Entenda a treta envolvendo o novo Mundial de Clubes da Fifa

Gigantes europeus afirmaram que vão boicotar o torneio, caso seja aprovado após congresso marcado para junho

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 15 de março de 2019 às 16:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: Rhona Wise/AFP

Nesta sexta-feira (15), a FIFA confirmou uma série de mudanças que já eram especuladas em torno de seus dois mundiais: o de clubes e o de seleções, também conhecido como Copa do Mundo. O Mundial de Clubes já tem martelo batido: a partir 2021 o torneio deixa de ser anual e passa a acontecer a cada quatro anos. O número de clubes também aumentou. Hoje, ele conta com 7 equipes, mas, com o novo formato, serão 24 clubes disputando o troféu, sendo oito europeus, seis sul-americanos e as outras vagas serão divididas entre os outros continentes.

A ideia é que o Mundial ocupe a vaga deixada pela Copa das Confederações no calendário da entidade. A antiga Copa foi extinta após a última edição na Rússia, em 2017, que acabou com a Alemanha campeã. O torneio vai acontecer no mesmo período, entre junho e julho.

Tudo parece muito bonito, mas na verdade não é bem assim que a banda vem tocando. Isso porque apesar da Fifa conseguir apoio interno com seu conselho, que também aprovou as medidas em relação à Copa do Mundo, a entidade máxima do futebol enfrenta uma resistência dos clubes - principalmente europeus.

A Uefa já havia sinalizado resistência ao Mundial. Também nesta sexta-feira os clubes europeus se recusaram a disputar a competição e formalizaram seu posicionamento através de uma carta publicada pela European Club Association, ECA (Associação de Clubes Europeus, em tradução livre) afirmando que se o torneio avançar, os clubes irão boicotá-lo.“Nós somos firmemente contra qualquer potencial aprovação de um Mundial de Clubes revisado. Nenhum clube do ECA faria parte”, afirmou o comunicado.A ECA ainda defende que nenhuma modificação seja realizada até o 2024 e que as mudanças propostas pela FIFA não são aceitáveis por conta do planejamento de competições que já existe. O documento foi assinado por representantes de 15 dos maiores clubes da Europa, a exemplo de Real Madrid, Ajax, Juventus, PSG, Barcelona, Bayern de Munique, Manchester United e Benfica.

Do outro lado, a Fifa afirma que realizou uma força-tarefa com representantes das federações e após avaliação de calendário entendeu que é possível que o Mundial aconteça nesse período e formato.“Houve muitas discussões construtivas, com o presidente da Uefa. Estamos avançando nesse assunto. Temos a responsabilidade de tomar decisões, e tomamos a decisão, e nas próximas semanas essas discussões vão dar frutos”, afirmou Gianni Infantino em coletiva que aconteceu hoje em Miami.Os clubes também se opõem ao aumento no número de participantes na Copa do Mundo de seleções. No atual formato, a Copa é disputada por 32 seleções mas a Fifa quer aumentar para 48 países participando da mesma edição.

Para os dois projetos saírem do papel, é necessário que a Fifa consiga aprovação durante um encontro que está marcado para junho na cidade de Paris, capital francesa. Trata-se do Congresso da Fifa, que reúne os 211 países filiados à entidade para votação.

*Com supervisão do subeditor Ivan Dias Marques