Em falta nas farmácias, preço do álcool em gel chega a custar R$ 320 em Salvador

Garrafão de cinco litros era vendido na semana passada, em outra loja, por R$ 150

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  • Gabriel Amorim

Publicado em 25 de março de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Betto Jr/CORREIO

Se a procura pelo álcool em gel é tão intensa a ponto de transformar o produto em alvo de crimes, quem vai pelas vias comuns e quer comprar o produto nas lojas especializadas têm encontrado dificuldade. Quando chega, o produto acaba rápido e ainda é vendido, na maioria das vezes, por preços exorbitantes.

Por telefone, o CORREIO pesquisou cerca de 20 estabelecimentos - entre farmácias e lojas de artigos de saúde - e só encontrou álcool em gel em dois locais. Na loja Muleta Express, situada no bairro de Amaralina, o produto estava disponível apenas em garrafões de 5 litros, com custo de R$ 320 por unidade. Apesar do preço exorbitante, - cada litro custa o equivalente a R$ 64 reais - a loja não encontrou dificuldades em vender. “Chegaram hoje pela manhã dez unidades e já vendemos  sete”, disse uma funcionária da loja. 

Outro lugar onde foi possível encontrar o produto, o box San Diego Embalagens, no Mercado do Rio Vermelho, vende o produto em embalagens de 500 ml e de 1 litro. O frasco menor sai por R$ 35 reais, já o maior está sendo vendido a R$ 60. O consumidor pode optar, ainda, por comprar uma caixa fechada, com 12 unidades do álcool. Nestes casos, o preço unitário cai para R$ 25 e R$ 50, respectivamente. Segundo o CORREIO apurou o mesmo local vendia, no último sábado, cada litro do produto por R$ 30. Lá, no último sábado (21), o galão de 5 litros saía por R$ 150.

Em farmácias, que seriam os estabelecimentos primordiais para venda do produto, encontrar o álcool foi ainda mais difícil. Apenas na região da Pituba, bairro com maior número de casos registrados do Covid-19, o CORREIO fez contato com 14 farmácias e não encontrou o produto em nenhuma delas. “Tem cliente que liga todo dia perguntando. Quando o estoque chega, acaba muito rápido. Às vezes chega em um turno e acaba no outro, no mesmo dia’, conta Michele Alves, atendente de farmácia que trabalha na Drogasil da Manoel Dias.  

Preços altos Essa mudança grande no preço em um curto espaço de tempo pode indicar, mas ainda não configura como preço abusivo praticado pelo comerciante. “Estamos montando esse histórico de valores de antes e depois da pandemia, realizando fiscalizações nos estabelecimentos para criar esses dados. Se percebemos, por exemplo, que o aumento na verdade foi no distribuidor, temos que redirecionar todo o trabalho’, explica o superintendente do Programa de Proteção e Defesa do Consumidor da Bahia (Procon) e presidente do Procon-Brasil, Filipe Vieira.

Entre os dias 11 e 20 de março o Procon-BA percorreu 35 estabelecimentos que vendiam o produto e solicitou a apresentação das notas de compra e venda do álcool em gel, para estabelecer se houve ou não a prática do abuso, “O comerciante tem a liberdade de praticar o preço mas essa liberdade não pode representar um abuso para o consumidor”, finaliza. 

Até para quem compra diretamente de fornecedores maiores, a situação está difícil. “Em 20 dias, os valores subiram muito, tem casos de 600% até 1000% de aumento para alguns fornecedores. Não estamos fazendo conta para comprar o produto, porque não dá para faltar. Mas pedimos consciência dos fornecedores, porque é um aumento que não dá para suportar. Estamos, inclusive, reunindo documentos para tomar as medidas cabíveis junto aos órgãos responsáveis”, declarou Mauro Adan, presidente da Associação de Hospitais e Serviços de Saúde do Estado da Bahia (Ahseb) .

*Com orientação da subeditora Clarissa Pacheco