Empreendedores do mercado informal recebem certificado de qualificação

Programa desenvolvido pelo Parque Social já realizou mais de 2 mil ações gratuitas

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  • Gil Santos

Publicado em 16 de dezembro de 2019 às 21:58

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

Há três anos, dona Ana Eugênia Rodrigues, 50 anos, vende lanches na região do Iguatemi. Foi a forma que ela encontrou de se sustentar e pagar as contas. Por isso, de segunda a sábado, a vendedora chega às 5h30 para montar a barraca e só vai embora às 19h. As vendas são boas, mas ela acredita que faltava alguma coisa para o negócio decolar de vez.

“Eu queria fazer um curso, alguma coisa para melhorar meu negócio. Foi quando apareceu esse curso de empreendedorismo da prefeitura. Foram duas semanas de aulas, onde a gente aprendeu sobre administração, contabilidade, como se apresentar na frente do cliente, como manusear os alimentos e como comprar os ingredientes. Foi muito bom. Aprendi que estava calculando mal o meu dinheiro”, contou. Ana Eugênia está no mercado há 3 anos e exibe certificado (Foto: Betto Jr/ CORREIO) Ana faz parte dos 42% de trabalhadores de Salvador que atuam de maneira informal, segundo dados do Parque Social. Um problema que a prefeitura tem tentado resolver com ações como o Programa Agente do Empreendedorismo, através do qual são oferecidas palestras e oficinas gratuitas para a população. O objetivo é que, munidos de conhecimentos específicos, esses trabalhadores possam desempenhar o negócio com maior profissionalismo e autonomia, além de facilitar o acesso a linhas de crédito.

Nesta segunda-feira (16), Ana Eugênia foi uma das 700 pessoas que receberam o certificado de capacitação Aprendendo a Empreender. A presidente de honra do Parque Social, Rosário Magalhães, explicou que o programa é uma forma de olhar para esses trabalhadores de uma maneira especial e de gerar novas oportunidades de crescimento.

“A gente sabe que, diante dessa crise econômica, o número de empreendedores por necessidade aumentou muito. Cerca de 42% da população ativa ocupa a base da pirâmide. São esses pequenos empreendedores do mercado informal que precisam de apoio e oportunidades. A gente democratiza o conhecimento e o acesso ao crédito para que eles possam de fato se desenvolver e crescer”, afirmou. Rosário Magalhães destacou a importância social do programa (Foto: Betto Jr/ CORREIO) A iniciativa tem o apoio do Banco do Nordeste, através do Crediamigo, e do Sebrae, que disponibiliza a participação dos empreendedores em palestras e oficinas relacionadas ao tema empreendedorismo. O programa está presente em 51 bairros, 79 escolas, dez prefeituras-bairro e no SIMM.

Ele também integra o 7º eixo do programa Salvador 360, de Inclusão Econômica, que tem como propósito fomentar o desenvolvimento socioeconômico por meio de estímulo ao empreendedorismo. O prefeito ACM Neto participou do evento ‘Chegando Junto - Prefeitura Apoiando e Fortalecendo Vínculos com o Mercado Informal’, onde houve a entrega dos certificados, no pátio da prefeitura, e destacou a importância da ação.

“Salvador é uma das cidades do Brasil com o maior número de pessoas trabalhando no mercado informal. E a gente tem que encarar isso como uma oportunidade. Por muitos anos o poder público fechou os olhos, mas nós fizemos o contrário. Além de todo o esforço para ordenar esse mercado na cidade, com os equipamentos que inauguramos, agora existe o programa Agente do Empreendedorismo que leva qualificação, conhecimento e experiência para que essas pessoas possam crescer e ampliar suas atividades”, afirmou. Prefeito defende que ação é uma iniciativa para o crescimento (Foto: Betto Jr/ CORREIO) Ideias De março a dezembro, foram mais de 2 mil ações desenvolvidas, com a participação de 27 mil pessoas, sendo que 4,5 mil foram encaminhadas para ter acesso a linha de crédito e 3,5 mil capacitações em parceria com o Sebrae. O programa conta com 813 parceiros e para participar é preciso procurar um agende de empreendedorismo nas escolas municipais ou nas prefeituras-bairros. Não é necessário ter um negócio pronto, nem mesmo uma ideia do que fazer. “Mas tem que ter vontade de aprender”, concluiu dona Ana.

A empreendedora Rosiane dos Santos, 29 anos, por exemplo, está desempregada e até há alguns meses não tinha ideia do que fazer. Ela contou que foi durante uma conversa com um amigo que trabalha na prefeitura-bairro de Pau da Lima que ela ouviu falar do programa pela primeira vez.

“Ele disse para eu ir na prefeitura-bairro conversar com um dos agentes de empreendedorismo. Eu não tinha ideia do que fazer para empreender, mas acabei fazendo dois cursos, um de produção de salgados e outro de doces e bolos. Hoje, já sei o que vou fazer para pagar as contas”, contou. Rosiane (camisa listrada) começou o programa sem ideia do que fazer (Foto: Betto Jr/ CORREIO) O discurso de Rosiane encheu de orgulho a estudante de administração Ivanete Rocha, 24 anos. Ela é uma das 90 agentes de empreendedorismo que atuam no programa e contou que a logística da ação é construída com base na boa vontade das pessoas e na disponibilidade dos profissionais.

“Temos uma rede de empreendedores muito ampla. São pessoas que aceitam fazer oficinas de forma gratuita para ajudar outras pessoas. Então, se alguém quer aprender a como fazer laços, por exemplo, encontramos um voluntário que ensine. O Sebrae também tem palestras e oficinas de capacitação que nos ajudam nesse sentido”, contou. Vice-prefeito acredita que programa gera oportunidades (Foto: Betto Jr/ CORREIO) O evento ficou lotado e contou com a participação de diversas autoridades. Nas palavras do vice-prefeito, Bruno Reis, o que define do programa é a oportunidade. “O mercado informal é muito ativo na cidade, ainda mais em tempos de crise, e a prefeitura tem um olhar especial para isso. Esse programa oferece qualificação e a oportunidade de potencializar os próprios negócios e, assim, através do trabalho, realizar sonhos”, concluiu.