Empresas desenvolvem e apoiam ações em prol da saúde ambiental 

Iniciativas entre indústrias e meio ambiente crescem cada vez mais no setor privado

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  • Da Redação

Publicado em 14 de junho de 2022 às 06:00

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Reciclagem, consumo sustentável, economia circular, neutralização de gases de efeito estufa, reuso da água e muitos outros  temas desta natureza ganham atenção especial em data como o Dia Mundial do Meio Ambiente, porém, cada vez mais cresce a necessidade de todo este repertório ser transformado em prática e estar na pauta de cidadãos e empresas todos os dias do ano. 

Uma iniciativa importante da sociedade deve ser a de “conhecer o que as empresas têm feito para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e/ou diminuir o impacto de seus negócios ao meio ambiente”. Este é o alerta do especialista Augusto Cruz, advogado, escritor, sócio da AC Consultoria, especialista em ESG e membro da Comissão de Governance Officer do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.

Segundo ele, a consciência sobre vida sustentável deve gerar ações práticas tanto por parte do cidadão quanto de empresas, pois todos têm responsabilidade quando o assunto é preservação do meio ambiente. Apesar de a Organização das Nações Unidas abordar a questão há anos, o envolvimento efetivo das empresas só se intensificou partir da criação do Pacto Global (2000) e, mais ainda, quando da realização da Conferência das Unidas para o Desenvolvimento Sustentável - Rio+20 (2012) com a publicação do documento “O Futuro que Nós Queremos”.

Hoje existe a pauta ESG e muitas empresas já se mostram comprometidas em implementar a agenda, porém, os desafios ainda existem. “O primeiro deles e, nesse momento, o mais importante, é a compreensão de o que é ESG e sua importância. A agenda de ESG deve integrar o direcionamento estratégico da corporação e, por conseguinte, permear ações executivas e operacionais, mas, ainda há necessidade de que a alta direção das organizações e seus CEOs tenham essa compreensão. Há quem confunda, por exemplo, governança corporativa com compliance, cumprimento de legislação trabalhista com combate às injustiças sociais e normas regulamentares sobre meio ambiente com neutralização de CO2”, destaca Cruz. 

Outro ponto que merece atenção por parte das empresas é a criação de indicadores viáveis e tangíveis referentes aos pilares do ESG: governança corporativa, meio ambiente e questões sociais. As corporações adotam indicadores mais palpáveis e de curto prazo em diversas áreas, mas muitos dos indicadores de sustentabilidade, agora ESG, especialmente no campo social e ambiental, remetem a métricas complexas. “Haja vista a necessidade de avaliação de impactos que somente serão realmente percebidos no médio e longo prazo”, ressalta.  A Wilsons Sons implementa práticas sustentáveis na unidade Tecon Salvador a exemplo da coleta de resíduos recicláveis (Foto: Divulgação) Empresas avançam em sustentabilidade

Na Bahia as companhias que atuam nos segmentos de energia, agroindústria, mineração, química, petroquímica e outras que, ao longo do tempo, foram obrigadas a seguir normas ambientais nacionais e internacionais, estão mais avançadas no quesito política de preservação. Desta forma, o estado tem grandes exemplos de corporações que atuam com total respeito às normas ambientais. “No entanto, precisamos avançar para que além do cumprimento da lei, as empresas também promovam a neutralização dos gases de efeito estufa gerados por seu negócio. Há, sim, iniciativas na Bahia nesse sentido, mas ainda são tímidas, principalmente porque carecemos de legislação clara sobre o assunto, haja vista que o recentíssimo Decreto 11.075/2022, traz mais dúvidas do que respostas para o complexo mercado regulado de carbono”, afirma o especialista.

No aspecto social,  estar em conformidade com o  “S” do ESG é muito mais amplo do que o cumprimento das obrigações trabalhistas. O avanço social engloba ações como formação e contratação de pessoas das comunidades do entorno do negócio, de capacitação dos(as) empregados(as) para não se tornarem irrelevantes em face das novas tecnologias, da inclusão de pessoas de grupos historicamente sub representados e outros assuntos. 

Em relação à governança corporativa (o “G” do ESG), as empresas brasileiras listadas, em especial, aquelas com papeis na B3, já seguem os requisitos do Indicador de Sustentabilidade Empresarial (ISE) que são bastante rigorosos. E, com o recente crescimento de empresas realizando IPOs, ou aquelas corporações que buscam investidores, há uma demanda crescente pela sistematização de boas práticas em governança corporativa.

