses nos braços. Ao ouvir os disparos, o pintor se jogou no chão com o bebê e conseguiu proteger a criança, que não teve ferimentos graves e passa bem. A morte cerebral foi confirmada, ontem, e a família resolveu fazer a doação de órgãos. O local e horário do sepultamento ainda não foram definidos.