Eduardo Bolsonaro chama Jéssica Senra de 'reporterzinha' após criticas à PM

Bolsonaro disse que as declarações são "alucinações de reporterzinha lacradora da Globo"

Publicado em 8 de fevereiro de 2020 às 15:29

- Atualizado há um ano

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O deputado Eduardo Bolsonaro atacou Jéssica Senra, da TV Bahia, após a apresentadora criticar os casos de agressões contra negros que foram divulgados nesta semana em Salvador. Em sua conta no Twitter, Bolsonaro disse que as declarações são "alucinações de reporterzinha lacradora da Globo".

Conhecida por suas declarações contundentes, Jéssica criticava as constantes ocorrências de agressões contra negros. O comentário feito após a divulgação das agressões contra um adolescente de 16 anos por um PM, crime que foi criticado tanto pela cúpula da Polícia Militar quanto pelo governador da Bahia, questionava a atuação dos policiais e comparava com o surgimento dos capitães do mato durante o período da escravidão.

"É preciso que a gente encare esses casos da forma que eles são: não são casos isolados, são casos frequentes e são históricos. É um problema que hoje está no colo do Coronel Anselmo Brandão e do governador Rui Costa, mas também está no colo de todos nós, como sociedade. Historicamente a polícia nasce dos capitães do mato, que eram aqueles homens pobres, mas que eram livres, e caçavam escravos fugidos, ou seja eram homens que defendiam os donos de terra, os latifundiários", comentou.

"Quando a primeira polícia se forma há quase 200 anos ela vem daí, ela oprime pobres e negros para defender os brancos e ricos. Isso te soa familiar? Não é o que continua acontecendo? Então, ou a gente encara isso de frente ou a gente não vai resolver esse problema", finalizou a apresentadora.

Vídeos com a declaração da jornalista, que foi convidada pelo Jornal Nacional para apresentar o telejornal neste sábado (8), foram compartilhados nas redes sociais, recebendo elogios e críticas. O deputado Eduardo Bolsonaro foi um dos que atacaram a jornalista.

"Ser polícia no Brasil é fora de série! Além de em regra não ter bom salário e arriscar a vida diariamente, ainda tem que ouvir essas alucinações de reporterzinha lacradora da Globo, sendo que ela só conseguiu chegar no trabalho pq essa mesma polícia existe e não está de greve. Jéssica Senra da Globo-Bahia diz que polícia nasceu dos capitães do mato para oprimir negros e proteger brancos, fato que segundo ela se repete até hoje".

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"Primeiro, a polícia no Brasil nasceu em 1809 quando D. João VI criou a Divisão Militar da Guarda Real de Polícia (PMERJ). Segundo, a polícia é composta por pessoas das mais diversas etnias e classes sociais. Comumente um traficante de qualquer cor que seja é melhor remunerado do que um policial, aliás, se puder ele vai assassinar um policial independente da cor dele".

"Logo, a frase dita pela senhora global além de alucinada só serve para acirrar o racismo, levando negros a pensarem que brancos lhes tiram proveito assim como ocorria nos tempos dos escravos. A quem serve essa luta de raças?"

Juliana Paes tieta Jéssica Senra no Baile da Vogue

Não é a primeira vez que um comentário de Jéssica Senra provoca grande repercussão. Durante o Bahia Meio Dia do dia 6 de janeiro, a jornalista levantou um debate sobre moral e convocou os ouvintes à reflexão. Sua fala foi compartilhada no Instagram e acabou viralizando nas redes sociais.

"Desejamos e precisamos que pessoas que cometem crimes tenham a possibilidade de refazer suas vidas, mas diante de um crime tão bárbaro, tão cruel, poderíamos tolerar que o feminicida Bruno voltasse à posição de ídolo? Que mensagem mandaríamos à sociedade? Atletas são referências. Contratar para um time de futebol um assassino, um homem que mandou matar a mãe do seu filho, esquartejar, dar o corpo para os cachorros comerem é um desrespeito. É um desrespeito a nós mulheres", disse a apresentadora. Ela também compartilhou um texto junto com a postagem. Leia na íntegra.

Por que sou contra a contratação de um feminicida no esporte Eu acredito na recuperação do ser humano. Acredito que a maioria das pessoas merece outras chances depois que comete erros, porque errar é da essência humana. O perdão é um dos sentimentos mais belos que podemos cultivar. Mas perdoar alguém não significa esquecer o que esse alguém fez nem permitir que esse alguém continue em nossa vida. Perdoar e dar uma nova chance não apaga o que foi feito, não se pode fingir que nada aconteceu. Embora juridicamente o cumprimento de uma pena libera o condenado para seguir sua vida normalmente, é socialmente que precisamos pensar no que toleramos ou não. Nem tudo é apenas questão de lei. Há comportamentos legais que são imorais. Um condenado pode e deve ser ressocializado. Deve merecer uma segunda chance. Mas penso que, depois de um crime tão perverso, voltar a ser ídolo, a estar numa posição que lhe confere status de ídolo, é bastante questionável. Penso que o feminicida deve voltar ao trabalho, mas não no futebol, não como ídolo. Defendo sua ressocialização, mas longe de qualquer torcida. E isso não é a lei que vai decidir. É a sociedade. E se ele tivesse estuprado um bebê? O que os “fãs” diriam? Lembro que há pouco mais de dois anos, jogadores foram flagrados num vídeo masturbando uns aos outros no vestiário de um clube gaúcho. Os quatro jogadores foram dispensados. Seus nomes, inclusive, foram poupados para evitar que eles fossem banidos do futebol. E é bom que fique bem claro: eles não cometeram crime algum, não fizeram nada contra a vontade de ninguém! Mas, absurdamente, a homossexualidade ainda é intolerável no futebol. Ser feminicida é aceitável? O que você pensa disso? #NãoAoFeminicídio