Eleições do Bahia: confira entrevista com Fernando Jorge

Fundamental na luta pela democracia, candidato quer chegar à presidência

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  • Bruno Queiroz

Publicado em 6 de dezembro de 2017 às 06:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Carlos Casaes / Divulgação

Com o fim da Série A, o CORREIO iniciou na terça (5) uma série de entrevistas com os cinco candidatos à presidência do Bahia, em eleição que ocorre no sábado (9). Os entrevistados desta quarta-feira (6) são Fernando Jorge e Nelsival Menezes. 

Em texto, os leitores conferem as respostas das perguntas básicas e comuns aos candidatos de forma editada. Em áudio sem cortes, no Bate-Pronto Podcast Especial (ao fim da entrevista escrita), os candidatos respondem também a perguntas específicas e aditivos às perguntas básicas. 

Fernando Jorge Após anos lutando pela democracia do clube, Fernando Jorge acredita que chegou a sua hora de presidir o Bahia. Depois de fazer oposição a Marcelo Sant’Ana nos últimos três anos, decidiu unir forças com outro opositor conhecido do clube, Antônio Tillemont, para ter mais força na eleição. Acredita que a gestão do Bahia vem em um bom caminho, mas rende críticas duras ao futebol do clube, que precisa ser reformulado, segundo ele.

CORREIO: Caso você seja eleito, a ideia é dar continuidade ou reformular o trabalho da gestão anterior?  Fernando Jorge: Depende. Se for na parte financeira, é continuar. Tivemos muitos acertos e poucos erros nos três anos de mandato do atual presidente. Na parte de futebol, eu pretendo reformular bastante, tanto o profissional como a base. Acho que a base é tão importante quanto o profissional por ser o único ativo de um clube de futebol. O maior patrimônio de um time de futebol é sua torcida. Depois disso, é o atleta da base, e isso eu acho que foi muito mal gerido e muito investimento foi perdido. No futebol profissional erramos muito, contratando 67 jogadores em três anos, 11 preparadores físicos, sete treinadores, quatro diretores de futebol. Disputamos três Baianos e ganhamos um. O nível do futebol baiano para um Bahia que eu penso era para ser tricampeão. Nas três Copas do Nordeste, ganhamos uma. Houve um milagre neste final de ano após a contratação de Paulo Cézar Carpegiani. Esse aliás foi outro erro da gestão, porque ele é apenas o primeiro treinador do nível que o Bahia precisa.

C: Qual a estrutura diretiva ideal que você imagina e pretende aplicar no Bahia? Quandos diretores? FJ: Esse organograma do Bahia atual está bem feito, é o primeiro da história totalmente profissional. Temos que elogiar as coisas que foram feitas de maneira correta pela gestão Marcelo Sant’Ana. Hoje, o Bahia tem um presidente eleito remunerado, um vice-presidente eleito remunerado e três diretores contratados e remunerados. Eu talvez faça uma mudança na diretoria de mercado. Acho que deveríamos ter uma diretoria de planejamento em negócios. Alguém que planeje o Bahia a médio e longo prazos e que busque negócios. Essa diretoria acumularia a parte do marketing, do patrimônio e do social. No administrativo e financeiro Marcelo Barros é excelente, trata-se de um executivo de topo. Na diretoria de futebol, que é a mais importante para mim, faria uma reestruturação total. Devemos trazer para a base uma pessoa ligada ao futebol, se puder um ex-jogador para passar experiência. Alguém que tenha feito cursos. Temos ainda o meu vice-presidente (Antônio Tillemont), que é um cara com 40 anos de crônica e de mercado e vai me ajudar.

C: Qual o projeto para a Cidade Tricolor e o Fazendão?

FJ: Vou manter os dois. Acho que como gestor e empresário, você tem que manter o patrimônio, e se conseguir crescer, melhor ainda. Hoje, o futebol moderno não indica o ajuntamento da base com o profissional. Se você observar os grandes clubes brasileiros e do mundo, você tem o CT do profissional, o CT da base e tem ainda o CT do garimpo, da peneira. O que penso é procurar parcerias no estado ou nos municípios vizinhos para que a gente faça da Cidade Tricolor um peneiramento inicial, juntamente com um serviço social grande. Tenho um sonho de conseguir essa parceria de serviço social com o estado na Cidade Tricolor e tentar como permuta ficar com Pituaçu. Lá, seria só para o futebol profissional. O mando de campo seguiria na Fonte Nova, não estou querendo Pituaçu para isso. 

C: Você vê o Bahia em qual patamar hoje e onde o clube pode chegar em três anos? FJ: O Bahia tem que ficar na parte de 10º para cima, brigar por Libertadores. E aí, jogo a jogo, tentar ser campeão brasileiro. Para isso, teria que aumentar também a faixa de folha salarial. Não tem como não mexer com capital nesse sentido. Somos apenas a 16ª folha do Brasileirão e temos que subir. Esse aumento da folha salarial é o grande passo que temos a dar. É preciso diminuir custos em outros setores, aumentar a receita do clube e aumentar a folha para contratar com qualidade e não mais com quantidade. Na minha gestão, o Bahia não vai mais pensar pequeno.

C: Por que quer ser presidente?  FJ: Quando eu quis antes (2005 e 2008), tinha certeza que não seria. Hoje, eu quero e vou ser. O Voltar a Sorrir (nome da chapa) é a alegria que o Bahia me proporcionou em todos esses anos. Fui atleta na época de adolescente, me tornei conselheiro com 21 anos, dirigente de futebol com 21 anos, assessor nas gestões de Schmidt (nos anos 1970) e depois com Pernet. Estava na rua na passeata do ‘Devolva meu Bahia’. Estava com Jorge Maia e Pedro Barachisio na Justiça em todos os movimentos que nos levaram à democratização do clube. Quero devolver, retribuir a alegria que o clube me deu. Estou pronto para isso e não tenho nenhuma filiação partidária nem ambição política. Além disso, não tenho chefe.

C: Como pretende melhorar a relação com a Arena Fonte Nova? FJ: Primeiro, seria importante ter acesso ao contrato vigente. O problema é: o que a gente precisa fazer para aumentar o público médio do Bahia? Nesse Brasileiro, o Bahia teve essa arrancada final para a Libertadores e mesmo assim teve pouco mais de 20 mil de público... Por que os anéis superiores ficam sempre vazios? Você tirou o perfil do Bahia da Arena. Acho que o Bahia devia ser sócio minoritário da arena, um participante da mesa da gestão. Porque as pessoas do ramo do clube poderiam, junto com os 95% do capital, gerir isso com maior habilidade.

QUEM É?O engenheiro Fernando Jorge é conhecido por fazer oposição histórica ao ex-presidente Paulo Maracajá. Lançou-se à presidência em 2005 e 2008, contra Petrônio Barradas e Marcelo Guimarães Filho. Foi um dos mentores da ação que resultou na intervenção judicial que destituiu MGF. Presidiu o Conselho Deliberativo em 2014, após a intervenção.

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