Escola Pugliesi: 7 micos de vacilões que desrespeitaram a quarentena

Listamos situações que exemplificam o que não fazer numa pandemia

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  • Hilza Cordeiro

Publicado em 23 de maio de 2020 às 12:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução/Twitter

Se puder, fique em casa. Esse pedido tem sido dito repetidamente na voz de autoridades em saúde e reproduzido todos os dias pela mídia no esforço de conter a disseminação do coronavírus no país. Não bastasse tudo de ruim que anda acontecendo, tem ainda uma galera vacilona que não só desrespeita o isolamento, como acha bonito postar isso nas redes sociais. 

Mas por que, mesmo com tanta repetição, ainda tem gente que não entendeu? Psiquiatra e autor do livro “Selfie, logo existo”, Marcelo Veras de cara adianta que sempre haverá quem não aceite as leis universais impostas. A violação de regras sempre existiu. O médico explica que a psicanálise costuma tratar essas exceções da seguinte maneira: nem todo o conhecimento é suficiente porque, às vezes, as pessoas são tomadas pela autodestruição. 

Para alguns dos indivíduos, não adianta, por exemplo, colocar no verso da embalagem de cigarro que o hábito de fumar pode gerar gangrena, câncer, impotência e até morte. Expor o horror não basta para fazê-los deixar de fumar. Obviamente, é importante estimular que as pessoas fiquem em casa para conter o coronavírus, mas dizer “você vai matar, você vai morrer” pode não ter efetividade completa em todo mundo.

O psicanalista separa em dois tipos as pessoas que estão frequentando as ruas por razões não essenciais. Um grupo é formado pelas que cultivavam um ritmo de vida e que precisam daquele movimento de tal forma que chega a ser um desespero ficar trancado. E aí, parte delas, quando resolvem sair, chega a fazer isso até com uma certa culpa. 

Mas há também o grupo dos negacionistas. No caso brasileiro, esses indivíduos têm sido vistos associados a um processo de politização da pandemia. “Polarizam de uma maneira tão grande que não suportam a ideia e vão às ruas quase como um sinal de afrontamento”, indica Veras.

Para o psiquiatra, o debate sobre ficar em casa ou não passa por polarização chancelada pelo presidente Jair Bolsonaro. O episódio mais recente da cloroquina versus tubaína é um exemplo claro disso.

Maior expoente das polêmicas sobre o assunto, a blogueira baiana Gabriela Pugliesi sente o peso do descumprimento das regras. Depois de ter sofrido linchamento virtual e perda de contratos por dar uma festa em casa, ela optou por sumir das redes sociais.

Tendo reconhecido o vacilo, a moça pediu desculpas, mas o arrependimento foi inócuo. No tribunal da internet, pedidos de perdão não têm sido suficientes. Mas o psiquiatra defende que ouvir as pessoas que erraram, ao invés de só apontar, pode fazê-las repensar as atitudes.

Em Feira de Santana, onde já há mais de 270 casos confirmados de covid-19, uma conta anônima no Instagram adotou um método pouco convencional: expor as pessoas “sem noção” que estão furando a quarentena. Criado em 14 de abril, o perfil Vacilo Covid FSA denuncia atividades em bares e postos de gasolina, além de festas e encontros de amigos.

Inaugurado em 14 de abril, a iniciativa já tem mais de 4,1 mil seguidores. Quando surge um “infrator” chateado por aparecer lá, o recado é esse: Quem não quer a foto exposta no Vacilo Covid, é só não sair na rua. 

CONFIRA LISTA:

1. Ó a invenção: Aniversário de 15 anos no meio da rua na Pituba (Imagem: Reprodução/Twitter) A ideia de agradar uma debutante com uma festinha no meio da rua terminou dando muito errado. O plano era fazer uma carreata em volta da praça do Loteamento Aquarius, na Pituba, para cantar parabéns para uma garota e assistir, do interior dos carros, uma valsa dela com o pai. No entanto, os convidados resolveram parar os veículos e descer para dançar com a menina. Resultado? O evento causou aglomeração e congestionou o trânsito da rua. A Transalvador foi chamada no local após denúncias de moradores, que também ficaram incomodados com o barulho contínuo de buzinas, carro de som e fogos de artifício. Na ocasião, a Pituba seguia como líder de casos de covid-19 em Salvador.

