Estado de saúde de Orlando Tapajós, construtor de trios elétricos, é grave

Aos 85 anos, ele sofreu infarto e está na UTI do Hospital Teresa de Lisieux

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  • Naiana Ribeiro

Publicado em 13 de junho de 2018 às 19:35

- Atualizado há um ano

. Crédito: Evandro Veiga/Arquivo CORREIO

O estado de saúde do construtor de trios elétricos Orlando Tapajós, 85 anos, é grave. A informação foi confirmada ao CORREIO pelo filho dele, Orlandinho Tapajós. Ele está internado no Hospital Teresa de Lisieux, em Salvador, desde terça-feira (12). Seu Orlando, como é chamado, sofreu um infarto na última segunda (11) e, desde então, está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da unidade, que fica na Avenida ACM.

Pela manhã, Orlandinho disse ao CORREIO que a família está mobilizada e acompanha a situação. Por volta de 18h25, ele informou que o estado de saúde do pai é delicado e disse que a família está apreensiva. 

Em nota à imprensa enviada às 19h, a assessoria do hospital confirmou a situação e informou que o paciente "está sendo avaliado e monitorado constantemente pelos profissionais do local".

De acordo com Orlandinho, além do infarto, o pai está com um quadro de infecção urinária. Nos últimos meses, Orlando vinha perdendo peso e estava desnutrido. Até o momento, não há previsão de alta. 

Em fevereiro deste ano, a Associação Baiana de Trios Independentes (ABTI) concedeu um benefício mensal de R$ 6 mil ao construtor do trio elétrico.

A instituição se sensibilizou com a história do artista depois que o CORREIO publicou uma reportagem dias antes, onde contou que um dos maiores nomes do Carnaval de Salvador estava vivendo com R$ 900 por mês. 

Em 2015, a Prefeitura de Salvador criou um circuito em homenagem a Orlando Tapajós, que vai do Clube Espanhol ao Farol da Barra, e funciona durante o pré-Carnaval. Seu Orlando e o filho Orlandinho, com o assessor Cassini Rosselo e Paulo Leal, presidente da ABTI (Divulgação) Trios elétricos famosos Seu Orlando, como é conhecido, é o responsável pela super estrutura dos trios – atualmente revista. Já há uma tendência de veículos mais compactos e com estrutura enxuta, para garantir a segurança dos foliões e também para evitar que o peso dos trios provoquem danos a equipamentos ou ao calçamento da cidade, por exemplo. 

Uma de suas obras mais memoráveis foi justamente a criação da Caetanave – o trio elétrico em forma de nave que homenageou Caetano Veloso, em 1972. A história da inspiração é famosa: Orlando viajara ao Rio para comprar material. No avião, leu uma revista que falava sobre o Concorde, um avião supersônico que foi produzido entre as décadas de 1960 e 1970. O impacto da imagem foi tão grande que ele decidiu que aquele seria seu próximo trio. 

Pegou a revista, levou ao banheiro e, discretamente, arrancou a página com a foto da nave. Guardou entre o pé e o solado do sapato. “Fiz o trio escondido, sem ninguém saber. Só faltava o nome”, recorda. O trio foi batizado justamente com a chegada de Caetano ao Brasil, depois de voltar do exílio. O próprio Caetano subiu ao palco com Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Bethânia. “Eu estava com a maior tripulação”.

O professor Paulo Miguez, vice-reitor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e pesquisador do Carnaval, tem uma boa definição para Seu Orlando. “Pai e mãe não é apenas quem fez, é quem cria. Se Dodô e Osmar fizeram essa coisa maravilhosa, não tenho dúvida que o crescimento do trio se deve, em larga medida, ao esforço maravilhoso feito por Orlando”.