Escritórios do futuro: veja as habilidades necessárias para trabalhar nestas empresas

Especialistas comentam as tendências; inovação e satisfação pautam novo modelo

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 14 de outubro de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Evandro Veiga/ Arquivo CORREIO

Espaços amplos, com colaboradores de áreas diferentes atuando em conjunto para  promover resolução de problemas sob óticas diversas; respeito às diversidades; trabalho remoto; inovação e conectividade. O escritório do futuro está mais perto do que se imagina e vem sendo implantado tanto por  grandes organizações como o Grupo Boticário e a Ford, até em startups como as baianas Closet ou EvEx. Os especialistas garantem que, embora gradativa, essas mudanças vieram para ficar e prometem criar um cenário de disrupção nas relações de trabalho.

De acordo com a vice presidente da seccional baiana da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) Elisa Chies, esse novo formato de trabalho não é uma imposição, mas uma necessidade de um mercado que percebe que colaborador satisfeito e estimulado é muito mais produtivo e capaz de oferecer respostas criativas, com maior engajamento em relação à organização.

“Esse espaço de trabalho que vem se estabelecendo tem um formato de Fab Labs, ou seja, laboratórios de fabricação, onde a inovação e a tecnologia predominam, favorecendo a flexibilidade cognitiva para resolução de situações diversas”, esclarece. A representante da ABRH salienta ainda que nesses espaços o trabalho não precisa estar concentrado numa sede física. “O trabalho pode ocorrer remotamente, possibilitando que o colaborador entregue os resultados estejam onde estiverem”, explica. 

Os escritórios da PwC no Brasil e em Salvador, por exemplo, há quatro anos adotaram um programa chamado de Flextime. Nele, o colaborador pode realizar suas entregas fora do ambiente laborativo. De acordo com o sócio-líder da PwC no Nordeste, Luciano Sampaio, a opção de trabalhar remotamente pode ser usada sempre que o colaborador precisar, desde que previamente acertado com o líder da área.

“O programa foi, na política de benefícios da empresa, uma das iniciativas mais impactantes, pois verificamos que a iniciativa simples ampliou os indicadores de equilíbrio da vida pessoal e profissional, ampliando a satisfação dos colaboradores”, diz o representante da PwC. 

Ele salienta que o home office  garantiu que o mesmo volume de trabalho passasse a ser entregue num tempo menor e com melhor qualidade, além de ter ajudado a empresa a economizar nas contas de energia. “Sinceramente, a implementação desse programa - que contempla outras ações - foi determinante para a empresa de um modo muito positivo e acredito que as empresas que não começarem a pensar nessa proposta terminarão perdendo muita mão de obra”, diz. 

Satisfação

Na verdade, a satisfação será um valor importante no escritório do futuro, especialmente num contexto onde as doenças mentais provocadas pelo trabalho crescem. Só para se ter uma ideia do impacto disso, basta lembrar que, no Brasil, os transtornos mentais e comportamentais são a terceira causa de incapacidade para o trabalho. 

Um levantamento realizado pela Secretaria da Previdência mostrou que os episódios depressivos são a principal causa de pagamento de auxílio-doença não relacionado aos acidentes de trabalho, equivalendo a 30,67% do total, seguido de outros transtornos ansiosos, que perfazem 17,9% dos casos. “Esse espaço de trabalho precisa promover a convivência e a qualidade de vida, por isso  ele tem cafés internos, bares, despertam a autonomia, a colaboração e uma diversidade de compreensões e vivências”, completa.

Na PwC, além da assistência médica e odontológica, há um serviço de suporte em regime de plantão, onde o colaborador pode contar om um apoio inicial de psicólogo, médico e até mesmo advogado. “A empresa entende que ninguém com problemas trabalhará bem, então esse suporte é oferecido para dar uma orientação inicial, especialmente para auxiliar as questões que envolvam a saúde mental”, diz Luciano. 

Ele afirma que a empresa possui uma especial preocupação com as questões relacionadas à família do colaborador e, por isso mesmo, também possui um programa voltado para as gestantes, sejam elas colaboradoras ou esposas de colaboradores, além de licenças maternidade e paternidade estendidas: 180 dias para elas e oito semanas para eles, sendo que, para os pais, o benefício pode ser gozado ao longo do ano. 

Alinhamento

Elisa Chies destaca ainda que as contratações nesse ambiente ocorrerão através do uso da inteligência artificial e que a busca de profissionais será norteada através do alinhamento de valores e propósitos. “Os profissionais não devem estranhar, mas entrevistas por vídeo e simulações de realidade virtual serão mais comuns nos processos seletivos”, diz.  O alinhamento com os valores e propósitos vão além da seleção e se expressarão nas relações mantidas com os profissionais.

Luciano Sampaio salienta que o interesse real da empresa com a felicidade do colaborador precisa ser demonstrado com ações concretas e não apenas com palavras motivacionais. "Na empresa, temos presentes oferecidos em datas especiais como o nascimento de um filho e o casamento do colaborador, que ganha um plus de 20% de adicional no salário do mês das bodas", esclarece.

Para ele, as ações aliadas ao comportamento dos líderes e gestores é pautado na compreensão de que a empresa é composta por pessoas e essas mudanças devem ser reais. 

COMO SERÃO AS EMPRESAS DO FUTURO

Espaços amplos  O escritório do amanhã está pautado num formato de Fab Labs, ou seja, laboratórios de fabricação, onde a inovação e a tecnologia predominam e colaboradores de áreas diversas atuam juntos em nome de soluções comuns.

Diversidade As diferenças serão vistas como qualidades capazes de oferecer riquezas de olhares diversos para um mundo igualmente plural.

Remoto  O trabalho poderá ser entregue de qualquer local, sem que haja a necessidade da presença física na firma. As jornadas serão flexíveis, para equilibrar lados pessoal e profissional.

AS HABILIDADES PARA TRABALHAR NO ESCRITÓRIO DO FUTURO

Resolver problemas O profissional do futuro precisa usar a criatividade e a inventividade na solução de problemas que poderá ser compartilhada por profissionais de áreas diversas.

Aprender a prender A flexibilidade cognitiva é uma das exigências desse profissional do futuro, que precisará, constantemente,  aprender e reaprender num mundo em constante transformação.

Empatia  A capacidade de se colocar no lugar do outro denota inteligência e bondade, que são características fundamentais num novo contexto laborativo.

Trabalho em equipe Trabalhar em grupo, colaborando, contribuindo, ajudando e sendo auxiliado sempre que houver necessidade. Posturas egoístas e personalistas não são bem vistas dentro desse cenário disruptivo.