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Empreendedores sociais: é possível ganhar a vida e mudar o mundo

Transformação social em nome do bem-estar comum

  • Foto do(a) author(a) Carmen Vasconcelos
  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 9 de setembro de 2019 às 06:00

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Divulgação

Iniciativas como o Doutores da Alegria, Mídia Étnica, Instituto Steve Biko e Olodum têm mais em comum do que se pode imaginar. Embora estejam em campos distintos como saúde, comunicação, educação e cultura, essas iniciativas demonstram que o empreendedorismo social está consolidado e pode ser uma alternativa bem interessante de investimento e atuação profissional. 

As instituições citadas, por exemplo, integram a rede Ashoka no Brasil, e seus idealizadores são parceiros da instituição criada há 40 anos, na Índia, e que vem mostrando a inúmeros jovens empreendedores que transformar o mundo num espaço de bem comum pode ser um excelente negócio.

Para se ter uma ideia da abrangência desse tipo de iniciativa, basta lembrar que essa rede é considerada uma das cinco de maior impacto social no mundo. Atualmente, a Ashoka reúne empreendedores sociais em 92 países, inclusive os ganhadores do Nobel da Paz Muhammad Yunus (2006) e Kailarth Satyarthi (2014).

De acordo com o coordenador da Ashoka Brasil, Rafael Murta, os chamados empreendedores sociais se diferem dos negócios sociais porque não possuem a premissa do lucro, mas isso não significa que os empreendedores não sobrevivam das suas iniciativas.

 “Todo jovem se reconhece como alguém que deseja a transformação, então o empreendedorismo social vai buscar essa vocação para que seja aplicada de modo a criar soluções para a melhora da qualidade de vida, transformando o mundo em um espaço melhor para todos”, afirma.   

Inspirações  Aquataluxe Rodrigues, 31, é uma dessas empreendedoras sociais. Ela criou a Comissão da Juventude do Olodum, em Salvador, para promover ações inovadoras que fortaleçam a capacidade empreendedora dos jovens e os aproximem da política. Uma vez que esses jovens passam a empreender, também conseguem se empoderar, numa perspectiva que relaciona economia, democracia e desigualdade. “Meu objetivo é que a comissão atinja tamanho e diversidade suficiente para poder representar e intervir nas comunidades, elaborando projetos sustentáveis e que colaborem para a conscientização da situação da juventude negra na cidade e nos municípios vizinhos”, diz a baiana.  Para ampliar o impacto das ações, Aquataluxe propõe que as secretarias do estado, ou mesmo os órgãos como Sebrae e Senac, as transformem em políticas capazes de atingir as populações das áreas rurais. A proposta dessa jovem soteropolitana ganhou uma perspectiva de internacionalização das ações, com construção de parceria com duas universidades negras da Lousiania, nos Estados Unidos, o que possibilitará, inclusive, intercâmbios entre os jovens dos dois países.

