Em novembro, ao menos 3 pessoas foram baleadas por dia em Salvador e RMS

Levantamento do Instituto Fogo Cruzado registrou 107 tiroteios na região

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  • Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2022 às 18:01

. Crédito: Marina Silva/CORREIO

O mês de novembro terminou com 107 tiroteios em Salvador e Região Metropolitana (RMS), segundo relatório mensal do Instituto Fogo Cruzado, realizado em parceria com a Iniciativa Negra por uma Nova Política de Drogas. Destes tiroteios, 31 foram relacionados a operações policiais, sendo que 6 casos aconteceram em perseguições que resultaram em 7 vítimas fatais.

No total, 93 pessoas foram baleadas, sendo que 74 morreram e 19 ficaram feridas. No recorte de gênero, os homens seguem sendo as maiores vítimas: 84, além de 6 mulheres e 3 pessoas não identificadas. Já no recorte de raça dos baleados, 25 pessoas foram identificadas como negras, 2 como brancas e 66 não tiveram recorte de informação racial. Ao menos 3 pessoas foram baleadas por dia. 

Os eventos de tiros aconteceram nos municípios de Salvador, Simões Filho, Camaçari, Candeias, Dias D'Ávila, Lauro de Freitas, Itaparica, Pojuca, São Sebastião do Passé e Mata de São João. As cidades que apresentaram maior quantidade de tiroteios foram Salvador e Camaçari, sendo 72 e 8, respectivamente. 

Entre julho e novembro deste ano, o Instituto registrou que a região metropolitana de Salvador teve 50 tiroteios relacionados exclusivamente a perseguições policiais. Destes, 36 ocorreram em Salvador, 4 em Lauro de Freitas, 3 em Simões Filho, 2 em Camaçari, 2 em Dias D'ávila, e 1 em Candeias, Mata de São João e Vera Cruz. Cinquenta pessoas foram baleadas nestes tiroteios, sendo que 42 morreram e 8 ficaram feridas. A capital baiana concentrou o maior número de vítimas: 33 baleados, sendo 26 mortos e 7 feridos. 

Desprotegidos Para Maria Isabel Couto, diretora de Dados e Transparência do Instituto Fogo Cruzado, a política de segurança não privilegia a proteção dos cidadãos. "A perseguição policial não deveria ser uma estratégia de segurança pública, porque deixa as pessoas do entorno expostas. O caso do tiroteio na Avenida Garibaldi, registrado no dia 25, é emblemático. Que política de segurança é essa que leva medo, risco e pânico para as pessoas?", questiona.

No caso citado por Maria Isabel Couto, três suspeitos foram baleados pela Polícia Militar e morreram depois de uma troca de tiros na Avenida Garibaldi, na noite do dia 25 de novembro. Parte da cena foi registrada por testemunhas, que viram o momento em que os policiais abordaram os homens, que estavam em um carro branco. 

Segundo a Polícia Militar, equipes da Companhia Independente de Policiamento Tático (CIPT) da Rondesp Atlântico estavam patrulhando a região quando foram informadas de que homens armados estavam fazendo um ataque na localidade do Vale da Muriçoca. Os policiais intensificaram as buscas e acharam um carro na Garibaldi que aparentava com o veículo descrito. 

A PM afirmou, em nota, que os policiais deram voz de parada, mas os ocupantes do carro desobedeceram a ordem e atiraram contra os policiais. Houve revide, dando início a uma troca de tiros. O carro parou perto do cruzamento com a Rua Lucaia e os PMs tentaram se aproximar, mas foram novamente recebidos a tiros, diz a polícia. 

Depois da nova troca de tiros, três suspeitos foram achados feridos no carro. Eles chegaram a ser levados para o Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiram e morreram. A PM afirmou que um dos homens usava tornozeleira eletrônica. Com os três, foram apreendidos uma metralhadora e uma pistola, ambas de calibre 9mm, um revólver calibre 38, uma porção de 300 gramas de maconha prensada e outras 15 porções da droga já prontas para comercialização. O carro usado pelo trio tinha placa clonada e tinha sido roubado no último dia 20, em Salvador.