Especialistas apresentam soluções conjuntas para a Região Metropolitana de Salvador

Metrópole Baiana, primeiro seminário da terceira edição do Fórum Agenda Bahia, discute estratégias para a criação de cidades mais sustentáveis

  • Foto do(a) author(a) Rachel Vita
  • Rachel Vita

Publicado em 4 de novembro de 2012 às 13:36

Quando você monta um quebra-cabeça cada uma das peças tem a sua função. Muitas vezes é difícil, especialmente no começo, encontrar aquelas peças-chave que servem quase como ímã para atrair as seguintes. Você pega uma, descarta, usa outra, descarta, escolhe a terceira.... até completar seu objetivo. A (re)construção de uma cidade segue a mesma complexidade.

No seminário da última quarta-feira, Metrópole Baiana, o presidente da Fieb, José Mascarenhas, em sua elogiada palestra, usou uma frase para explicar como um planejamento bem feito pode tornar uma cidade mais sustentável. “São peças que se encaixam”, lembrou. Não adianta “esparadrapos”, para usar mais um termo do experiente presidente da Fieb. É preciso fazer conexão, como citou o arquiteto e consultor internacional, Carlos Leite.

Primeiro seminário do Fórum Agenda Bahia lotou o auditório da Fieb (Fotos: Marina Silva/CORREIO) Para a cidade ser viva e voltada para seus moradores, ela deve ser pensada como um todo, destacou o espanhol Manuel Herce, um dos responsáveis pela transformação de Barcelona. Pode ser construída aos poucos, como em um quebra-cabeça de mil peças, mas planejada numa mesma direção.

Sem copiar integralmente modelos externos, mas respeitando suas multiplicidades e sua história, como lembrou Sergio Magalhães, um dos criadores do projeto que urbanizou favelas do Rio de Janeiro, o Favela Bairro.

Um planejamento urbano para dar certo, reforça Magalhães, também deve seguir outra estratégia: a qualidade na prestação do serviço público, como recolhimento de lixo, acesso à água, etc...

Na entrevista à rádio CBN, para uma série sobre o tema do seminário, perguntei a Sergio Magalhães se o Favela Bairro precisava evoluir. O especialista afirmou que o projeto ainda era atual, mas faltava uma pecinha, identificada após sua implementação. As obras abriram ruas e incluíram os moradores das comunidades carentes. Mas a prefeitura, que fez a obra, não se preparou para essa nova demanda e não aumentou seu quadro em número suficiente para oferecer os novos serviços.

Fica a dica dos especialistas que participaram do fórum: uma cidade só pode ser sustentável se estiver conectada com os seus moradores.

Futuro das cidades 

O presidente da Rede Bahia, Antonio Carlos Júnior, fez a abertura do seminário Na abertura do seminário Metrópole Baiana, o presidente da Rede Bahia, Antonio Carlos Júnior, falou sobre o desafio de planejar e executar projetos para solucionar problemas para a Região Metropolitana de Salvador. Lembrou que a grande virada econômica da Bahia, nos anos 1970, ocorreu com a implantação do Polo Petroquímico em Camaçari. O complexo industrial inseriu a Bahia no mapa de desenvolvimento econômico e garantiu a unificação da região que hoje concentra 40% do Produto Interno Bruto do estado.

“Há 40 anos, 65% da economia baiana era baseada na cultura do cacau. A implantação do Polo Petroquímico pelo então governador Antonio Carlos Magalhães mudou o perfil econômico da Bahia. O que fatalmente aconteceu com o cacau, com a vassoura de bruxa, poderia ter acabado coma economia do estado”, lembrou Antonio Carlos Júnior durante o seminário, promovido pelo jornal Correio e pela rádio CBN, com apoio da FIeb.  “O Polo lançou a semente da região que discutimos aqui hoje”, acrescentou.

Hoje, as 13 cidades da RMS diversificaram suas atividades econômicas e também seus problemas. Mas alguns deles, como engarrafamentos e falta de infraestrutura e logística, são problemas comuns entre todas elas. “A questão que afeta uma cidade impacta diretamente no funcionamento da outra.  O momento é propício para debatermos essas questões e planejarmos juntos o futuro dessas cidades”, disse o presidente da Rede Bahia.