'Ele apontou a arma para minha cabeça', diz vítima de ataque a carro-forte

Cliente do supermercado G Barbosa e esposa estão vítimas de ataque

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  • Tailane Muniz

Publicado em 12 de fevereiro de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fotos: Arisson Marinho/CORREIO

Morador da Estrada das Barreiras, região do bairro do Cabula, em Salvador, o servidor público Antônio dos Santos, 57 anos, costuma pagar as contas do mês no supermercado G Barbosa, a poucos metros de casa.

Na tarde desta segunda-feira (11), ele foi até o local e acabou surpreendido por um tiroteio de mais de cinco minutos. Sem entender de onde os tiros partiam, apenas se jogou no chão, junto com a mulher, a dona de casa Silvanira da Paixão Reis, 44, com quem aguardava na fila da lotérica. 

Segundos depois, teve uma arma apontada para a própria cabeça e, então, compreendeu que se tratava de uma tentativa de roubo a malotes que abasteceriam o estabelecimento.

Embora tenha tentado se proteger, Antônio acabou ferido por um tiro de raspão, ou estilhaço de bala, não sabe ao certo. Isso porque, apesar da marca roxa na barriga, preferiu não receber atendimento no Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), para onde socorreu a esposa - que acabou passando mal na hora do ataque.

Além da dona de casa, também foram socorridos até a unidade de saúde Marcos Antônio dos Santos, 37, baleado duas vezes em uma das pernas; Bárbara Rejane Pinheiro Amaral, 40, que ficou ferida na coxa direita; Maria Delfina de Jesus Cerqueira, 42, machucada por estilhaços no pé; além do vigilante Sidnei Quintino Santos, 40, que, após reagir à ação, foi baleado na perna esquerda. 

'Só vi uma arma apontada pra mim' De acordo com o servidor, não foi possível ver, ao certo, a quantidade de bandidos. "Tudo muito corrido, e a gente tenta nem olhar muito para eles. Eu só sei que não cobriram o rosto e estavam bem armados, com aquelas armas longas", completou a vítima. Segundo a vítima, o único pensamento foi de manter a calma."Uma agonia danada, só pensei: vou me jogar e tentar não me desesperar. Só sei que me joguei com ela, quando levantei a cabeça, só vi aquela arma apontada pra mim. Mesmo assim, continuei calmo, até tudo terminar", relatou à reportagem.Preocupado com a mulher, que sofre de hipertensão, o servidor foi dirigindo o próprio carro até o hospital, onde aguardava a alta médica de Silvanira na noite desta segunda-feira (11). 

Segundo a Polícia Civil, um dos bandidos também acabou baleado. Até o final da noite, no entanto, o criminoso não havia dado entrada em unidades de saúde da cidade. Supermercado fechou as portas depois da troca de tiros (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) 'Mais de 20 tiros' Em quase cinco minutos, de acordo com Antônio dos Santos, ao menos 20 tiros foram ouvidos. "Em tantos anos morando ali, eu nunca passei por isso. Nunca ouvi tantos tiros. Posso dizer que ouvi mais de 20, sem medo de errar. Uma coisa desesperadora, muita gente em pânico".

À tarde, poucas horas após o ocorrido, o G Barbosa havia fechado as portas. A imprensa não teve acesso ao local exato onde o crime ocorreu, que fica entre o estacionamento e entrada.

Os funcionários foram, aos poucos, deixando o local. Em silêncio, alguns se limitaram a dizer que não falariam com a imprensa. 

Filha de uma das vítimas, a auxiliar de transporte escolar Gabriela Amaral Barreto, 20, afirmou ao CORREIO que a mãe, Bárbara Rejane Pinheiro, estava consciente."Meu padrasto me ligou avisando dos clientes feridos no G Barbosa, e ela tinha ido lá. Larguei tudo no trabalho e vim pra cá. Ela ainda está bem assustada, mas está consciente, bem", disse.Conforme a assessoria de comunicação do Hospital Geral Roberto Santos, todos os pacientes seguiam internados até a noite desta segunda. Já o vigilante, Sidnei Quintino, aguardava documentação de transferência para uma unidade particular. 

Em nota, a Polícia Civil afirmou que agentes dos departamentos de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco) e de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP) seguem realizando buscas na região. Ninguém foi preso.