Empresários se reúnem com candidatos à prefeitura e pedem retomada de eventos

Setor quer que futuro gestor ou gestora ative de imediato o mercado de entretenimento. Veja o que disseram os candidatos

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  • Da Redação

Publicado em 29 de outubro de 2020 às 19:18

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação/ABRE

Representantes do setor de entretenimento e quatro dos nove candidatos à prefeitura de Salvador se encontraram, na tarde desta quinta-feira (29), no Hotel Mercure, na Pituba, para discutir medidas que o empresariado deseja que sejam levadas em conta nas propostas de governo. Organizadora do evento, a Associação Brasileira de Entretenimento (Abre) solicitou que o futuro gestor ou gestora adote um projeto que possibilite a retomada de eventos. Marcaram presença Bruno Reis (DEM), Cézar Leite (PRTB), Olívia Santana (PCdoB) e Pastor Sargento Isidório (Avante). 

Em carta aberta, a associação ressaltou que Salvador tem vocação para o entretenimento e que, por isso, é necessário que o poder público e as lideranças empresariais “inaugurem um novo momento de realizações para a população soteropolitana que atenda às demandas do novo cenário social posto”, escreveram. 

Estes encontros da Abre com os candidatos são realizados desde 2012, no qual são elencadas as necessidades para manter ativo o ramo de festas. Nesta edição, a entidade listou o que considera “imediato”: um cronograma de retomada de eventos em geral e do Carnaval, o estabelecimento de protocolos de retomada, a redução do Imposto Sobre Serviço (ISS) e taxas até dezembro de 2021 e a criação de leis de incentivo.

A associação elencou ainda sugestões de projetos estruturantes como a manutenção de um calendário de eventos, que deve ser extensamente divulgado fora da cidade, além da organização e captação de grandes eventos. A Abre citou que a capital baiana perdeu eventos como o Stock Car, a vinda do Cirque de Soleil e o Open de Tênis. O segmento apontou ainda o chamado “Custo Salvador”, dizendo tratar-se do “mais elevado do país, inibindo o investimento público e minando a economia criativa da cidade”.

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Ainda na visão do empresariado, o Pelourinho deveria ser uma “Zona Franca Cultural”, e que tem possibilidade de ser transformado numa espécie de Bairro da Lapa, do Rio de Janeiro, com potencial para atrair cidadãos e turistas. Para isso, solicitam política de ocupação do local com a implantação de novos negócios, como pousadas, casas de intercâmbio cultural e faculdades com ênfase em arte e educação. 

A decisão de retirada das barracas de praia foi mencionada como um problema. Para a Abre, a requalificação da orla não trouxe solução definitiva para ordenar o comércio na faixa de areia. “Perdemos as nossas barracas, verdadeiros pontos de encontro dos baianos e turistas. Assistimos ao surgimento de um comércio desestruturado, na contramão do que ocorreu com as demais cidades litorâneas do país”, criticaram.

Carnaval

Os planos para a maior festa da capital, segundo o empresariado, devem incluir a criação de um Plano Diretor do Carnaval, com uma reformulação do modelo existente. A associação deseja a requalificação dos circuitos, com novos espaços, e a formação de esforços coletivos para garantir a festa. O evento foi coordenado pelos produtores Marcelo Britto, Joaquim Nery e Clínio Bastos, da Salvador Produções, Central do Carnaval e Camarote.

BRUNO REIS (DEM)

Temos que ter eventos em Salvador nos 52 finais de semana. A ideia é reunir esse mapa de eventos públicos, com Carnaval, Festival da Virada, Festival da Cidade, Festival da Primavera, e privados, entre festivos, religiosos, esportivos, enfim, e distribuí-los  nessa agenda. Vamos fazer isso de forma articulada entre o poder público e empresários do entretenimento. É por isso que eu estou propondo a criação de um fórum empresarial, em que todos os segmentos terão assento para a gente discutir as estratégias de desenvolvimento econômico e de promoção da cidade.

