Dr. Jairinho atuou para que corpo de Henry não fosse para o IML

Vereador ligou para executivo de hospital pedindo 'favor'

Publicado em 8 de abril de 2021 às 09:36

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

Um depoimento dado por um executivo da área de saúde mostrou que o vereador Dr. Jairinho (Solidariedade) tentou impedir que o corpo de seu enteado, o menino Henry Borel, fosse encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML). As informações são do G1.

Henry tinha apenas quatro anos e foi encontrado morto na madrugada de 8 de março no apartamento do vereador e Monique Medeiros, mãe do garoto.

O casal suspeito de ter assassinado a criança foi preso nesta quinta-feira (8) por atrapalhar as investigações e por ameaçar testemunhas para combinar versões. 

A testemunha é um alto executivo da área da saúde. Em depoimento prestado na tarde de quarta-feira (7), ele afirma que recebeu mensagens do vereador durante a madrugada do dia 8 março, pouco mais de uma hora depois do casal chegar com o menino ao Hospital Barra D'Or.

De acordo com a TV Globo, Dr. Jairinho entrou em contato com este executivo pedindo "um favor". Foram quatro ligações feitas logo após a criança chegar ao hospital.

Após atender, de acordo com a testemunha, Jairinho falou da morte do enteado em tom calmo e tranquilo, sem demonstrar qualquer emoção. O executivo disse que o vereador falou pra ele: 'aconteceu uma tragédia'.

Menos de dois minutos depois, eles desligaram e Jairinho voltou a mandar mensagem. Deu o nome do menino e emendou: “agiliza. Ou eu agilizo o óbito. E a gente vira essa página hoje”.

Sem saber detalhes do ocorrido, o executivo ligou para o hospital e pediu que o corpo do menino fosse liberado com brevidade por causa do sofrimento da mãe, relatado pelo vereador.

Três minutos mais tarde, às 7h25, Jairinho reiterou: “Vê se alguém dá o atestado. Pra gente levar o corpinho. Virar essa página”.

Após esta nova mensagem, o executivo entrou em contato com um diretor médico do hospital e recebeu a explicação que, diante do caso, não seria possível dar um atestado de óbito sem que o corpo fosse examinado no IML, como pretendia Jairinho.

"A criança chegou em PCR - parada cardiorrespiratória -, apresentando equimoses pelo corpo".

O executivo respondeu a mensagem minutos depois dizendo: “óbito sem causa definida. Pais separados. Pai deseja que leve o corpo ao IML. Padrasto é médico e quer que dê o atestado.”

Jairinho ainda tentou ligar mais vezes para esse executivo, que parou de atender por por ter ficado completamente desconfortável com o pedido, com a situação e com o comportamento do vereador, disse em depoimento a testemunha.