Em menos de dois meses, Feira de Santana já teve mais casos de dengue do que em 2018 inteiro

Duas mortes foram confirmadas e outras duas estão em análise pela Sesab

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  • Mario Bitencourt

Publicado em 22 de fevereiro de 2019 às 04:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fiocruz/Divulgação

Os casos confirmados de dengue em Feira de Santana em 2019 já superam os registros feitos na cidade em 2018 inteiro, com aumento de 19%. Nesses 52 dias de 2019, duas mortes já foram registradas e outras duas estão em análise pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesab).

Segundo dados da Vigilância Epidemiológica do município, 600 casos de dengue haviam sido confirmados até essa quinta-feira (21), sendo que, no ano passado, foram 503.

A cidade que, segundo a Sesab, vive uma epidemia de dengue já notificou 1.617 casos suspeitos da doença em 2019, bem acima das 1.128 notificações de todo o ano de 2018. O aumento de notificações somente nestes 52 dias do ano é de 43%.

Foto: Fiocruz/Divulgação Os locais de maior preocupação são os bairros: Conjunto Viveiros da Feira, Gabriela, Tomba, Feira X, Brasília e Sítio Matias e nos distritos de Matinha, Maria Quitéria e Humildes.

A Sesab informou que ainda não tem dados atualizados sobre a dengue na Bahia, mas o último levantamento, realizado até a primeira semana de fevereiro, mostra que os casos de notificações de dengue no estado aumentaram 134%. Foram registrados 1.533 casos suspeitos de dengue em 82 municípios, 87 de chikungunya em 23 cidades e 26 de zika em 12 municípios. Em relação ao ano passado, houve redução de 68,7% dos casos notificados de chikungunya e redução de 82,8% de zika.

A coordenadora da Vigilância Epidemiológica Municipal, Francisca Lúcia de Oliveira, informou que há 237 agentes de endemias atuando no combate à dengue na cidade, e que há duas equipes de cinco a seis pessoas usando bombas costais com produto para matar as larvas nas residências.

Ela relatou ainda que a dificuldade maior é saber onde estão as casas com os focos, porque “87% dos casos de focos são dentro das residências”.“Estamos em ações emergenciais com outras secretarias, passando nos bairros e distritos mais preocupantes e visitando locais de lixo, como terrenos baldios”, declarou ela.Moradora do bairro Feira VII, a professora da rede pública estadual Noildes de Jesus, 55, informou que a dengue tem deixado a todos muito preocupados na cidade e que bairros como Subaé e Aviário têm sido evitados pela população. 

“Ouvimos dizer que têm muitos casos de dengue lá, então muita gente tem evitado”, contou a professora, que informou ter visto nessa quinta-feira o carro do fumacê, enviado pela Sesab à Feira de Santana, passando pelo bairro do Tomba.

Para ela, o problema da dengue na cidade é decorrente da falta de cuidado das pessoas com relação aos reservatórios, sobretudo porque moradores acumulam água devido a problemas decorrentes de desabastecimento. A cidade tem 380 mil imóveis cadastrados na Vigilância Epidemiológica. 

“Há pouco tempo, uma amiga me pediu pra ficar na casa dela acompanhando uma reforma e quando fomos ao telhado vimos um reservatório cheio de larvas do mosquito Aedes aegypti, fiquei no maior medo e saímos de lá”, contou.

Recentemente, a professora esteve envolvida na campanha para arrecadação de doações de sangue para uma colega dela que estava internada com suspeita de dengue hemorrágica.

“Ela está se recuperando já, mas a imunidade ainda está baixa”, disse. “A gente pode tomar nosso cuidado, mas se o vizinho não tomar, todo mundo corre risco de ficar doente e morrer”.

O gerente de uma farmácia da cidade disse que a venda de repelentes aumentou por causa da epidemia. “Subiram uns 20% as vendas, que ocorrem mais à noite”, afirmou Jorge Freitas. “Todo mundo está preocupado”.

Dicas básicas para manter o mosquito afastado: 1. Deixe tudo tampado (ventos tiram as tampas das caixas d'águas do lugar). 2. Lembre-se de colocar areia nos vasos. 3. Verifique o quintal e tenha atenção com o lixo. 4. Retire a água dos pneus velhos. 5. Deixe latas e garrafas bem guardadas. 6. Cuide das piscinas e caixas d’águas. 7. Utilize telas de proteção. 8. Coloque desinfetante nos ralos. 9. Atenção com potes de água dos animais e aquários. 10. Use repelentes e inseticidas.

Principais sintomas e complicações de cada doençaDengue Das três arboviroses, ela é a mais conhecida e antiga no Brasil. Os sintomas são febre alta, que geralmente dura de 2 a 7 dias, dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira na pele. Nos casos graves, o doente também pode ter sangramentos no nariz e gengivas, dor abdominal, vômitos persistentes, sonolência, irritabilidade, hipotensão e tontura. Ao surgirem os sintomas, o paciente deve procurar atendimento médico. Geralmente, as recomendações são ficar de repouso e ingerir bastante líquido. 

Chikungunya  De acordo com o Ministério da Saúde, os primeiros casos da doença no Brasil apareceram em setembro de 2014 em Oiapoque, no Amapá. O principal sintoma é a dor nas articulações de pés e mãos, que é mais intensa do que nos quadros de dengue. Além disso, causa também febre repentina acima de 39 graus, dor de cabeça, dor nos músculos e manchas vermelhas na pele. Segundo o MS, as mortes são raras e cerca de 30% dos casos não chegam a desenvolver sintomas. Para tratar é preciso ficar de repouso e consumir bastante líquido. Não é recomendado usar o ácido acetil salicílico (AAS) devido ao risco de hemorragia.

Zika  Pacientes com essa doença apresentam febre mais baixa que a da dengue e chikungunya, olhos avermelhados e coceira característica. Normalmente a zika não causa morte, e os sintomas não duram mais que sete dias, mas vale ressaltar que ela relaciona-se com uma síndrome neurológica que causa paralisia, a Síndrome de Guillain-Barré, e também com casos de microcefalia. O paciente infectado pelo zika também pode apresentar diarreia e sinais de conjuntivite. Assim como nas outras viroses, o tratamento consiste em repouso, ingestão de líquidos e remédios que aliviam os sintomas e que não contenham AAS.