'Esta infeliz matou meu filho', diz pai do menino Henry após prisão de ex-mulher

Dr. Jairinho, que também foi preso, classificou o episódio como 'injustiça'

  • D
  • Da Redação

Publicado em 8 de abril de 2021 às 08:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Acervo Pessoal

"Esta infeliz matou meu filho. Meu filhinho deve ter sofrido muito". Foi assim que o engenheuro Leniel Borel de Almeida, pai do menino Henry Borel, reagiu a prisão da ex-mulher, Monique Medeiros, e do namorado dela, o vereador Dr. Jairinho, ocorrida na manhã desta quinta-feira (8).

Durante entevista a TV Globo, o engenheiro chegou a dizer que estava passando mal. Durante a madrugada, antes mesmo de saber das prisões, Leniel postou uma homenagem ao filho, que completa um mês de morto nesta quinta, e pediu "desculpas" por não ter conseguido protegê-lo.

“30 dias desde que te dei o último abraço. Nunca vou esquecer de cada minuto do nosso último final de semana juntos. Deixar você bem, cheio de vida, com todos os sonhos e vontades de uma criança inocente. Desculpa o papai por não ter feito mais, lutado mais e protegido você muito mais. Confiamos que Deus fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu juízo como o meio-dia”, disse o pai em uma rede social.

Segundo a polícia, o vereador Dr. Jairinho teria praticado pelo menos uma sessão de tortura contra Henry semanas antes da morte da criança. Ainda segundo as investigações, a mãe sabia de agressões. Jairinho teria se trancado no quarto para bater no menino.

O casal foi preso na manhã desta quinta-feira (8) por terem atrapalhado as investigações da morte da criança. Eles estavam na casa de parentes de Monique em Bangu, na Zona Oeste do Rio.

'Injustiça' Após ser preso, o vereador Dr. Jairinho disse na delegacia que tudo não passava de uma “injustiça”. O casal estava na casa de uma tia de Dr. Jairinho, em Bangu, no Rio de Janeiro, antes de serem levados para o distrito policial. A dupla era monitorada pela polícia há dois dias. 

Os mandados de prisão temporária, de 30 dias, foram expedidos na quarta-feira (7), pelo 2º Tribunal do Júri da Capital. 

Entenda o caso O menino Henry Borel, 4 anos, deu entrada já sem vida em um hospital do Rio na madrugada do dia 8 de março, com vários ferimentos contundentes no corpo. O padrasto, o vereador Dr. Jairinho (Solidariedade), e a mãe, Monique, disseram que tinham achado a criança caída ao lado da cama, já desacordado.

A polícia já ouviu 18 testemunhas na investigação, incluindo a mãe, padrasto, o pai, o engenheiro Leniel Borel de Almeida, e a avó de Henry, Rosângela Medeiros da Costa e Silva. Três médicas do hospital para onde o menino foi levado, vizinhos, a babá, a professora, a psicóloga e duas ex-namoradas de Jairinho também prestaram depoimento, entre outros.

A psicóloga que acompanhava Henry desde fevereiro foi a última a ser ouvida até agora. Ela contou que Monique a procurou relatando que o filho não queria ficar na sua casa e parecia ter dificuldades para se adaptar à separação dos pais. Ela fez cinco consultar com Henry, que segundo a profissional mostrava ter afeto pelos avós maternos e só falou de Jairinho uma vez, no último encontro.

Monique reclamou para a psicóloga também que o filho não queria mais ir para a escola, depois de 20 dias de aula. A professora do garoto foi ouvida também pela polícia, mas disse não ter notado nenhuma anormalidade na criança. 

Na referência ao padastro, Henry disse apenas que morava com "um tio" na sua casa. Questionado, ele afirmou que era "Tio Jairinho", mas não deu sinais de ter medo do padrasto. Em seguida, disse que sentia saudades do pai.

Material apreendido Na semana passada, 11 celulares e laptops de Monique, Jairinho e Leniel foram apreendidos pela polícia. Um dos aparelhos do casal teve mensagens de um aplicativo apagadas e agora peritos tentam recuperar. 

Segundo o telejornal "RJ2", da TV Globo, uma análise preliminar nos aparelhos apontou que as mensagens foram apagadas em um dos celulares apreendidos que estavam na casa de Jairinho. Na casa de Monique, quatro celulares foram confiscados e, em ao menos um deles, também tem diversos diálogos suprimidos.

"Se apagaram ou não, não tenho essa informação. (...) Não conheço essa informação. E também não estranharia se apagasse porque é comum as pessoas apagarem as mensagens dos celulares. Eu, por exemplo, apago", disse o advogado André França Barreto, que representa o casal.

Depois da apreensão, na sexta, Barreto disse que Monique notou que o celular tinha sido invadido por um hacker e tentou registrar a ocorrência na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, mas por não conseguir fez o BO na Delegacia de Polícia da Barra da Tijuca.