Élber relembra início na base do Bahia e projeta Libertadores

Atacante concedeu entrevista exclusiva ao CORREIO

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  • Gabriel Rodrigues

Publicado em 7 de outubro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

A velocidade sempre esteve presente na vida de Élber. Quando o camisa 7 recebe a bola, a torcida do Bahia logo espera uma jogada rápida, que deixe o adversário para trás e termine com uma chance de gol. E foi com a mesma velocidade que usa como arma no campo que o atacante viu a sua infância passar voando na busca pelo sonho de se tornar um jogador profissional de futebol.

Com apenas 11 anos, o pequeno Élber deixou a cidade alagoana de Passo de Camaragibe, distante 75km da capital Maceió, rumo a Salvador para arriscar os primeiros dribles. Na memória, ficaram os jogos nos campos de barro da capital baiana.

“Para falar a verdade eu não tive muita infância. Eu fiquei em casa jogando rachão, que aqui na Bahia o pessoal chama de baba, dos sete até os dez anos, no máximo. Com 11 anos eu saí de casa. Mas eu jogava muito em campo de barro, não tinha muito campo gramado”, lembra Élber. Nascido em Alagoas, Élber foi descoberto por Newton Motta antes de ir para o Cruzeiro (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Nessa época, o gosto pelo futebol concorria com outra curiosidade, mas que Élber não levava muito talento: a pesca. “Era mais por curiosidade, porque peixe mesmo a gente não conseguia pegar não (risos). Isso era mais com os amigos, com uns 10 anos, a gente ia para o  rio, mas peixe que era bom a gente não pegava não. Pra fazer a moqueca em casa era mais com os peixes que o pessoal dava mesmo”, conta.      Na sala de troféus do Bahia, onde concedeu entrevista ao CORREIO, o atacante ficou admirado com a quantidade de taças conquistadas pelo clube. Pouca gente sabe, mas a relação entre Élber e o Esquadrão começou muito antes do jogador desembarcar no tricolor no início da temporada passada.   Após ser descoberto por Newton Motta e integrar o antigo Real Salvador, Élber foi levado para a base tricolor em 2006.  “Eu fiquei um ano aqui no Bahia, ganhei um título, que eu acho que se chamava Copa Dente de Leite. Foi um torneio aqui dentro do Fazendão. Na época era pré-mirim ainda. Mas eu já comecei ganhando títulos”, lembra ele, aos risos.“Depois disso o Newton Motta saiu do clube e foi para o Itaúna, em Belo Horizonte, que era uma filial do Cruzeiro, e me levou. Lá a gente foi campeão estadual na base e eu acabei indo para o Cruzeiro. Aí foram dez anos de casa”, continua.O que não mudou em Élber foi a forma de jogar. Segundo Motta, desde pequeno ele já chamava a atenção pela velocidade e jogadas do lado do campo. O próprio atacante confirma a tese. 

“Eu sempre joguei na frente, essas três posições na frente, por dentro, beirada, de centroavante de mobilidade também, uma posição que eu estou bem, que eu me dou bem na frente. Acho que a posição mais diferente que eu joguei foi 10 clássico na base, eu jogava muito na frente”. 

Prestes a completar 100 jogos com a camisa do Bahia - atualmente tem 94 -, Élber lembra que não pensou duas vezes quando recebeu o convite para voltar ao clube. 

“Apesar do pouco tempo que eu fiquei aqui na base, apenas um ano, eu consegui conquistar um título e vim com a certeza de que conseguiria conquistar mais títulos pelo clube. Já coloquei dois troféus aqui nessa sala e espero venham mais”, disse ele, lembrando do bicampeonato Baiano (2018 e 2019). Élber visita a sala de troféus do Bahia, no Fazendão (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Volta por cima Apesar das conquistas, Élber não teve vida fácil em seu início no profissional do Esquadrão. Assim como nos gramados, ele precisou driblar a desconfiança e as críticas antes de cair nas graças da torcida tricolor. O reconhecimento só veio no segundo semestre do ano passado, quando terminou o Brasileirão em alta. 

“Quando você não está em um bom momento, não quer dizer que você desaprendeu a jogar bola, e quando você está em um bom momento você não é um Messi, o melhor do mundo. Eu tive tranquilidade, continuei treinando, sabendo que poderia ajudar a equipe. Nessa virada eu pude ajudar com assistências, gols e boas partidas. Nós terminamos o ano bem, em uma boa colocação (11º) no campeonato”, relembra.   Este ano, Élber viveu altos e baixos. As lesões atrapalharam a sequência, só que mais uma vez o atacante conseguiu dar a volta por cima e recuperou o espaço entre os titulares.

O reconhecimento vem do torcedor. Nas redes sociais, o camisa 7 ganha apelidos. “Pelélber, “Élbinho” e “Élbermeyang” estão entre os mais comuns. “Na rua o pessoal para e eu sempre tento dar a atenção necessária, converso, agradeço pelo carinho, pela confiança que eles têm em mim. Nas redes sociais procuro responder as mensagens, acho que isso é importante e é uma retribuição de todo o carinho que eles têm”.  Baby Shark Enquanto dentro de campo Élber costuma encarar os defensores, em casa é o pequeno Theo, de apenas três anos, que faz marcação cerrada. O garoto canta o hino e músicas do Bahia, deixando o papai com o coração mole. Foi por causa dele que a comemoração ‘Baby Shark’ – em referência a uma música infantil -, virou marca registrada do atacante. 

“Todas as vezes que ele vê a roupa do Bahia ele já pergunta: 'Papai você vai para o Bahia? Me leva para o Bahia pra entrar em campo'. Isso do Baby Shark começou no jogo de ida contra o São Paulo, pela Copa do Brasil. A minha esposa me ligou e me disse: 'Olha, o Theo disse que você vai fazer o gol e vai ter que comemorar com o Baby Shark'. Eu pensei: o que é Baby Shark? Ela me explicou, aí eu disse: ah, já vi vários desenhos desse com ele. Então, tá. Se eu fizer o gol vou fazer o Baby Shark. Graças a Deus, no outro dia eu fiz o gol contra o São Paulo e pude comemorar desse jeito”, conta o jogador. Élber fez a comemoração do 'Baby Shark' pela primeira vez contra o São Paulo, na Copa do Brasil (Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia) Os gols de Élber vêm ajudando o Bahia no Brasileirão. Agora, a meta do atacante é seguir fazendo história e, no final do ano, recolocar o tricolor na Copa Libertadores depois de 30 anos.

“Nosso elenco é muito focado. O professor Roger sempre procura demonstrar confiança nas nossas qualidades, sempre coloca as primeiras colocações como objetivo. Nós vamos jogo a jogo, sabemos que não conquistamos nada, queremos colocar o Bahia na Libertadores. Não queremos parar por aí, vamos buscar mais e tentar colocar o clube no G4”, projeta Élber, confiante.