Especialistas querem trazer a tecnologia para o dia a dia das pessoas

Ideia é usar potencial das máquinas para unir os humanos

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  • Andreia Santana

Publicado em 12 de novembro de 2018 às 06:25

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marina Silva/CORREIO

“Tem muita empresa de tecnologia, muita startup, procurando problemas para a solução que ela inventou”. A provocação de Conrado Schlochauer é uma frase da autora Tônia Casarin, amiga do embaixador da Singularity University, citada por ele durante o painel ‘Humanize[se]: Como homem e máquina podem andar juntos nessa nova era tecnológica?’, no encerramento do Fórum Agenda Bahia 2018.

Com a frase, Schlochauer, que é especialista em aprendizagem de adultos, quis desmistificar a ideia de que a tecnologia é algum tipo de magia que resolve todas as demandas da humanidade. 

“A tecnologia é um meio de acesso para a compreensão do mundo. Mas é preciso fazer um esforço para trazer a tecnologia para o dia a dia, porque é preciso que mais gente fale essa linguagem e tenha acesso a esses novos instrumentos. A tecnologia tem potencial para unir as pessoas e unir conhecimento”, afirmou Conrado.

Além dele, também participaram do painel moderado pela comentarista da GloboNews Flávia Oliveira, o designer norte-americano e presidente da RKS Design, Frank Tyneski,  a diretora de projetos do Olabi MarkerSpace e idealizadora da PretaLab, Sil Bahia, e Marcelo Arantes, administrador e vice-presidente Global de Pessoas, Marketing, Comunicação Empresarial e Desenvolvimento Sustentável da Braskem.

Costura hightech 

No palco, os quatro especialistas que atuam em áreas diferentes, fizeram exatamente o que propõe Conrado Schlochauer: compartilharam com o público do Agenda Bahia suas compreensões de mundo a partir dos usos da tecnologia como meio e não um fim em si mesma.

Sil Bahia, por exemplo, dividiu com a plateia a forma de atuação da Olabi, organização social focada em tecnologia, inovação e diversidade, que nasce no contexto da cultura maker (faça você mesmo). Segundo ela, na Olabi, entre as muitas atividades promovidas, estão as oficinas de costura hightech (de alta tecnologia), que misturam tecnologias artesanais com impressão 3D e eletrônica aberta. 

“As tecnologias têm de ser um incentivo a uma nova forma de pensar mais do que para colocar no currículo. Sempre digo que a maior habilidade que qualquer pessoa pode ter nesse mundo onde a única certeza é a incerteza, é aprender sempre, porque a gente ainda não sabe muito bem  sobre essas mudanças e os impactos dela”, opinou Sil Bahia, ela mesma dando mais um ponto na ‘costura hightech’ representada pelo debate que reuniu quatro visões de mundo.

Ainda de acordo com Sil Bahia, o que falta é mais estímulo ao aprendizado e menos preconceito com a cultura do’ faça você mesmo’.  “Independente de ter 15 ou 65 anos, aprender é fundamental, mas a gente não é estimulado. Todos os aparatos novos que usamos na Olabi têm  esse foco de estimular que as pessoas experimentem", acrescentou.

Manufatura flexível

Alinhavando a costura do debate com sua experiência de designer, o americano Frank Tyneski reforçou que nessa era das máquinas, valorizar as pessoas, suas experiências e aprendizados é, inclusive, uma forma de negócio que tem muito mais chances de sucesso.

“Não existe design efetivo sem compreensão das pessoas. Sem isso, não é possível. Os novos tempos requerem uma manufatura flexível. Os novos produtos têm de estar de acordo com as experiências das pessoas. Então, quem trabalha com isso, precisa ter a mente aberta. O design mais bonito e melhor é aquele que foca na qualidade das experiências profundas das pessoas”, ensina o especialista.

Arrematando a bainha da colcha de opiniões costurada pelos quatro especialistas, contribuindo com a visão de alguém que atua na área corporativa, Marcelo Arantes advertiu que é sempre bom lembrar que “por trás da tecnologia existe gente. A Braskem acordou para isso há um ano e meio, porque o mundo está mudando e vai mudar ainda mais”.

Para Marcelo, as empresas terão de abraçar a máxima que diz que toda transformação começa nas pessoas.

O Fórum Agenda Bahia 2018 é uma realização do jornal CORREIO, com patrocínio da Braskem, Sotero Ambiental e Oi, apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador, Consulado-Geral dos EUA no Rio de Janeiro, Federação das Indústrias da Bahia (Fieb) e Rede Bahia; e apoio do Sebrae e da  VINCI Airports.