Em solo baiano: primeiras doses da vacina contra covid-19 chegam à Bahia

Avião da esperança tocou em solo baiano às 22h22

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  • Gabriel Moura

Publicado em 18 de janeiro de 2021 às 22:22

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/GOVBA

O voo da esperança chegou no fim da noite a Salvador (Foto: Tiago Caldas/Correio) Depois de 318 dias, 540.320 casos e 9.667 mortes, a esperança de vencer o coronavírus chegou à Bahia às 22h20 desta segunda-feira, 18, na forma das primeiras 376 mil doses da CoronaVac, vacina contra a covid-19 produzida pelo Instituto Butantan com a empresa chinesa Sinovac. O voo A330 da Azul, vindo de Belo Horizonte, desembarcou com os imunizantes após muitos desencontros. A expectativa inicial era de pouso às 8h50, depois foi adiado para 10h, 18h e, finalmente, 22h.

Após a aeronave tocar o solo, a carga foi retirada ainda no Aeroporto Internacional Luís Eduardo Magalhães e seguiu para a sede do Grupamento Aéreo da Polícia Militar (Graer), de onde será distribuída para o estado. Serão 45 mil doses para Salvador e as outras 332 mil para oito cidades do interior do baiano.

A distribuição para os demais municípios tinha prazo de começar três horas após a chegada das doses, ainda na madrugada desta terça-feira, 19. “A ideia é que o transporte terrestre seja usado para levar as doses para as cidades da Região Metropolitana de Salvador. Já aviões levarão as vacinas para as cidades polo mais distantes da capital. A partir do momento que o município receber as doses, a cidade já tem condições de vacinar”, explicou Fábio Vilas-Boas, secretário estadual de Saúde.

 

Imunização 

A vacinação em Salvador já começa nesta terça-feira, 19, às 7h. A primeira vacinada vai ser uma idosa moradora do Centro de Geriatria e Gerontologia das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid). Na cerimônia estarão presentes o prefeito de Salvador, Bruno Reis, e o governador Rui Costa. Na cidade, a expectativa é de vacinar 2,5 mil pessoas do grupo prioritário nesse primeiro dia de campanha.

"Nós vamos fazer um ato simbólico para representar toda a Bahia. Mas o estado não vacina e sim as prefeituras. Não queremos que haja competição entre as cidades de qual será a primeira a vacinar", defendeu o secretário estadual. Sobre a possibilidade de a fila de vacinação não ser respeitada em algumas cidades, o secretário afirmou que o prefeito precisa garantir que a ordem seja respeitada. "Eu não tenho como fiscalizar isso. Vai ser uma responsabilidade do gestor municipal", concluiu Vilas-Boas.

Segundo o secretário de Saúde de Salvador, Leo Prates, não existe risco de a vacina ser insuficiente para imunizar as primeiras 22 mil pessoas do grupo prioritário. “A orientação técnica do Ministério da Saúde é, por exemplo:  eu lhe vacinei e já deixo estocada a sua segunda dose. Por isso até a capacidade de imunização é menor. Isto é para evitar que aconteça o mesmo problema que foi registrado no Reino Unido. Lá eles tiveram que autorizar imunizar, com a segunda dose, com outros tipos de vacina para não perder a imunização. Então a recomendação é: eu lhe vacinei e já deixo reservada a segunda dose", explicou o titular da SMS.

Este primeiro lote irá atender 188 mil baianos que serão beneficiados na primeira fase da vacinação, que inclui profissionais de saúde, idosos com mais de 75 anos, pessoas acima dos 60 que vivem em instituições de longa permanência, indígenas e comunidades tradicionais; além de pessoas privadas de liberdade. 

A vacinação também será gratuita, dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). As doses foram requisitadas pelo Ministério da Saúde após o estado de São Paulo ter saído na frente ao adquirir e produzir a Coronavac. Das 6 milhões de doses disponíveis, 1,4 milhão ficarão em São Paulo. O restante foi distribuído ao longo do dia para os outros estados e Distrito Federal. Para a região Nordeste foram destinadas 1,2 milhão de doses. 

Fábio Vilas-Boas acrescentou que a expectativa é que em 15 dias a Bahia receba novo suprimento de doses para ampliar a capacidade de atendimento. "Estamos começando a vacinação e teremos de trabalhar para vacinar o máximo de pessoas e esperar chegarem doses para ampliar o número de pessoas e encurtar o prazo”. As 376 mil doses da Coronavac desembarcaram rapidamente e seguiram para o Graer (Foto: Divulgação/GOVBA) Segurança

A equipe que vai zelar pela segurança da vacina na Bahia é composta por 1,5 mil pessoas, em estimativas iniciais do governo estadual, informou o coronel da Polícia Militar Xavier Filho. "Vai ser uma operação como de costume. Usaremos transportes terrestres, como caminhões e furgões, ou aéreo, como helicópteros e aeronaves, para levarmos as doses às cidades do interior. Até nas menores das cidades, o Comando Regional da Policia Militar deverá estar atuando, garantindo a segurança das doses e fazendo o policiamento nos postos", explicou.

Só nessa operação de recebimento e acomodação das doses, cerca de 100 agentes do Grupamento Aéreo da Policia Militar (Graer) e Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) estavam envolvidos. O grupo preparou uma sala na sede do Graer com freezers e isopores, onde as vacinas serão guardadas. Lá, agentes da Sesab vão fazer a contagem exata do número de doses enviadas para o estado e a divisão entre as cidades. 

"Já sabemos quais cidades receberão primeiro, mas ainda não podemos divulgar",  disse o comandante, que não foi modesto em expressar o quanto estava feliz em liderar essa operação: "Estamos muito contentes em fazermos essa operação e contribuir para esse dia que vai entrar para a história da Bahia".

Paciência e União

O secretário estadual Fábio Vilas-Boas ressaltou a importância da chegada das vacinas à Bahia:  “Lutamos muito para chegar até aqui, o estado da Bahia conseguiu atravessar esses 11 meses de pandemia tendo uma das mais baixas taxas de mortalidade do país. Agora é ter um pouco mais de paciência, manter as medidas de prevenção, porque estamos apenas começando a vacinação”, lembrou.

Ainda segundo o secretário, o governo do estado aguarda a chegada da Sputnik V e espera que o STF conceda liminar autorizando a importação 10 milhões de doses da vacina russa.

Já o secretário municipal Leo Prates enfatizou que além de um momento histórico, o enfrentamento da pandemia e a vacinação na Bahia são fruto da união entre os governos estadual e municipal.  

“A Bahia, o governador Rui Costa e o prefeito Bruno Reis dão exemplo para o Brasil. Aqui briga-se só contra o coronavírus. Quando a vida das pessoas está em risco nós temos que nos unir. Aqui, mais uma vez, a Bahia dá exemplo. Eu tenho muito que agradecer ao secretário Fábio Vilas Boas,  uma pessoa que me ensinou muito nessa minha jornada pelo SUS, generoso, e estamos irmanados, unidos, no sentido de salvar a vida das pessoas”, afirmou Leo Prates.

*Com a orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo