Empresários baianos falam dos desafios de desenvolver startups

Primeiro episódio da websérie Acelere[se] já está no ar; assista

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  • Andreia Santana

Publicado em 27 de setembro de 2018 às 17:17

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fotos: Rede+/Divulgação

O primeiro episódio da websérie do Desafio de Inovação Acelere[se] traz os empresários das oito startups participantes em depoimentos sobre seus negócios, resiliência no ramo empresarial e a capacidade de superar barreiras na hora de montar uma startup. O vídeo mescla cenas das atividades realizadas no decorrer de 45 dias do programa de aceleração, com os comentários dos empresários e dicas para quem pretende iniciar ou acelerar a sua empresa.

O Desafio de Inovação Acelere[se] tem duração total de 12 semanas e oferece mentorias e capacitações especializadas para oito startups baianas selecionadas dentre 50 inscritas. O programa começou em 3 de agosto e se estenderá até o dia 7 de novembro. A iniciativa integra a programação do Fórum Agenda Bahia 2018 e tem o objetivo de estimular o desenvolvimento do ecossistema de inovação da Bahia, incentivando o crescimento das empresas participantes. 

Assista ao primeiro episódio da websérie:

Em agosto, os oito representantes de cada startup realizaram um pitch (apresentação relâmpago) no seminário Sustentabilidade do Agora, o primeiro da programação deste ano do Agenda Bahia. No dia 7 de novembro, durante o seminário Humanize-se, eles farão um novo pitch. 

No encontro de agosto, os mentores assistiram às apresentações e fizeram as primeiras considerações sobre cada negócio. A partir dessa primeira atividade, os empresários passaram a ter uma rotina semanal de capacitações e mentorias coletivas e individuais.

As mentorias acontecem a cada duas semanas, na sede da Rede+, aceleradora que é parceira do CORREIO na realização do Desafio Acelere[se], entre um representante de startup e um mentor, em encontros que duram uma hora. Cada mentoria tem um tema definido e alinhado com as capacitações que foram feitas ao longo da semana.

De acordo com o calendário do programa, em 45 dias, os empresários já tiveram mais de 20 horas de mentoria e participaram de pelo menos sete capacitações em temas como: negócios e inovação, desenvolvimento de modelo de negócio, validação no mercado, planejamento estratégico, liderança e desenvolvimento de times e comunicação.

A equipe da Rede+ está bastante empolgada com a evolução das oito participantes do Acelere[se]. Segundo um dos integrantes da aceleradora, Tairo Rodrigues, durante o programa ocorrem também os momentos de mensuração, quando as startups revisam as metas traçadas. 

Cada startup, acrescenta ele, encontra-se em um nível de maturidade diferente e possui curvas de crescimento compatíveis com o seu estágio. “As startups que estão em um nível de maturidade maior possuem uma curva de crescimento mais lenta, pois o desafio no momento é tração de vendas. Já as mais novas estão em um processo de expansão de fornecedores, modelo de negócio e clientes”, diferencia Tairo.  Empresários já incorporaram as mentorias e capacitações na rotina semanal CONHEÇA AS 8 PARTICIPANTES DO ACELERE[SE]

Lições compartilhadas

O fato de oito startups em etapas diferentes de desenvolvimento participarem do programa juntas oferece uma rica troca de experiências entre os próprios empreendedores. “Funcionamos também como mentores uns dos outros”, afirma Eduardo Lobo, CEO da startup QRPoint, uma das participantes.

Segundo ele, as mentorias e capacitações agregam principalmente porque são oferecidas por pessoas com experiência de mercado, “que compartilham suas histórias de sucesso e os caminhos que percorreram, além de nos ajudar nas estratégias e definição de público”, diz Eduardo.

Ele acrescenta que, graças ao aprendizado nessa primeira fase do Acelere[se], conseguiu antecipar o lançamento de uma estratégia de marketing que estava adiando. “E deu muito certo. Na data que tínhamos pensado em lançar, já estávamos colhendo resultados”.

Alex Sandro Correia, da startup Mosquito Zero, enfatiza que as mentorias e capacitações atendem de forma estratégica as especificidades de cada participante do Acelere[se]. “A Mosquito Zero foca no engajamento social, no envolvimento da população, pois 80% dos focos do mosquito aedes aegypti está nas residências, então essa ampliação da proposta de valor de cada negócio, no nosso caso, é de suma importância para engajar as pessoas na batalha contra o mosquito”.

Parcerias

O empresário André Brandão, da participante Me Ajuda Limpeza, diz que os encontros na sede da Rede+, às terças e quintas-feiras, já viraram uma rotina de trabalho e que ele e os colegas de aceleração se desdobram para estar presentes. “Compartilhamos ideias com quem passou por coisas parecidas e também testamos sugestões. As metas são um estímulo e logo no primeiro mês percebemos aumento no número de seguidores do nosso perfil no Instagram”.

O empresário destaca a parceria entre os participantes. Sua empresa, inclusive, implementou uma estratégia de marketing cruzado com as sócias da Closet, outra das startups do programa. “Foi bacana descobrir que algumas empresas tem o mesmo mercado e vendem serviços diferentes, daí que podem realizar ações conjuntas”.