Responsabilidade ambiental 

Nos mais diferentes segmentos de atuação, empresas amigas do meio ambiente buscam hoje não só patrocinar projetos de preservação, mas desenvolvem ações próprias, implementam processos de produção mais limpos e ajudam a melhorar o entorno de onde estão inseridas. 

“Este ano foi divulgado o Relatório de Sustentabilidade do Grupo, no qual foram evidenciados dados do compromisso da companhia em realizar atividades de forma sustentável. Trazendo essa prática para as realidades de cada negócio, iremos divulgar internamente os Indicadores Ambientais de 2021, bem como os desafios para 2022 da Unidade Tecon Salvador. Dessa forma, buscamos inserir, cada vez mais, a sustentabilidade e segurança em nossas operações”, ressalta Mikhaill Novais, gerente de Segurança, Meio Ambiente e Saúde da Wilsons Sons - maior operador integrado de logística portuária e marítima do mercado brasileiro, com mais de 180 anos de experiência.

Maior produtora de resinas termoplásticas nas Américas e a maior produtora de polipropileno nos Estados Unidos, a Braskem tem o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável, apoiando projetos que atuam com economia circular nas comunidades do seu entorno, estimulando a conscientização ambiental, gerando renda e fortalecendo a cadeia da reciclagem na Bahia.  

“Para reforçar esses pilares, no mês do Meio Ambiente, a companhia promoveu duas iniciativas nesse contexto: o Braskem Recicla, que ocorreu entre 3 e 12 de junho, em um shopping de grande circulação de Salvador, ampliando o alcance da ação, e o Plastitroque, realizado entre 9 e 15 de junho, em escola municipal de Dias d’Ávila, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Os dois projetos têm o objetivo de incentivar o consumo consciente, pós-consumo responsável, descarte correto de resíduos e reciclagem, com o intuito de demonstrar que precisamos mudar nossos hábitos no presente para construir um futuro mais sustentável. Nas duas ações, houve campanhas internas para estimular a participação dos integrantes no recolhimento de resíduos plásticos”, explica Magnólia Borges, gerente de Relações Institucionais da Braskem na Bahia. 

Já a Unipar,  maior empresa produtora de cloro e soda e uma das principais fornecedoras de PVC da América do Sul, entre outros projetos, está comprometida em fazer parte do ciclo de democratização do saneamento. “O Brasil tem somente 84% da população com acesso à água tratada e apenas 53% com coleta de esgoto nas residências, sendo que a média de acesso a estes serviços é de 87% e 68% se considerada toda a região, respectivamente.. Além de participar com a produção de itens essenciais para a construção de infraestrutura e para o tratamento de água em si, a companhia também assumiu compromissos com projetos sociais que impactam o desenvolvimento humano e ampliação do acesso à água tratada e esgoto especialmente nas comunidades onde suas fábricas estão localizadas”, ressaltou Mauricio Russomanno, CEO da Unipar.

Unipar desenvolve uma série de projetos ligados à sustentabilidade. (Foto: Divulgação) Conheça alguns projetos e ações sustentáveis realizados por essas três grandes empresas: 

WILSONS SONS: 

•Captação e reutilização de água da chuva: ativo desde 2018, o programa de captação e reutilização de água da chuva permite coletar água, tratá-la e redistribuí-la internamente para consumo. Desde então, foram reaproveitados mais de 10 milhões de litros de água da chuva. Em 2021, a porcentagem de água reaproveitada representou mais de 40% do total consumido.

•Reuso de águas cinzas: consiste em reaproveitar a água do chuveiro de vestiários para fins sanitários. Ativo desde 2017, já foram reaproveitados mais de 600 mil litros de águas cinzas, o equivalente a 50 mil descargas.

ETE (estação de tratamento de efluentes): esta opera em ciclo fechado, ou seja, todo efluente que produzido é tratado e retorna para lavagem de equipamentos. Nos últimos cinco anos foram reaproveitados quase três milhões de litros de efluente, que foram reutilizados na lavagem de quatro mil equipamentos.

•Graças a essas iniciativas, a Unidade Tecon Salvador foi o primeiro terminal do Brasil a ganhar o Prêmio Marítimo das Américas da Organização dos Estados Americanos (OEA) na categoria Portos Verdes. Para 2022, além das iniciativas citadas, as ações da operadora Wilsons Sons estão focadas na busca do “Aterro Zero”: resíduos, que antes eram encaminhados para Aterro Sanitário, estão sendo encaminhados para compostagem ou coprocessamento e, assim, poderão retornar à cadeia produtiva na forma de matéria-prima, gerando valor e reduzindo o impacto ambiental da destinação.

