Empresas que prometem ‘limpar nome’ falham em 60% dos casos

O SPC destaca que contratar uma empresa de negociação para quem já está endividado é um mau negócio

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  • Saulo Miguez

Publicado em 26 de junho de 2017 às 07:07

- Atualizado há um ano

A conta já é conhecida: um anúncio promete limpar o nome de consumidores inadimplentes no SPC e na Serasa, mais uma pessoa desinformada é igual a mais um golpe aplicado. Apesar de conhecida, a conta sempre acaba se repetindo. 

É isso o que aponta   levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), em parceria com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Segundo a pesquisa, 60% dos brasileiros inadimplentes que contrataram esse tipo de serviço (“limpamos seu nome no SPC e na Serasa”) não tiveram o problema  resolvido. E o pior:  apenas 28,5% receberam o dinheiro de volta. De acordo com a pesquisa, 33% das vítimas descobriram  a empresa pela internet, 31% receberam indicações de amigos e parentes, 13% viram os anúncios em jornais, 12% passaram em frente à empresa, 7% foram abordadas diretamente na rua e 4% receberam  panfletos. Ainda segundo o levantamento, 48% dos entrevistados mostraram-se arrependidos de ter contratado a assessoria para se livrar das dívidas.O diretor de negócios e operações da Câmara de Dirigentes Lojistas de Salvador (CDL-Salvador), Felipe Sica, alerta que a população deve ficar atenta às promessas de milagres. Felipe faz questão de ressaltar que, tanto a inclusão quanto a exclusão dos nomes no SPC (ou em outra empresas de cadastro), são feitos mediante pedido da empresa credora ao órgão.“Não há intermediários nesta negociação. Eventualmente, estas empresas podem terceirizar o serviço de cobrança, mas o nome só vai sair dos registros (do SPC) após a empresa credora fazer o pedido”, explicou o diretor ao CORREIO. Ele aconselha ainda que as pessoas que têm dívidas procurem as empresas ou o SPC.Promessas virtuaisEm relação às fraudes cometidas pela internet, Felipe conta que muitas mensagens, geralmente divulgadas por e-mail, sequestram dados dos usuários que acessam essas comunicações. “Muita gente cai no golpe por falta de conhecimento. Por isso que as pessoas devem estar atentas e não acessar esses sites ou abrir mensagens suspeitas (na caixa de e-mail)”, diz o diretor de negócios e operações da CDL - Salvador.Ainda segundo Felipe Sica, 99% das comunicações do SPC são feitas através de cartas enviadas pelos Correios. Ele conta que um projeto-piloto de comunicação via e-mail está sendo testado pelo SPC com duas empresas associadas.

“Ainda estamos em fase de aprimoramento e o trabalho está sendo feito com muito cuidado para que, quando ele entrar em ação, as mensagens enviadas não sejam classificadas como spam”, conta.O SPC destaca que contratar uma empresa de negociação para quem já está endividado é um mau negócio, sobretudo, porque a pessoa ganha mais uma dívida para pagar, uma vez que os serviços contratados não são gratuitos. De acordo com a pesquisa,  28,5% daqueles que contrataram uma empresa, mas não tiveram o nome limpo, conseguiram todo o dinheiro de volta. Outros 34% recuperaram parte dos recursos e 37,4% não recuperaram nada.Outro problema destacado por Felipe é o desconhecimento de aspectos importantes a respeito do serviço que promete a retirada de nome do consumidor inadimplente dos cadastros negativos de crédito, a exemplo do custo. 

Cerca de 50% dos consumidores que contrataram as empresas que oferecem esse serviço não sabem ou não se lembram quanto pagou (55,6%). A maior parte dos que se lembram (22,9%) desembolsou até R$ 300, enquanto 12,8% pagaram entre R$ 300,01 e R$ 1.000.Nome limpoPara tirar o nome do cadastro negativo dos órgãos de proteção ao crédito, o educador financeiro Edval Landulfo aconselha uma faxina nas finanças. A medida inclui rever gastos, replanejar o orçamento e até mesmo buscar uma atividade extra para melhorar a receita mensal. “A primeira coisa é levantar todas essas dívidas. Passar um pente-fino mesmo e identificá-las junto aos órgãos de proteção ao crédito”, diz. “Em seguida, é fazer as contas, rever o orçamento e planejar quanto pode ser destinado a estas negociações, sem que isso comprometa as despesas fixas”.Para o educador financeiro, vale a pena barganhar a redução de juros durante a negociação direta com as empresas credoras. “Por causa da crise econômica, muitos credores estão dispostos a negociar e a abater parte dos juros cobrados, muitas vezes até mesmo a sua totalidade, para que a dívida seja quitada”.Colaborou Priscila Natividade