'Ela não acreditava nas ameaças', diz irmã de baiana de acarajé morta em Itinga; ex é suspeito

Jussara de Oliveira e os filhos Felipe de Oliveira e Ângela de Oliveira, foram mortos dentro de casa

Publicado em 18 de junho de 2017 às 17:22

- Atualizado há um ano

Familiares e amigos prestaram as últimas homenagens à baiana de acarajé Jussara de Oliveira, 36 anos, e os filhos Felipe de Oliveira, 20, e Ângela de Oliveira, 14, neste domingo (18). No enterro, que aconteceu no cemitério de Areia Branca, em Lauro de Freitas, eles gritavam por justiça e tentavam entender exatamente o que motivou a morte brutal dos três dentro de casa, em Itinga.

O principal suspeito do crime é o ex-marido, conhecido como Alexandre. Segundo a irmã de Jussara, a dona de casa Jucileide de Jesus Oliveira, 32, o suspeito tinha um comportamento calmo, que chegava a ser frio. Alexandre usava drogas e isso era motivo de brigas entre o casal. "Ele usava drogas demais, na casa ainda estão várias cápsulas coloridas, drogas, bebidas", contou a irmã. Enterro aconteceu na tarde deste domingo em Areia Branca(Foto: Thais Borges/CORREIO)Na casa onde aconteceu o crime, cápsulas de drogas estão espalhadas, junto com garrafas de bebidas. Apesar do comportamento tranquilo, Alexandre fazia ameaças à Jussara, inclusive aos filhos. "Ele ameaçava. Dizia que se fosse fazer algo com ela, ia fazer com os filhos primeiro", contou a irmã. Apesar disso, Jussara nunca prestou uma queixa contra o companheiro.

"Ela não acreditava nas ameaças, porque ele era muito calmo. A gente não achava que era real porque ele não fazia nada", completou a irmã. De acordo com o marceneiro Danilo da Silva, 39, cunhado de Jussara, o relacionamento do suspeitos com os dois filhos era tranquilo. "Não tinha maldade. Ele me chamava sempre de cunhado. Era ótimo com Felipe e Ângela, sempre dava dinheiro a Ângela para gastar com as coisas dela", relatou.

LigaçãoPai de Jussara, o pai de santo Marciano Jesus de Oliveira, 62, recebeu uma ligação da filha na madrugada do crime, mas não chegou a atender. Ele acredita que talvez tenha sido um pedido de socorro. Marciano também não acreditava que Alexandre pudesse ser cruel. "Ele fez isso, bateu cadeado, trancou todo mundo e caiu fora. Quero ver ele olho no olho, eu nunca esperava isso", disse durante o sepultamento. Foto: ReproduçãoMarciano agora espera que a justiça seja feita e o suspeito seja preso rapidamente. "Queremos justiça porque foi uma covardia o que ele fez, ela era amada por todos. Todos sabem que era uma pessoa do axé, muito dedicada", disse. Os outros dois filhos de Jussara estiveram presentes no enterro, mas não quiseram falar com a imprensa.  

Presente no sepultamento, prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho, informou que entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) para pedir celeridade no caso. "Estamos acompanhando todo o processo, entramos em contato com a Secretaria de Segurança Pública e com a delegada do caso, para que seja feito o pedido de prisão preventiva dele. Foi um feminicídio que se ampliou com a morte dos dois filhos. Ele não é um homem, é um monstro. Destruiu uma família", afirmou.

MortesAs mortes aconteceram por volta das 20h40, na Rua Jardim Talismã. Policiais foram chamados e ao chegar no local encontraram os corpos. O caso vai ser investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). 

A família só teve conhecimento da morte de Jussara e dos filhos na última sexta-feira (16), após estranhar o fato dela não estar atendendo às ligações no celular nem respondendo às mensagens pelo aplicativo WhatsApp. Ao chegar no endereço da filha, o casal encontrou o imóvel fechado, mas vizinhos contaram que teriam visto o companheiro dela saindo e trancando a casa. 

Foi então que eles decidiram arrombar a porta do imóvel e viram a cena trágica. O corpo de Ângela estava no corredor da casa, o de Felipe na cadeira de rodas e o de Jussara no quarto, na cama.