Uma das sócias da Closet, Camilla Raupp também comemora as parcerias e o networking proporcionado pelo programa, tanto com os mentores e capacitadores, quanto com os outros empresários. A Closet, revela, chegou a 15 mil seguidores no Instagram logo no começo do Acelere[se]. “Nosso crescimento é orgânico, então chegamos a ter 120 novos seguidores por semana”.

A startup também acaba de lançar seu site novo - www.yourcloset.com.br – e, durante o desenvolvimento da página, as sócias pediram feedbacks dos colegas de aceleração. “Pedimos para eles analisarem. Ainda vamos fazer o lançamento oficial, mas já colocamos no ar para testar as ferramentas. O nome Acelere-se faz jus ao programa, porque a gente se sente motivada a estudar, ler, os mentores têm muita bagagem, indicam livros, vídeos”, acrescenta Camilla. Empreendedores do Acelere[se] também funcionam como mentores uns dos outros Grupo no Whatsapp

Para facilitar a troca de ideias, os empresários do Acelere[se] utilizam o Whatsapp, conta Sílvio Regis, da Evex Eventos Experience. A startup, depois de iniciar o programa de aceleração, já participou de eventos importantes como o ABIH Hospitality Experience 2018, promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – Seção Bahia. “Fizemos um pitch a convite da Rede+ no evento, que foi uma evolução do primeiro pitch realizado no Agenda Bahia, em agosto”, completa.

A Evex também fez a Construtec Bahia e, graças às mentorias, está focando em crescer no ramo de eventos corporativos. “Estamos incorporando os aprendizados do programa na rotina e nos processos da empresa. As visitas ao nosso site também aumentaram com as divulgações do programa, que nos dá uma chacoalhada e leva a mudar decisões, acelerar coisas e repensar estratégias”, opina Silvio.

Repensar estratégias foi exatamente o que fez Antonio Carlos Salles, fundador da startup Onde Toca. Em função das mentorias, a empresa mudou a forma de cadastro no serviço, que antes era presencial e passou a ser feito por telefone. “A visita presencial aumentava muito o CPC (custo por cliente). Fizemos os testes e vimos que era viável. No futuro, a ideia é que tudo seja feito por internet”, revela.

Para Antonio Carlos, as mentorias ainda serviram para apontar caminhos e reforçar outros que o empresário já estava seguindo. Na opinião dele, as capacitações também são importantes pelos temas abordados e o programa como um todo gerou um retorno em visibilidade para o Onde Toca. “Isso refletiu em aumento nas visitas na nossa plataforma. Estamos em crescimento constante, implementamos novas ações nas redes sociais também”, enumera. 

Demandas específicas

Diego Mendes, da ConstruCode, revela que a startup está vivendo o momento de tração de negócios e que o Acelere[se] tem sido útil justamente para que a empresa consiga manter a qualidade do atendimento em um cenário de crescimento rápido. Atualmente, a ConstruCode está presente em obras de grande porte no Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e na Bahia, tendo entre seus clientes grandes companhias como a Braskem. Além disso, o aplicativo desenvolvido pela empresa tem usuários de todo o país. “Só falta a gente chegar no Amazonas e em Tocantis”, conta Diego.

As mentorias da ConstruCode com Diego, às vezes ocorrem de forma remota, pois o empresário viaja bastante para atender aos clientes. Nas reuniões presenciais na sede da Rede+, a startup envia alguém de sua equipe. “O momento de tração sobrecarrega a equipe e ao mesmo tempo é preciso melhorar a qualidade do atendimento e do produto, mas manter uma estrutura enxuta, leve, para não engessar o negócio. Então tem duas pessoas do time se revezando no Acelere[se]”, detalha Diego.

Para o empresário, o desafio das startups baianas, principalmente de negócios como a dele, voltados para a construção civil, ainda é vencer resistências do mercado local. “A Bahia tem de entender que não precisa contratar tecnologia fora. Tem coisa boa sendo feita em nossa casa mesmo”.

Com um perfil de clientes bastante específico – órgãos públicos de trânsito -, a N2 Soluções tem aproveitado as capacitações do Acelere[se] para revisar e incrementar procedimentos. Eduardo Peixoto Nunes, CEO da startups, afirma ter gostado bastante da capacitação sobre validação de negócios. Para ele, o interessante do Acelere[se] é a constante troca de informações entre os participantes “Todos são muito parceiros, um quer ajudar o outro, apresentar cientes, dar opinião. A reunião das oito empresas é bem legal”, acrescenta. 

Como o perfil de clientes da N2 Soluções é governamental, a startup tem obtido ganhos em termos de visibilidade do sistema que desenvolveu para registro de ocorrências de trânsito. “Algumas prefeituras têm se interessado em conhecer o sistema e analisar nossas propostas”. 

O Desafio de Inovação Acelere[se] é oferecido pelo Fórum Agenda Bahia 2018, com apoio institucional da Rede Bahia e realização do CORREIO e Rede+.