Já Ednei Nivaldo Arapiun Matos, 20 anos, é coordenador do Conselho Indígena Tapajós Arapiuns (CITA), inaugurando a liderança jovem nos espaços de representação dos povos indígenas na luta por direito à terra, à estrutura de saúde e educação nos territórios indígenas e ao acesso à educação superior pública. À frente do CITA, Ednei coordena o trabalho de outros líderes indígenas, reunindo 18 territórios e 64 aldeias distribuídos em três municípios da Bacia do Tapajós e Arapiuns.   “É a partir do fortalecimento dessas lideranças e dos grupos de base que ampliamos nossa voz e ganhamos força na reivindicação por direito à terra, educação e saúde”, diz. O CITA procura dialogar e ajudar na formatação de políticas públicas que garantam aos indígenas os seus direitos básicos, à preservação da cultura e a proteção de seus territórios.  Novos modelos “O empreendedorismo social representa uma quebra de paradigmas e pode atuar em áreas muito diversas”, diz Murta.  Ele salienta que as áreas de educação, saúde, direitos humanos, participação social e economia continuam sendo o setores  onde esses empreendedores mais atuam ao longo dos anos.  “No entanto, hoje temos uma transversalidade muito maior e campos importantes como gênero, tecnologia e humanidades, envelhecimento populacional e mudanças climáticas, que passam a ganhar mais destaque", diz o representante da Ashoka. Nessas situações, toda a remuneração desses empreendedores vem da própria atuação e na forma de trabalho prestado para os projetos noa quais estão inseridos.Cinco lições de vida e mudança social no Brasil Sônia Dias está à frente da experiência inovadora na escola comunitária Luiza Mahin (Foto: Divulgação) Sonia Dias   é graduada pela Universidade Federal da Bahia em Pedagogia. É especialista em educação infantil pela mesma universidade e especialista em Psicopedagogia pela Faculdade Cesagranrio. Militante do Movimento negro, trabalha na Escola Comunitária Luiza Mahin há 18 anos e é autora do texto O Baobá da Educação: Empatia e Ubuntu", do ebook A Importância da Empatia na Educação, lançado pelo Escolas Transformadoras em 2017. A Escola Comunitária Luiza Mahin nasceu em 1990 a partir de uma iniciativa da Associação de Moradores do Conjunto Santa Luzia, no bairro Uruguai, em Salvador, frente à necessidade diagnosticada na comunidade.

Ana Paula Freitas  é advogada e pesquisadora da área de gênero e relações étnico-raciais e integrante da Assessoria Popular Maria Felipa, em Belo Horizonte (MG), onde coordena o projeto Solta Minha Mãe. O projeto questiona a política de massificação do cárcere feminino, oferece apoio para as mulheres presas acessarem à Justiça, procura oferecer condições dignas nas unidades prisionais e se esforça para garantir os direitos básicos e inalienáveis das presas. Praticando advocacia popular, os membros do projeto assessoram as presas, acompanhando processos e solicitando o indulto das penas. A ONG também promove ações para melhorar a vida de mulheres no cárcere.

Gelson Henrique Silva da Silva é estudante universitário, ativista, pesquisador da área de sociologia e juventudes e integrante da Caravana Itinerante da Juventude (CI-Joga), um conjunto de ações destinadas às escolas públicas localizadas em periferias urbanas, cujo objetivo é estimular os jovens a participarem de instâncias coletivas de decisão, fazendo as juventudes se entenderem como potência transformadora da política brasileira. Gelson quer ver mais jovens elaborando políticas públicas, e não sendo apenas alvo. Espera, com o CI-Joga, ver jovens ocupando diversos espaços da sociedade civil organizada. O grupo desenvolve escuta ativa para jovens.

Juliana Marques se uniu a outras mulheres para criar a Rede Umunna, que desenvolve novas narrativas focadas em superar os mitos envolvidos na questão a partir da análise de dados e outras estratégias. O objetivo maior é aproximar as jovens negras da política e ajuda-las a ocupar seus espaços institucionais. O assassinato da vereadora Marielle Franco trouxe mais visibilidade à atuação da Rede Umunna, que multiplicou suas ações no Rio de Janeiro e em São Paulo. A hashtag da campanha Mulheres Negras Decidem foi utilizada para além do processo eleitoral, e o movimento segue crescendo com a presença tanto nas redes sociais quanto em eventos de naturezas diversas. Valdecir Nascimento é coordenadora do Odara - Instituto da Mulher Negra e luta pelo fortalecimento e autonomia das mulheres negras, especialmente as jovens.  (Foto: Divulgação)  Valdecir Nascimento   é Coordenadora Executiva do ODARA- Instutito da Mulher Negra, historiadora, mestra em educação, criou a ONG CEAFRO-Profissionalização para Cidadania e trabalhou dando aos jovens trabalhadores domésticos no Brasil a confiança e as habilidades para defender seus direitos. Seu abrangente programa integra educação, mídia e lei em um esforço para profissionalizar o trabalho doméstico e abrir oportunidades para a juventude brasileira. Foi reconhecida como empreendedora Ashoka em 2003, quando liderava a CEAFRO.O ODARA – Instituto da Mulher Negra é uma organização negra e feminista, centrada no legado africano.