‘É hora de pensar em salvar vidas’, diz prefeito sobre combate à pandemia

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Publicado em 14 de maio de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Apesar de ser o quinto maior município da Bahia em população, Juazeiro, na região norte, não figura entre os municípios com mais casos confirmados de coronavírus no estado. Até a última terça-feira (12), a cidade contabilizava,  de acordo com a Secretaria da Saúde  da Bahia (Sesab), 12 casos oficiais e dois óbitos. A prefeitura local, no entanto, diz que já são 36 casos confirmados, sendo 19 por teste rápidos e outros 17 por laboratório. Ainda aguardam resultado 121 casos que foram notificados.

O prefeito da cidade, Paulo Bomfim, diz que não está tranquilo com esses números e que, nos últimos dias as notificações cresceram novamente. O isolamento em Juazeiro tem caído e isso pode fazer com que a Prefeitura tenha que tomar medidas ainda mais restritivas.

Paulo Bomfim afirma que Juazeiro foi a primeira cidade no estado a suspender as aulas e que também logo tomou medidas no setor bancário, que foi uma das áreas que mais preocupava por conta das aglomerações. O número crescente na cidade, apontado pelo prefeito, pode ser alarmante porque, mesmo com números com apenas duas casas decimais, o município já chegou a alcançar 60% na média de ocupação da UTI. A cidade atualmente tem dez leitos exclusivos para o coronavírus no Hospital Regional de Juazeiro. A Prefeitura está em um processo para contratar outros 10 na rede privada.

A Prefeitura de Juazeiro montou um comitê para avaliação do avanço da pandemia, além de ser responsável também por um plano para retomada da atividade econômica. A cidade, de acordo com Paulo Bomfim, já sente o impacto do coronavírus na arrecadação, que apresentou forte queda.

Paulo Bomfim é o quinto prefeito que fala na série de entrevistas com gestores dos maiores municípios do interior baiano realizada pelo site Alô Alô Bahia em parceria com o CORREIO. O objetivo é informar a sociedade sobre as ações tomadas para enfrentar o avanço da covid-19.

Juazeiro tem até essa terça 36 casos de Covid-19, sendo que 17 curados, e duas mortes. Os números estão abaixo em relação às demais maiores cidades do estado. O senhor acredita que a pandemia está controlada em Juazeiro ou ainda preocupa? Quais ações têm sido tomadas para frear o avanço do coronavírus?

É claro que preocupa. Juazeiro tem mantido certo controle da pandemia porque tomou medidas cedo. Fomos a primeira cidade da Bahia a, por exemplo, suspender as aulas, implementamos medidas no setor bancário, o que mais nos preocupava pelas aglomerações, e temos visto uma melhor organização. A maioria da nossa população tem colaborado, usado máscaras e seguido as orientações de higienização.  Todavia, percebemos que o isolamento social tem caído e algumas pessoas estão indo às ruas e se aglomerando. Nos últimos dias, os números cresceram novamente e isto indica a necessidade de mantermos as medidas e, se necessário for, torná-las ainda mais restritivas.

O município tem 73 casos notificados de H1N1 e 18 confirmados. Em Juazeiro, o senhor considera que a H1N1 preocupa mais do que a Covid-19?

Nós temos 18 confirmados. São 73 notificados, 27 descartados e 28 em investigação. O H1N1 nos preocupa de igual forma, mas estes números graças a Deus não têm crescido na mesma intensidade (do que a Covid-19). Isto se deve às campanhas de imunização. Esta semana já iniciamos a terceira fase.

A prefeitura decidiu prorrogar o fechamento do comércio e de outros serviços não essenciais até o dia 30 de maio. A gestão tem algum planejamento ou meta para retomar progressivamente as atividades comerciais? Há algum prazo para isso?

Temos um Comitê que avalia permanentemente o avanço da pandemia. Ele também está se debruçando sobre um plano de retomada da atividade econômica, mas tudo tem sido pensado de forma técnica, cuidadosa, sem pressa. É hora de pensar em salvar vidas, mas estamos dialogando inclusive com setores do comércio na elaboração deste planejamento. O momento certo quem vai dizer são os indicadores da pandemia e a capacidade de nossa rede de Saúde. Friso, porém, nada é mais importante do que preservar a vida humana.

Como está o diálogo com o setor empresarial da cidade? Existe pressão para a reabertura do comércio?

Todos os gestores têm sofrido cobranças dos diversos segmentos da atividade econômica, mas em Juazeiro não nos furtamos ao diálogo. Ele tem sido permanente e temos contado com a sensibilidade destas entidades. A cidade está preparada para um eventual aumento no número de casos? Quantos leitos de UTI tem hoje em

Juazeiro? Há previsão para ampliação dessa quantidade?

Temos atualmente dez leitos exclusivos para o coronavírus no Hospital Regional e outros dez estão sendo contratados na rede privada. Além deles, outros 29 leitos intermediários estão disponíveis no Hospital Regional de Juazeiro. A média de ocupação da UTI tem variado, mas já chegou a 60%. Nos leitos intermediários, tem girado em torno de 40% de ocupação.

Uma preocupação das autoridades baianas é com o cumprimento do isolamento social pela população. Como está o isolamento em Juazeiro? A população tem cumprido?

Alguns fatores contribuíram para uma queda recente no isolamento. Além da falta de uma orientação nacional única, o pagamento dos auxílios emergenciais acabou promovendo grandes aglomerações nos bancos. Contudo, colocamos toldos, banheiros químicos, interditamos a área, disponibilizamos balcões de atendimento e hoje a aglomerações diminuíram de forma significativa. A maior parte da população tem colaborado, mas infelizmente sempre existem aqueles que resistem ao cumprimento das medidas.

Juazeiro faz divisa com Petrolina, que fica em Pernambuco, estado que tem sofrido com o grande número de casos. Já são mais de 14 mil casos e mais de 1.100 mortes naquele estado, números que são muito maiores do que a Bahia. Há uma preocupação do senhor em relação a isso? Quais medidas foram tomadas para que o avanço da doença em Pernambuco não chegasse a Juazeiro?

Nosso diálogo com o prefeito da cidade vizinha, Miguel Coelho, tem sido constante e procuramos fazer com que nossas medidas sejam as mais uniformes possíveis. Existe um sentido de colaboração muito forte entre as duas administrações.  Ambas as cidades funcionam como uma só e, realmente, precisamos nos manter vigilantes para o que acontece do outro lado do rio.

Prefeitos de todo o estado mostram preocupação com a queda de arrecadação. Juazeiro já começou a sofrer com isso? No longo prazo, há risco de o funcionamento dos serviços públicos e o pagamento dos servidores ser comprometido?

Por iniciativa do Congresso, alguns recursos prometem chegar nos próximos dias para atenuar os efeitos da pandemia sobre a arrecadação. Eles já são sentidos e nossas principais fontes já apresentam forte queda. De toda sorte, temos garantido o pagamento em dia dos servidores e isto será sempre uma prioridade para nossa gestão.