Em Salvador, 68% usam a música para aplacar a angústia durante a pandemia

Apesar do distanciamento social, os soteropolitanos estão concentrados em garantir a sobrevivência

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 20 de abril de 2020 às 08:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Salvador é, entre as capitais brasileiras, a cidade onde a população está mais disposta a ajudar a enfrentar a pandemia da covid-19 com solidariedade. Isso foi o que mostrou uma pesquisa inédita, realizada em todo o País, da última semana de março até a primeira semana de abril.

Denominada de Sentidos e Simbolismos, a iniciativa da Youpper Insights, agência especializada na área de pesquisas de consumo e mídia, com apoio da ATcom – Comunicação Corporativa, ganhará uma nova checagem entre o final de abril e início de maio. Na primeira edição, a pesquisa que entrevistou 520 pessoas das classes AB, empregadas, com faixa etária entre 18 e 45 anos.

De acordo com a pesquisa, apesar da quarentena e do distanciamento social, os soteropolitanos estão concentrados em garantir a sobrevivência, numa vivência dúbia entre ser produtivo e mergulhar nas esferas do tédio e da angústia, porém, a maioria declara-se mais produtiva.

Cenário esperançoso Para o diretor da Youpper, Diego Oliveira, o horizonte na capital baiana é de mudança social, uma grande oportunidade para as marcas, empresas, instituições públicas e governamentais. “Vale uma reflexão para tomada de decisões para uma nova realidade que se abre”, afirma. 

No cenário de incerteza causado pelo novo coronavírus, Salvador revelou um equilíbrio entre sentimentos de medo, confusão, desorientação, transformação e renovação de valores. Mas a informação e o conhecimento ajudam no reequilíbrio emocional.

Na verdade, 86% dos entrevistados afirmaram conhecer sobre a pandemia e 40% deles aceitam as regras impostas com facilidade. O conhecimento e a informação foram destacados como fundamentais nesse período e 45% dos entrevistados disseram buscar selecionar com cuidados as informações obtidas, usando fontes diversas e de confiança. Desse grupo, 70% disseram não saber como auxiliar mais, além de ficar em casa. O consumo digital aumentou na quarentena, mas o soteropolitano tem se mostrado seletivo e as informações são obtidas de veículos diversos.

Mais de 60% da população de Salvador acredita que os acontecimentos relacionados à covid-19 provocam mudanças sociais, principalmente em relação ao convívio social, relações de confiança e à relação com trabalho. 

Os soteropolitanos também destacaram como muito positivo o entrosamento do governo do estado e da prefeitura no enfrentamento da pandemia. A diretora da ATcom, parceira da Youpper, Suely Temporal acredita que a importância desse estudo está justamente no recorte comportamental. “Para além dos reflexos políticos e econômicos, a pandemia irá ter impactos significativos no comportamento e nos hábitos das pessoas daqui para frente”, acrescenta. O consumo das mídias digitais é grande, mas o soteropolitano também tem buscado diversificar e equilibrar o consumo de informações (Reprodução) Música para alma Apesar de religiões diversas, nesses dias de distanciamento social, apenas 42% dos entrevistados declararam estar ocupando o tempo com orações. O levantamento mostrou que o que tem alimentado a alma da população da capital é a música, e 68% dos entrevistados estão usando essa distração para aplacar a angústia, que mostra por que Salvador recebeu o título de Cidade da Música. 

Outros 52% preferem fazer atividades online. Empatados com 46% estão os que optam por leitura e assistir TV por assinatura, 44% assistem TV aberta. Empatados com 40% estão aqueles que fazem atividades físicas e que jogam games online.

Ainda de acordo com a pesquisa, a Internet e as redes sociais são os principais meios de comunicação consumidos. A televisão aberta e o streaming ficam quase empatados, mas o segundo ganha em frequência.