‘É difícil sarar essa ferida’, diz filha de Moa do Katendê em enterro da tia

Edivaldina Vanderlei da Costa morreu e foi enterrada na mesma data que o irmão, um ano depois

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  • Eduardo Dias

Publicado em 8 de outubro de 2019 às 16:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: (Foto: Divulgação)

Exatamente 365 dias depois da morte do capoeirista Romualdo Rosário da Costa, o Moa do Kantendê, assassinado a facadas durante uma discussão política em Salvador no ano passado, sua irmã, Edivaldina Vanderlei da Costa, 72 anos, não resistiu a uma parada cardíaca e morreu dentro de um ônibus na Avenida Paralela.

Edivaldina, que morava no bairro do Areenoso, morreu a caminho da missa de um ano de falecimento do mestre de capoeira, na igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Pelourinho. Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada pelos passageiros para prestar os primeiros socorros, mas ela não resistiu e morreu no local.

O corpo de Edivaldina foi sepultado na manhã desta terça-feira (8), no Cemitério Ordem Terceira do São Francisco, na Baixa de Quintas. O local escolhido pela família foi o mesmo onde o Mestre Moa foi enterrado há um ano.

Ao sair do enterro de Edivaldina, Somonair dos Santos da Costa, filha do Mestre Moa, conversou com o CORREIO e contou que a perda da tia foi um baque para a família, pela circunstância de ter sido na mesma data em que perdeu o pai, e por se tratar de um caso de muito abalo emocional."Não deu tempo nem dela chegar na missa. Para a gente da família está sendo muito triste. Já perdi a minha mãe, o meu pai, no mesmo ano e, agora, quando completa um ano da morte de meu pai eu perco a minha tia. Ela deve ter ficado abalada emocionalmente. É muito doloroso, muito difícil de aceitar perder um ente querido assim”, afirmou. (Foto: Marina Silva/Arquivo/CORREIO) Somonair revelou que durante esse ano após a morte de Mestre Moa, Edivaldina era muito presente nas celebrações em homenagem ao capoeirista e afirmou que a tia tinha uma saúde boa e acredita que o motivo da morte tenha sido emocional.

“Ela era uma irmã muito presente diante de meu pai. Ela tinha a saúde no lugar. Era uma pessoa legal e feliz. Estava presente em todos os momentos, era uma felicidade só. É difícil sarar essa ferida, acredito que ela morreu por causa da lembrança que tinha dele, estava com o emocional bastante abalado”, afirmou.

Mestre Moa completaria 65 anos no próximo dia 29. O fato de perder a tia no dia exato da morte do pai deixou Somonair e demais familiares espantados, ao ponto dela acreditar em um caso emblemático.

“É um caso emblemático e a gente fica surpreso. É muito difícil de aceitar, gera uma confusão na nossa cabeça. Tem também um pouco dessa lembrança. Ela estava muito abalada. Acredito que tenha sido isso. É um ano. Por se tratar da mesma data, acho que ela acabou não suportando", completou.

Advogado da família do Mestre Moa, o criminalista Alonso Guimarães acredita que a causa da morte da irmã do capoeirista está relacionada ao andar do processo referente à morte do irmão, no ano passado.

“Ela estava desesperada com a situação. Estava chorando, triste e emotiva, Acredito que esse sofrimento todo é gerado pelo problema da causa da morte do Mestre Moa, que foi uma morte covarde. Tudo isso contribuiu para a morte dela, e ela não aguentou tanta dor”, contou.

*Com supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro