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Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2019 às 14:22
- Atualizado há 2 anos
O procurador Deltan Dallagnol, chefe da Lava Jato de Curitiba, comentou em seu perfil no Twitter a punição que recebeu do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), na manhã desta terça-feira, 26.>
Por 8 a 3, o colegiado decidiu aplicar punição de advertência a Deltan por causa de uma entrevista à rádio CBN na qual o procurador criticou o STF. Ele afirmou que três ministros da Corte formam "uma panelinha" e passam para a sociedade uma mensagem de "leniência com a corrupção".>
Em 15 de agosto de 2018, Deltan criticou uma decisão da Segunda Turma do STF que determinou o envio para a Justiça Federal e Eleitoral do DF trechos de delação premiada sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro Guido Mantega que se encontravam sob a competência da Justiça Federal de Curitiba.>
"Agora o que é triste ver, Milton (Milton Yung, jornalista da CBN), é o fato de que o Supremo, mesmo já conhecendo o sistema e lembrar que a decisão foi 3 a 1, os três mesmos de sempre do Supremo Tribunal Federal que tiram tudo de Curitiba e que mandam tudo para a Justiça Eleitoral e que dão sempre os habeas corpus, que estão sempre formando uma panelinha assim que manda uma mensagem muito forte de leniência a favor da corrupção", disse Deltan na ocasião, em referência aos ministros Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e ao hoje presidente do STF, ministro Dias Toffoli.>
Após receber a punição, Deltan sinalizou que sua manifestação é decorrente de um "sistema de Justiça que não funciona, em regra, contra poderosos". "É na omissão e no silêncio que a injustiça se fortalece", afirmou o procurador.>
O coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal na Lava Jato do Paraná disse ainda que a advertência que recebeu não refletia o "apreço" que ele tem pelas instituições e que continuará trabalhando para "reduzir a corrupção e a impunidade">
Esta é a primeira vez que o Conselho Nacional do MP pune Deltan - na prática, a advertência é uma punição branda, que fica registrada na ficha funcional do procurador, servindo como uma espécie de "mancha" no currículo.>
O conselheiro Luiz Fernando Bandeira, relator do caso, decidiu mitigar a punição do procurador - que poderia ter sido de censura - para uma advertência, por causa dos "bons antecedentes" de Deltan.>
O relator entendeu que a fala do chefe da Lava Jato configura "ataque deliberado e gratuito a integrantes do Poder Judiciário, constituindo violação a direito relativo à integridade moral".>
Na noite desta segunda, 25, Deltan já havia se manifestado no Twitter sobre a sessão do CNMP e o caso das críticas aos ministros do Supremo. O procurador disse que fez uma "ressalva expressa" na rádio e sinalizou que "não via razões" para ser censurado.>
"Em minha defesa, afirmei que minha declaração foi uma crítica de autoridade pública sobre atos de outra autoridade pública, em matéria de interesse público, sem grosseria. O cerne da liberdade de expressão é que ela existe para proteger o direito à crítica e não aos elogios", destacou o chefe da Lava Jato em Curitiba.>