Estações de transbordo voltam a ter 100% da frota de ônibus nos horários de pico

Salvador terá também operações assistidas de reforço em algumas avenidas

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  • Da Redação

Publicado em 27 de outubro de 2020 às 10:47

- Atualizado há um ano

. Crédito: Evandro Veiga/Arquivo CORREIO

As frotas de ônibus que atendem às estações de transbordo voltam a partir desta terça-feira (27) a rodar com 100% da capacidade nos horários de pico, segundo anunciou o prefeito ACM Neto em coletiva on-line.

Os horários de pico são das 5h30 às 8h30 e das 16h30 às 19h30. Funcionarão com 100% as 43 linhas da estação Pirajá, com frota de 309 ônibus; 37 linhas da estação da Lapa, com 259 ônibus; 25 linhas da estação Mussurunga, com 165 ônibus, e 20 linhas do Acesso Norte, com 104 ônibus. 

Com isso, dos 2.214 coletivos da frota total de Salvador, 1.900 estarão circulando. "Os outros 314 ônibus voltarão à medida que a demanda continuar aumentando. Especialmente me refiro à volta da educação. À medida que voltarem as aulas, esses ônibus voltarão", disse o prefeito, afirmando que deve tratar de mais detalhes sobre a retomada das aulas esta semana.

Salvador terá também operações assistidas, que vão atuar em algumas das principais avenidas da cidade, como na Avenida Afrânio Peixoto (Suburbana), Avenida São Rafael (São Marcos) e Rua Silveira Martins (Cabula). O objetivo é reforçar a oferta de ônibus quando necessário, com ações táticas e de direcionamento específico.

O prefeito apresentou números que mostram que houve uma redução de 66% da demanda de passageiros de março a julho, comparando com o período pré-pandemia. Com a retomada de atividades econômicas, houve recuperação de apenas 26% da demanda, de agosto a outubro. 

Repercussão A decisão de ampliar a frota nas estações de transbordo nos horários de pico agradou a rodoviários e passageiros. Para a promotora de vendas Juliana Reis, 26 anos, a notícia foi um alívio. Ela trabalha em um shopping center, usa o transporte público todos os dias, e contou que estava preocupada.

“Por mais que a gente se proteja em casa e na rua, no ônibus há uma exposição danada. Como eles estão reduzidos, estão sempre muito cheio. Além disso, os ônibus estão demorando muito para passar. Espero que agora a gente perca menos tempo nas estações”, disse.

O atendente de call center Rafael Pinheiro, 23, também aprovou a medida, mas fez algumas ressalvas. “A gente precisa de mais ônibus na cidade toda. Por mais que algumas medidas [restritivas] da Prefeitura ainda estejam valendo, a verdade é que quem tem emprego já voltou a trabalhar, então, está todo mundo nas ruas”, contou.

Ampliar o número de coletivos circulando em Salvador é uma medida defendida também pelo Sindicato dos Rodoviários, mas por outro motivo. O vice-presidente da instituição, Fábio Primo, contou que a categoria está com os salários reduzidos por conta da redução da frota e que teme pelos empregos.

“Nosso desejo não é que tenha 100% da frota apenas nos horários de pico, mas, sim, durante todo o tempo. Estamos com redução de salário, e se a frota voltar a 100% a nossa jornada de trabalho voltará ao normal. Esse é o nosso desejo. É plausível essa decisão da Prefeitura e a gente espera que, assim que possível, seja estendido 100% para todos os horários”, afirmou.

Prejuízo Ele contou que as despesas da Prefeitura com o transporte público durante a pandemia estão em R$ 107 milhões. O montante foi o que impediu o colapso do sistema. Estão sendo gastos R$ 5 milhões em vale-transporte para uso em programas sociais pós-pandemia, R$ 55 milhões com intervenção na concessionária CSN e R$ 47 milhões com a indenização das outras duas concessionárias da diferença entre os custos operacionais e a arrecadação do sistema.

Apesar das dificuldades, Neto descartou a possibilidade de aumento o preço da passagem. "Está descartado o aumento de tarifa. Não há hipótese da prefeitura colocar um centavo a mais na tarifa, onerando as pessoas. Porque a gente sabe que o passageiro não tem como pagar essa conta", disse o prefeito.

Assessor de relações sindicais da Associação das Concessionárias do Serviço de Transporte Público de Passageiros por Ônibus Urbanos de Salvador (Integra), entidade que representa as empresas de ônibus da capital, Jorge Castro comentou a decisão da gestão. “A prefeitura tem a ordem de serviço, é ela quem determina e, é claro, a obrigação da gente é atender a ordem e ver o melhor possível para a população”, disse.