•A empresa também aderiu ao projeto Soma + Vantagens, focado no compartilhamento de valor e de boas práticas ambientais com comunidades do entorno. Através do programa, a população poderá disponibilizar seus resíduos recicláveis em contêineres e receber pontos que serão trocados por benefícios.

BRASKEM 

• A Braskem fechou em abril um contrato de compra de energia eólica com a EDF Renewables do Brasil. O acordo será âncora para viabilizar a construção de um novo complexo eólico no sudoeste da Bahia, contribuindo para a instalação de novas fontes de energia renovável no Brasil. Este é o quinto contrato de energia renovável de origem eólica e/ou solar de longo prazo que a Braskem firma em quatro anos e o segundo com a EDF Renewables, alcançando mais 150 MW médios de energia oriunda destas fontes, que representam cerca de 30% do portfólio da energia elétrica comprada no Brasil e colocam a Braskem perto de alcançar a marca estimada de 2,2 milhões de toneladas de CO2 em emissões evitadas apenas com estes contratos.

• Projeto multivariate process analysis (ProMV), desenvolvido com o apoio do Centro Digital da Braskem, nas plantas de Camaçari, otimiza o consumo energético da operação dos fornos de pirólise, equipamentos chaves na operação das centrais petroquímicas, e principais responsáveis pela demanda de energia.

• Eletrificação de equipamentos, equilibrando a matriz energética da unidade industrial em Camaçari. Na prática, substituiu-se o acionamento de equipamentos turbinados, como bombas e compressores, por motores elétricos de maior eficiência, operação interessante sob os aspectos de competitividade e sustentabilidade.

Projetos de sustentabilidade: 

• Braskem recicla: estação sustentável que apresenta conceitos de economia circular por meio de uma experiência interativa, estimulando mudanças de atitudes e adoção de hábitos de consumo consciência, descarte correto de resíduos e reciclagem. O projeto, realizado pela startup baiana Solos com patrocínio da Braskem, já contou com oito edições em diferentes cidades. Além de Salvador, já foi realizado em Porto Alegre (RS), Mauá (SP) e Rio de Janeiro (RJ). No total, a iniciativa impactou mais de 1 milhão de pessoas, tendo gerado cerca de R$ 167 mil em renda para as cooperativas de reciclagem parceiras. A edição mais recente do projeto aconteceu entre 3 e 12 de junho, no Salvador Shopping, contando com uma exposição sobre pós-consumo do plástico, jogo sobre o ciclo da reciclagem, além de um ponto de coleta de resíduos para pedestres e drive-thru para veículos. 

• Plastitroque: ação promove educação ambiental em municípios da Região Metropolitana de Salvador (RMS), por meio da troca de plásticos recicláveis por alimentos e itens de limpeza. A mais nova edição acontece até amanhã (15) no Colégio Laura Folly, em Dias d'Ávila, que possui em média 1.100 alunos no ensino fundamental e no EJA - Educação de Jovens e Adultos. Cerca de 150 crianças da Escola Creche Municipal São Francisco de Assis também participam da ação. O objetivo é estimular o despertar da consciência ambiental nos estudantes, que além de adotarem novas práticas, podem atuar como multiplicadores desse conhecimento com seus familiares e na sua comunidade. Os participantes trocam resíduos plásticos por moedas simbólicas, os Plasticoins, que podem ser acumulados e revertidos em alimentos e água sanitária. No ano passado, essa iniciativa ocorreu na comunidade do Caboto, distrito de Candeias, recolhendo 524 kg de resíduos plásticos, possibilitando a troca por 400 kits de higiene. Cerca de 400 pessoas foram impactadas pelo projeto. Este ano, uma ação paralela do Plastitroque é realizada também nas plantas industriais da Braskem, em Camaçari, com foco nos integrantes, que podem trocar plásticos recicláveis por brindes. Todos os resíduos serão coletados pela Cooperativa de Materiais Recicláveis de Camaçari (Coopmarc), que apoia a iniciativa desde a primeira edição, fazendo o transporte, armazenamento e a destinação correta do material.

• Edukatu: em parceria com o Instituto Akatu, o projeto disponibiliza rede de aprendizagem online para formação de professores sobre consumo consciente e sustentabilidade em Candeias e Dias d'Ávila. A iniciativa é realizada desde 2013 em parceria com a Braskem e secretarias municipais de educação, beneficiando cerca de 130 escolas, quase 480 docentes e mais de 3.300 estudantes na região (dez/21). Em 2021, atendeu também o município de Camaçari. 

