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Da Redação
Publicado em 1 de abril de 2020 às 16:36
- Atualizado há 2 anos
O médico Douglas Sterzza Dias, de 28 anos, tem vivido um verdadeiro drama por conta da pandemia do novo coronavírus. Nos últimos três dias ele perdeu a mãe e a avó vítimas do Covid-19 e tem um tio na UTI. Para piorar, ao cuidar dos familiares ele também acabou infectado. >
Médico cirurgião do Hospital São Paulo, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Douglas conta que a primeira a sentir os efeitos do coronavírus foi a mãe dele, Rita de Cássia, de 55 anos. Logo depois avó, Iracema, de 85 anos. Em seguida ele e um tio, que está internado, também foram infectados. Além deles, outro tio e duas tias começaram a apresentar problemas respiratórios. >
"Minha mãe me avisou que não estava se sentindo bem no domingo, dia 15, falou que sentia dores no corpo. Na terça já estava entubada", contou Douglas ao UOL. >
De acordo com o médico, a parte renal da mãe dele foi afetada por conta da doença e medicações usadas e ela acabou falecendo no último dia 27. Três dias depois, a avó de Douglas, Iracema, também não resistiu. >
"Minha avó Iracema, de 85 anos, havia caído em casa e, por isso, não conseguimos isolá-la totalmente. Os filhos precisaram se revezar para não deixá-la sozinha. Ela soube que minha mãe estava na UTI. Alguns dias depois minha avó começou a delirar. Teve uma hipoxemia grave (deficiência de oxigênio no sangue), ficou toda roxa e foi levada para o hospital. A tomografia revelou que o pulmão estava comprometido, com sinais de infecção pelo coronavírus. Ela foi para a UTI. Três dias depois ela sofreu uma parada cardíaca e acabou falecendo", lembra ele.>
Para não correr o risco de expor mais familiares ao vírus, Douglas precisou seputar a mãe sozinho. "O corpo da minha mãe saiu do carro funerário direto para a cova. Fui a única testemunha da família. Eu ali, sem ter ninguém para abraçar e compartilhar a minha dor. Peguei o carro e voltei para o meu isolamento".>
O médico conta que no caminho até o cemitério viu muitas pessoas na rua e fez um alerta: "Pelo caminho via gente fazendo caminhada e correndo nas ruas, como se nada estivesse acontecendo. As pessoas ainda não entenderam que estamos vivendo algo muito grave. Elas não têm ideia da dimensão do problema", disse ele. >
Em quarentena, Douglas diz que a maior preocupação agora é manter o pai longe do risco de contaminação. >