Em dois dias, municípios baianos acumulam chuva prevista para todo o mês de maio

Meteorologistas explicam que é como se houvesse um grande ventilador em cima do oceano

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  • Gabriel Amorim

Publicado em 13 de maio de 2019 às 20:38

- Atualizado há um ano

. Crédito: Evandro Veiga/CORREIO

O fim de semana debaixo d'água não foi exclusividade dos soteropolitanos. Além das chuvas fortes que atingiram a capital no último fim de semana, cidades da Região Metropolitana de Salvador (RMS) também foram vítimas dos dilúvios. É o caso de Lauro de Freitas e Simões Filho.

Os dois municípios chegaram a decretar estado de emergência por conta dos estragos provocados pelas chuvas. Em Simões Filho, por exemplo, 17 pessoas ficaram desabrigadas e o acúmulo de chuva das últimas 96 h chega a 280 mm. 

E a previsão é de dias melhores. De acordo com o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), na terça (14) e quarta-feira (15) continuam previstas chuvas para a faixa litorânea, porém com volumes bem menores que os observados nos últimos dias. Já a partir de quinta-feira (16), deve voltar a chover de maneira mais intensa no litoral - inicialmente no sul baiano e, depois, em áreas do Recôncavo baiano, incluindo Salvador e RMS.

Segundo meteorologistas, as chuvas do fim de semana foram causadas por uma frente fria que se deslocou em direção ao oceano. A mudança, que segue acontecendo, está associada a uma alteração na direção dos ventos através de um sistema de alta pressão atmosférica, como se houvesse um grande ventilador agindo.

“Sempre que uma frente fria se desloca pelo litoral da Bahia é como se fosse um ventilador empurrando umidade do oceano em direção ao litoral. Quando essa umidade chega na costa, acaba gerando as chuvas”, explicou Aldirio Almeida, meteorologista do Inema.  

Ainda segundo o especialista, o volume de chuva que atingiu as cidades da RMS foi maior do que o previsto para a época. “Dá para perceber que na Região Metropolitana, como um todo, choveu muito. Foi pelo menos, 80% do previsto para o mês inteiro”, comenta. O panorama é geral e não permite um detalhamento de cada cidade porque em muitas delas não há uma base de dados própria, que permita fazer esse tipo de cálculo.

Aldirio explica que as médias mensais que determinam a expectativa de chuva para cada período do ano são obtidas a partir de dados acumulados em, pelo menos, 30 anos de medição. Nos casos de Lauro de Freitas e Simões Filho, por exemplo, os postos de medição só foram instalados a partir de 2012. Dessa forma, as médias para essas regiões ainda não estão consolidadas.

Já em Camaçari, também na RMS, os dados já são contabilizados. Em maio, por exemplo, que é um mês tipicamente chuvoso, a média esperada para o município é de 244,4 mm. Alguns lugares já superaram o esperado, como a região de Portão, em Lauro de Freitas, que no último fim de semana acumulou 251,1 mm. O mesmo aconteceu em Góes Calmon, em Simões Filho, que acumulou 243,2 mm. Ambos atingiram a média do mês inteiro em apenas dois dias.

De acordo com a prefeitura de Simões Filho, o dia com maior número de ocorrências por conta da chuva foi o último sábado (11). A cidade teve deslizamentos de terra, quedas de muro, alagamentos e queda de árvores.

Os 17 desabrigados da cidade foram encaminhados temporariamente para uma escola municipal. Por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social e da Cidadania (Sedesc), eles serão cadastrados para receberem auxílio aluguel e cestas básicas.

A Defesa Civil do Estado (Sudec) e a Prefeitura de Lauro de Freitas forma procuradas pelo CORREIO para comentar o impacto do temporal, mas não responderam até a publicação desta reportagem.

Salvador Em Salvador, nas últimas 72 h, a região do Alto do Coqueirinho foi a mais impactada pela chuva, com registro de 171 mm de chuva acumulada. Na capital, a média esperada para o mês de maio é de 279,8 mm.

Segundo a Defesa Civil de Salvador (Codesal), até as 17h desta segunda-feira (11) foram recebidas 159 ocorrências. Ao todo, foram 33 imóveis alagados, duas áreas alagadas, 24 ameaças de desabamentos, quatro ameaças de desabamentos de muros, 22 ameaças de deslizamentos, três árvores ameaçando cair, três árvores caídas, seis avaliações de áreas, 22 avaliações de imóveis alagados, um desabamento  de imóvel, um desabamento de muro, dois desabamentos parciais, 15 deslizamentos de terra, seis infiltrações, 12 orientações técnicas, uma pista rompida e dois postes ameaçando cair.  

Não há registro de feridos. A Codesal permanece de plantão 24 horas, atendendo às solicitações pelo telefone gratuito 199.

* Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier