Estudante baiano terá que tomar mais de 400 injeções de benzetacil até os 35

Família encontra problemas para achar o medicamento nas farmácias

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  • Gabriel Moura

Publicado em 13 de janeiro de 2019 às 08:43

- Atualizado há um ano

Febre alta e dor no corpo. Esses sintomas, tão comuns, podem significar uma infinidade de diagnósticos, principalmente quando o paciente é um garoto de 11 anos. No caso de Luan Ferreira, 18, não foi simples descobrir o que estava acontecendo e o susto foi grande. O diagnosticado com febre reumática, o estudante faz uso contínuo do Benzetacil. Com uma injeção a cada 21 dias, já foram mais de 100 aplicações desde os 12 anos. A previsão é que o uso contínuo siga até que o estudante complete 35 anos, até lá serão mais de 400 doses do antibiótico. Atualmente,

Há 6 anos, depois de uma visita a um posto de saúde da cidade de Seabra, na região da Chapada Diamantina, onde mora o jovem, a febre foi considerada resultado de uma infecção comum de garganta. Com a receita de Amoxicilina em mãos e a orientação de usar o medicamento por sete dias garoto e mãe voltaram pra casa. Dona Sirleide conta que mesmo tomando o medicamento forte o filho não melhorava. “Ele perdeu o movimento dos pés e começou a perder peso. Levei de novo no médico que desconfiou”, conta.  Foto: Acervo Pessoal Encaminhados para uma consulta com um cardiologista, Luan e a mãe descobriram que a infecção de garganta havia sido silenciosa e que uma bactéria havia se alojado no coração do garoto. Naquela segunda consulta, o diagnóstico: Luan tinha febre reumática e não poderia ficar sem doses contínuas de Benzetacil. O conhecido antibiótico é a droga mais eficiente para a chamada profilaxia da febre reumática. É com as injeções que a bactéria alojada no corpo de Luan é controlada. 

Ao final da consulta, Luan precisou adicionar à sua rotina a aplicação constante das injeções e visitas ao cardiologista de seis em seis meses para checar se o quadro continua estável. O remédio, famoso pela dor que causa a ser aplicado, já não incomoda mais o estudante. “Eu já me acostumei. Só senti dor nas três primeiras vezes, a partir da quarta já não senti mais nada”, admitiu o jovem. 

Hoje, com a doença controlada, o desafio é encontrar as ampolas de Benzetacil, já que o medicamento está em falta nas farmácias. “Os médicos explicaram que não tem um remédio que mate a bactéria. Com o Benzetacil é possível conter a bactéria”, falou Sirleide. A expectativa dos médicos é que no aniversário de 35 anos de Luan, a bactéria já não consiga mais reagir no corpo do paciente, e que as doses do remédio possam ir diminuindo até que seja seguro parar.  

Com a rotina comum a muitos jovens, Luan estuda, participa do grupo de ciclismo da cidade e já tocou na banda de fanfarra do município. A doença, às vezes, faz com que o jovem precise desacelerar um pouco. “Já aconteceu de no meio da atividade física ele sentir falta de ar e precisar parar. O instrumento de sopro mesmo, ele não toca mais, porque não aguenta”, contou a mãe. 

Entenda a febre reumatóide O que é? é uma doença inflamatória e autoimune, provocada pela bactéria do gênero Streptococcus. A doença acontece principalmente em crianças

Sintomas: Dor nas articulações, sopro cardíaco, inflamação no músculo do coração, manchas vermelhas na pele, febre,prostração (abatimento, moleza), nódulos subcutâneos, falta de ar, falta de vontade de comer e movimentos descoordenados dos membros

Tratamento: É necessário realizar a chamada profilaxia da febre reumática através da aplicação de Benzetacil, também a droga mais indicada para o tratamento. O tempo de tratamento e a quantidade do medicamento dependerá da avaliação médica de cada caso, mas é possível que o paciente precise de uso contínuo.

*com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier