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Priscila Natividade
Publicado em 8 de julho de 2019 às 07:00
- Atualizado há 2 anos
Se antes o jovem queria apenas entrar no mercado de trabalho em uma carreira que garantisse uma boa estabilidade financeira, hoje esse profissional quer muito mais. O conceito de sucesso é outro. “A concepção de sucesso pra mim é poder ter meus finais de semana, feriados e férias em paz sem precisar pensar em trabalho. Não consigo enxergar sucesso em alguém sem tempo, porque trabalha muito, ou que ganhou tanto dinheiro que não consegue desfrutar”, afirma a empreendedora baiana Monique Evelle, que com 24 anos foi reconhecida pela Forbes como “30 Under 30”. A lista destaca empreendedores abaixo dos 30 anos, que revolucionam os negócios e transformam o mundo.>
“Precisamos entender contextos para adaptarmos nossas linguagens. E agora, mais que nunca. A minha é realmente sair do meu umbigo e entender se minha ideia de negócio faz sentido para sociedade ou não”, pontua. >
Idealizadora de diferentes negócios sociais Monique integrou também a equipe de Caco Barcellos no programa Profissão Repórter (Rede Globo) e dos programas Conectados Al Sur, Global Symposium Artificial Intelligence & Inclusion - Universidade de Havard. Ela participa do Prospera Experience, iniciativa que irá reunir no dia 20 de julho empreendedores conscientes, no Gran Hotel Stella Maris, em Salvador.>
Em Entrevista ao CORREIO, Monique conversou sobre a importância do jovem entender o contexto, se adaptar a ele, buscar um sentido. E mais: para a empreendedora, estudar não é mais só cursar uma faculdade, mas sim viver em um ciclo de aprendizagem constante. “A sociedade precisa apostar em outras frentes, pessoas, ideologias”. Confira a seguir. >
Ou o seu negócio soma, ou some. Como somar nesta nova era? >
A única coisa que cresce de forma exponencial (rápida demais) são empresas. Nossa mente não consegue acompanhar. Então todo setor privado e público que conseguir criar territórios que não façam a manutenção dos velhos costumes (racismo, machismo, lgbtfobia, xenofobia etc.), já é uma soma histórica.E com isso, a economia muda, a sociedade se transforma, a desigualdade diminui e é a maior soma que podemos ter. Qual o caminho para idealizar negócios sociais? >
Cada pessoa tem o seu caminho e sua forma de fazer acontecer e criar negócios sociais. Negócio não é para agradar ao criador, mas sim para resolver um problema real. Se a solução que criarmos, realmente tem demanda para ser atendida, faz sentido colocar no mundo. Fora isso, minha empresa não precisa existir. >
Quais são esses novos negócios desta nova era e como crescer ? >
Estamos acostumados a pensar em curto prazo e no formato de concorrência. Isso não garante que nosso negócio vai sobreviver no futuro. É necessário pararmos um pouco e analisar cenários futuros da área de atuação dos nossos negócios. Eu, por exemplo, crio todo ano, pelo menos, quatro cenários futuros da área de comunicação, tecnologia e futuro. Assim eu consigo vislumbrar o que pode acontecer com tantas transformações rápidas e poder me preparar. Muita gente tem criado empresa em cima de plataformas ou utilizando discurso que é com foco nas pessoas. Mas será mesmo que daqui há dois anos, vai fazer sentido o que estamos criando? Do Desabafo Social que você criou aos 16 anos até a sua vivência no Vale do Silício, que aprendizados foram determinantes para ser reconhecida pela Forbes como '30 under 30'? >
O principal aprendizado foi entender que a semana tem 168 horas e precisaria de 160 horas para ficar atualizada. Logo, isso seria impossível. Com isso, pude desacelerar e fazer tudo que está dentro do meu limite de transformação. Colocar energia naquilo que realmente acredito ser uma solução tangível e desapegar as criações quando elas não ficam em pé.>
Um outro ponto importante foi entender inclusive que o Desabafo Social enquanto organização, fez sentido em 2011. Tanto que para não terminarmos oficialmente com o Desabafo, o transformamos em um projeto editorial com imersão em temas que impactam o comportamento e as relações humanas.Se não conseguirmos acompanhar as transformações talvez muita coisa que acreditamos e criamos não consiga sobreviver. Que negócios você vem tocando e como você encontrou o seu propósito? >
Hoje estou com o Desabafo Social, a Evelle Consultoria que é uma empresa de microaprendizagem, curadoria e inovação aberta e Sharp, um hub de inteligência cultural e reputação para as marcas. Além disso, junto com a agência Let’s GIG – Booking & Music Services idealizei o Crespo Festival e estou com o time da Batekoo.>
Sobre propósito, todo mundo tem um. Tem gente que o propósito imediato é conseguir o dinheiro para a comida do dia. Tem gente que tem a médio prazo que é entrar na faculdade. O meu (propósito) sempre foi me manter viva. Não focar sobre a demanda do racismo e poder desfrutar das áreas que gosto. Na sua opinião, o que ainda é barreira para o jovem negro crescer e empreender? Como 'sair das estatísticas' e fazer a diferença? >
Eu sempre digo que ascensão social não embranquece ninguém. Ou seja, mesmo faturando e lucrando com meus negócios, eu continuo sendo uma mulher negra. Isso significa que continuarei tendo dificuldades na hora de negociar, que as pessoas não me enxergam como a dona do negócio.Eu sou a exceção que confirma a regra. Não vamos dar conta de tudo, não vamos resolver todos problemas do mundo. Mas o caminho que estou até hoje é o dos estudos. E estudar não é necessariamente estar na faculdade, mas manter uma aprendizagem contínua. >
QUEM É>
Monique Evelle Reconhecida pela Forbes como “30 Under 30”, Monique é baiana e idealizadora de diferentes negócios sociais. Participou do Conectados Al Sur, Global Symposium Artificial Intelligence & Inclusion - Universidade de Havard e toca também iniciativas como a festa Batekoo, o Crespo Festival, o Desabafo Social, a Evelle Consultoria e a Sharp, um hub de inteligência cultural e reputação para as marcas. Monique Evelle participa no dia 20 de julho, do Prospera Experience, evento sobre empreendedorismo consciente que acontece em Salvador. >