Drama Rasga Coração revela conflitos políticos e de uma geração

Com Chay Suede e Marco Ricca no elenco, filme estreia nesta quinta-feira (6)

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  • Da Redação

Publicado em 6 de dezembro de 2018 às 09:30

- Atualizado há um ano

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Há 10, 12 anos, Jorge Furtado vinha acalentando o sonho de filmar a peça de Oduvaldo Vianna Filho, Rasga Coração. “O texto me impressionou muito, aquela coisa do conflito de gerações, a relação entre pai e filho, mas, ao mesmo tempo em que era apaixonado, eu também me dava conta de que o texto estava defasado e não poderia ser feito no contexto de um governo de esquerda, do PT”. Mas, em 2013, com todos aqueles protestos de rua, o texto voltou com força no imaginário dele.

“Comecei a pensar de novo que seria viável, mas eu não queria reproduzir o contexto em que a peça surgiu. Queria fazer o filme atual. Mal sabia eu que seria atropelado pela realidade. Fiz um filme num contexto, passei na Mostra e o debati com o público. Aí veio a eleição e o filme estreia agora num outro Brasil de direita. Sinceramente, acho que ficou melhor”.

O repórter concorda, mas pode um filme mudar em tão pouco tempo, coisa de um mês? “Na verdade, não é o filme que muda, mas o olhar sobre ele. Sempre me interessou muito falar sobre o conflito geracional entre Manguari e o filho na peça do Vianninha (como o dramaturgo era chamado). Só que o conflito entre pai e filho virou esse conflito político que rachou o Brasil na eleição. Sem fazer esforço nenhum, acho que o filme ganhou outro significado”. 

É interessante como Rasga Coração e Beijo no Asfalto, outra ficção brasileira que estreia nesta quinta, têm origem no teatro e também que Rasga Coração e Tinta Bruta sejam produções gaúchas. E todos esses filmes querem revelar o Brasil atual, com todas as suas contradições, os seus preconceitos. Rasga Coração foi escrita por Vianninha entre 1972 e 74, expressando em parte o conflito entre o dramaturgo e seu pai. “O filme é sobre essa geração que chegou à vida adulta em 2013. Seus pais, a geração anterior, tinham a sensação de ter vencido todas as guerras. Pela democracia, pela anistia, pela Constituinte, mas para os filhos eles não fizeram o bastante, tal é o conflito”.

Manguari tem um discurso revolucionário, mas é funcionário público. O filho tem um comportamento libertário, mas não assume suas responsabilidades. Agridem-se o tempo todo. “Drica Moraes, a mãe, fica no meio dos dois. É uma atriz genial, das melhores do Brasil. Com o Marco (Ricca, o Manguari) já tinha trabalhado. Sei o quanto é bom. A surpresa foi o Chay (Suede, o filho). Com os três, o filme cresceu muito”.

Horários Rasga Coração

UCI Orient Shopping da Bahia Sala 2: 11h20 (sábados, domingos e feriados), 13h50, 16h20, 18h50, 21h20 UCI Orient Shopping Barra Sala 6 (delux): 13h, 17h30, 19h50, 22h20 Cinemark Sala 3: 13h30 (quarta), 13h50 (exceto quarta), 16h20, 19h05 (exceto sexta e segunda), 21h40 Espaço Itaú Glauber Rocha Sala 3: 14h, 18h20, 20h40

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