2. Reis do deboche: Polícia flagra adolescentes indo para CovidFest em Ipiaú (Foto: Divulgação/PMBA) Amontoados em cima de uma caminhonete, cerca de 20 adolescentes foram parados pela polícia em Ipiaú, no interior da Bahia. Quando foram perguntados para onde iam, nem se constrangeram em responder: — Para a CovidFest. O caso aconteceu no fim de abril, quando a cidade tinha 25 casos confirmados da doença e já vinha adotando toque de recolher. Os envolvidos foram encontrados às 21h, descumprindo a medida, que proibia a circulação após às 20h. Para completar, o motorista nem habilitação tinha. Resultado? Todo mundo foi levado para a delegacia e o carro foi apreendido. 

3. Mó rolê errado: Vestindo camisa do Bahia, Bolsonaro passeia de jetski (Imagem: Reprodução/Twitter) Na data em que o Brasil ultrapassou 10 mil mortes causadas pelo novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro resolveu passear alegremente. De jet ski, com um guarda-costas coladinho na garupa, o mandatário do país deu uma voltinha no Lago Paranoá usando uma camisa do Bahia. No caminho, encontrou uma galera fazendo um churrasco a bordo de uma lancha e parou para trocar ideia. Todo mundo estava sem máscaras e o presidente ainda chamou a pandemia de “neurose”.

4. Surfista e corredor de orla: os dois a 80 Km quem vacila mais?

Com a maior faixa de litoral do país, a Bahia é mesmo irresistível. É por isso que nossos fotógrafos têm flagrado surfistas e corredores de orla se revezando na competição de quem vacila mais. Atletas de ponta, eles pulam os obstáculos de interdição colocados nas praias e ainda conseguem fugir dos fiscais da Prefeitura de Salvador. De tanto ouvirem sobre curvas e ondas de casos, os corredores e surfistas devem ter achado que era com eles. A prefeitura criou até uma operação, batizada de Praia de Bulhosa, para inibir a presença inconveniente destes esportistas tanto na faixa de areia quanto no mar.

5. Bastidor aglomerado: Jorge e Mateus fazem live lotada (Imagem: Reprodução/Redes Sociais) Por falar em live, os sertanejos Jorge e Mateus receberam uma chuva de críticas dos próprios fãs por realizarem uma superprodução com muita gente envolvida. Chamou atenção de parte do público uma foto com mais de 10 pessoas trabalhando para que o vídeo do show fosse ao ar. A imagem dos bastidores foi postada nas redes sociais pelo restaurante onde foi feita a transmissão. Na live seguinte, parece que eles aprenderam a lição. Os cantores optaram por um show ao ar livre e foram filmados de longe.

6. Viralizou: Gabriela Pugliesi deu festa em casa e virou a professora de vacilo (Imagens: Reprodução/Instagram) Quem aprendeu sobre o que não é legal fazer na quarentena tem que dar os créditos do aprendizado à professora: a blogueira baiana Gabriela Pugliesi. Nossa menina errante deu uma festa em casa para recepcionar outra baianinha, recém-saída do BBB, a modelo Mari González. Pugliesi parecia ter esquecido que ela própria já tinha sido infectada pelo vírus no casamento da irmã, em Itacaré. O evento foi apontado como o disseminador da covid-19 no Sul da Bahia. 

7. Fora de hora: Live de Talisca interrompida por zoada e ele dá desculpa Uma live promovida pelo jogador Anderson Talisca foi interrompida enquanto era gravada num condomínio de luxo em Lauro de Freitas. A Polícia Militar foi até o local por volta das 21h após receber denúncia de descumprimento do toque de recolher na cidade, que impede não só a circulação de pessoas, mas também a atividade sonora no intervalo das 20h às 5h. No dia, o jogador fazia uma transmissão ao vivo com a sua banda, a Swing do T10. Com a chegada dos policiais, Talisca chegou a justificar aos espectadores que a live seria encerrada porque um familiar de um músico havia sofrido um problema de saúde. Sei...