Às vezes, temos dois, três eventos num final de semana. E no outro não tem nada. Temos que ter os mais diversos eventos, e dá para fazer isso articulado com a Vinci, que é a operadora do aeroporto, para que nesse período disponibilize mais voos. Dá para fazer isso casado com a agenda de eventos do Centro de Convenções. O desafio é a gente ter verão o ano todo.

Bruno salientou que quer aumentar de sete para dez dias a média de permanência dos turistas na capital baiana. Lembrou que essa média já aumentou nos últimos anos, através de ações da prefeitura, como a requalificação de trechos de orla e destacou que a gestão já está implantando novos locais, a exemplo do Centro Cultural Casa da Música e o Arquivo Público. Disse ainda que a prefeitura deverá assumir a gestão do Forte São Marcelo, que poderá sediar um oceanário. 

A ideia é tornar o Comércio uma zona franca cultural, os escritórios de vocês irem para lá. Ali temos salas vazias, aluguéis baratos. A prefeitura tem condições de, além de incentivos fiscais para o segmento como um todo, especificamente para o Comércio, a gente ainda pode ser mais agressivo para que vocês possam se instalar lá.

O que posso garantir é que, como prefeito, caso seja eleito, vamos investir recursos públicos, se preciso for, para comprar a vacina para imunizar toda a população. O carnaval para sua realização depende das condições sanitárias. Me coloco à  disposição para dialogar, buscar entendimento para uma data única (com outras capitais), ouvindo vocês todos.

OLÍVIA SANTANA (PCdoB)

Precisamos criar um Congresso do Carnaval. A festa não pode ser tratada de maneira verticalizada, ela surge como sugestão popular que vai ganhando a cidade e o país. É preciso produzir cultura e viver do que se produz, além de democratizar o acesso. Carnaval não pode ser só carnaval. A festa tem que avançar, se modernizar e garantir a incorporação da riqueza do nosso povo. 

Precisamos atrair eventos na área do turismo de experiência, que tem crescido no mundo inteiro. Você chega no Boca de Galinha e em Neinha, no Subúrbio de Salvador, e encontra pessoas da Orla Atlântica, que vão comer lá. É preciso implantar uma política permanente de entretenimento que também inclua essa região. Temos que ter uma visão mais democrática para diversificar o setor de entretenimento. A prefeitura tem que democratizar as oportunidades, permitir que mais empresários possam chegar e prestar seus serviços. 

Salvador é um celeiro de grandes talentos, tem um povo criativo, forte e que precisa ser revelado. Temos que apostar, favorecer e valorizar as expressões artístico-culturais de nossa cidade. Não tenho problema com a grande indústria cultural, meu problema é quando se massacra quem está fora desse modelo produtivo. Acredito que é possível estabelecer uma política digna de remuneração dos artistas.

MAJOR DENICE (PT)

A candidata Major Denice (PT) havia confirmado, mas cancelou e enviou uma carta aos empresários com as suas considerações sobre os temas.

Reconhecemos que entre os eventos de verão, o carnaval tem um peso importante nos resultados financeiros das empresas integrantes do setor e na imagem projetada da Bahia. A pandemia é um desafio em comum para todas as cidades que têm essa mesma dinâmica. A retomada dependerá essencialmente da descoberta de uma vacina que permita dinâmicas de aglomeração. Enquanto isso não acontece, o poder público pode ser um agente importante no desenvolvimento de novos modelos de oferta de conteúdo enquanto indutor de políticas públicas de cultura e turismo.

Acreditamos que os protocolos de retomada devem ser realizados em processo de escuta com os agentes dos setores, de forma a conjugar cuidados gerais de saúde pública com especificidades setoriais.

A estrutura de um calendário estável permite melhor divulgação, melhor curadoria de eventos, melhor oferta de serviços. Há um potencial que pode ser ainda melhor aproveitado, trabalhando com nichos e territórios de cultura. Se pode fazer mais e colher mais resultados, a um custo menor. Este será um dos pontos que será definido logo no primeiro ano de gestão, para que estes ganhos de estabilidade possam ser colhidos. Para que eventos voltem a Salvador é fundamental o envolvimento de lideranças políticas e empresariais. A prefeitura fará sua parte nesse processo de captação.