• Casa So+ma: em parceria com a startup So+ma, uma unidade de arrecadação de resíduos recicláveis foi instalada em Camaçari, em 2021, estimulando na população do município uma reflexão sobre seus hábitos e orientando sobre os benefícios da economia circular.  Além de promover a adoção de práticas sustentáveis, o projeto gera renda para a cooperativa parceira e beneficia a comunidade com recompensas pela entrega de resíduos. Nos seis primeiros meses da ação, foram recebidas 430 recompensas, sendo que 77% foram alimentos, além de terem sido arrecadadas mais de 23 toneladas de resíduos. Esse volume representa a economia de 1,1 milhão de litros de água e evita a emissão de 51 mil kg de CO² e o desperdício de 62 mil kWh de eletricidade, de acordo com a Casa So+ma. Um total de 793 famílias se cadastrou no projeto, o que equivale a 67% dos moradores do entorno do Centro Comercial de Camaçari – “Feira”, onde a Casa So+ma está instalada. 

• Ser+: estimula o desenvolvimento socioeconômico por meio do fortalecimento da cadeia de reciclagem na Bahia, com foco em inclusão social e geração de renda. Essa iniciativa contribui com a capacitação de quatro cooperativas que atuam em Salvador e Região Metropolitana, ajudando a ampliar a renda dos catadores de recicláveis. Com apoio do projeto, os cooperados alcançaram uma renda média de R$ 1.703,57 no primeiro trimestre de 2022, o que representa um crescimento de 87% em relação a 2021. Nesse mesmo período, foram comercializadas 176,81 toneladas de resíduos, um aumento de mais de 200% em comparação aos três primeiros meses de 2021. 

• Corais de Maré: promove a restauração de corais nativos por meio de uma tecnologia inédita para acelerar o crescimento desses recifes a partir do uso do plástico, associado ao esqueleto do Coral-Sol, espécie considerada invasora, na Baía de Todos os Santos. A iniciativa, conduzida pela empresa Carbono 14 em parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA), o Instituto de Pesca Artesanal de Ilha de Maré (IPA) e com patrocínio da Braskem, avalia a capacidade de diversos materiais, como Nylon, Polietileno e PET, de induzir o desenvolvimento mais rápido do coral nativo, contribuindo para que eles ganhem altura e com isso aumente a sua complexidade estrutural.

UNIPAR 

•A companhia apoia um projeto piloto de implantação de biodigestores de resíduos orgânicos, produtores de gás e fertilizante na cidade de Criciúma, em Santa Catarina. A ideia é desenvolver o projeto ’Educação, Tecnologia e Transporte’ para promoção do desenvovlimento sustentável e da educação ambiental, em parceria com escolas públicas e organizações sociais locais, que teriam como alguns resultados tangíveis a redução do valor investido na compra de gás de cozinha e do descarte de materiais na rede de água e esgoto.

•Em relação às metas vale destacar uma medida que visa minimizar o impactos ambientais gerados pela companhia, melhorar a pegada de carbono, além de ampliar sua competitividade, que é a diversificação da matriz energética. O Brasil já tem uma matriz essencialmente limpa, e a intenção da Unipar é alcançar o patamar de 80% da demanda de energia por fontes renováveis. Para isso, a companhia está dando sequência ao seu planejamento que inclui a construção de três empreendimentos, sendo dois para geração de energia eólica e um parque solar, por meio de joint ventures com importantes players do mercado energético.

•Outra frente que merece destaque liderada pela Unipar é  preservação das áreas verdes e o apoio a diversos projetos de educação ambiental nas comunidades no entorno de suas unidades fabris. Em Cubatão (SP), por exemplo, há uma área verde de 650 mil metros quadrados, que inclui uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) e um Criadouro Conservacionista, ambos outorgados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). 

•Já em em Santo André (SP), a área de mata nativa preservada é 10 vezes maior do que a área de operação industrial, somando mais de 11 milhões de metros quadrados. Somente na área sul, a área verde da fábrica possui 8 milhões de m² e está próxima das comunidades de Rio Grande da Serra e Paranapiacaba. É uma reserva legal também utilizada para Pagamento de Serviços Ambientais (PSA) e captura de carbono. O projeto para a criação de um parque ecológico e um viveiro de mudas está em avaliação, com definição prevista para 2023. Na Bahia, onde a companhia está construindo um Complexo Eólico, um dos projetos criados nesse sentido foi a área de conectividade. Essa área permite a ligação natural entre duas APPs (Áreas de Proteção Permentes) existentes no local e tem como objetivo de preservar a fauna e a flora locais. 

O projeto Mundo Sustentável é uma realização do Correio com patrocínio da Unipar e Acelen, apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador, apoio da Braskem, Wilson Sons, AJL, Jotagê e ComDados.

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