Sem um poder público com capacidade de enfrentar os problemas crônicos da cidade, todos perdem, inclusive o setor de entretenimento. A prefeitura tem uma das menores arrecadações do Brasil, e toda receita é importante. Estaremos abertos para um diálogo sobre os possíveis modelos que permitam voltar dar liquidez ao setor sem desequilibrar as contas públicas municipais. Iremos revisar todas os tributos atualmente aplicados na cidade, com a prioridade imediata para o IPTU e demais taxas que impedem o crescimento.

A nossa gestão à frente da prefeitura revisará a lei municipal, que não tem sido utilizada. Por outro, entendemos que empresários que poderiam deixar parte do IR e ICMS aqui em Salvador, aplicados em eventos, não estão fazendo. Nem estamos atraindo patrocínio fora no potencial que temos. A prefeitura será assertiva para que a Lei Federal (Lei Rouanet) e a Lei Estadual (Fazcultura) permitam maior captação de recursos para eventos em Salvador.

O Pelourinho (e o Centro Antigo) é a região da cidade mais discutida, por décadas. Não falta reconhecimento da importância da área e sugestões. O foco da gestão será em termos uma boa governança para que os que atuam ou queiram vir para a região encontre boas condições para a atuação, assim como para implementação dos projetos prioritários identificados. Parte da estratégia é também fomentar os bairros do entorno (Praça Castro Alves, Comércio, Santo Antônio), aninhando o Pelourinho numa região que reforce mútua e positivamente os investimentos realizados no patrimônio histórico. Queremos transformar Salvador na capital do Patrimônio Histórico. O Centro Antigo da Cidade será o lugar mais importante para o desenvolvimento desse conjunto de ações.

Importante investir numa conjugação de planejamento inteligente, qualificação e design. A permanência na praia deve permitir uma boa experiência para o cidadão e visitante que frequenta a praia e uma segurança para os trabalhadores e empresários que escolhem oferecer serviços neste espaço. Para isso é fundamental um planejamento e qualificação. As soluções de design permitem singularizar a experiência de praia e sol com o contexto soteropolitano, mas sobretudo entendendo que a Economia do Mar e da Praia é parte estruturante da nossa vida na cidade e um dos principais atrativos para o turismo. No entanto, cada detalhe e planejamento precisa estar ancorado no cuidado com o meio ambiente.

Iremos incentivar os meios inovadores de projeção da imagem. A novela “Segundo Sol” é um case de sucesso que pode inspirar outros formatos de divulgação que sigam firmando o lugar de Salvador no imaginário das festas brasileiras, em complementação aos meios de divulgação mais tradicionais.

Nos últimos anos temos visto outras cidades investirem no carnaval de rua. Além dos tradicionais polos Salvador-Recife-Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte tem emergido como alternativas que vem ganhando espaço e se consolidando como concorrentes. Salvador deve saber aproveitar a singularidade da história de sua festa e a expertise empresarial desenvolvida. Isso passa por um debate que identifique os principais problemas e potenciais para que sejam priorizados no avanço do nosso modelo de festa, incluindo a revisão do modelo de patrocínio, para melhorar as atrações e os empreendimentos de maneira mais democrática.

PASTOR SARGENTO ISIDÓRIO (Avante)

O carnaval na Bahia todo gera R$ 2,5 bi em apenas 10 dias, só em Salvador R$ 1,8 bi. Isso aquece a economia, gera emprego, coloca comida na mesa do povo. É dever da atual administração planejar o carnaval 2021.

Através da nossa proposta "Observatório da Cultura" vamos acompanhar os projetos dos artistas, entender as necessidades e demandas dos movimentos culturais e buscar formas de investimentos para enriquecer a cultura da nossa Salvador.

CÉZAR LEITE 

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