Estudantes de Medicina da Ufba fazem manifestação contra atrasos no curso

Alunos reclamam do início do ano letivo apenas em março e querem três semestres em 1 ano

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  • Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2022 às 20:49

- Atualizado há um ano

. Crédito: (Foto: Nara Gentil/CORREIO)

Estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba) realizaram uma manifestação na manhã desta segunda-feira (10), em frente à Sede Mater da FMB, no Largo do Terreiro de Jesus, no Centro Histórico. A reivindicação é tentar minimizar os impactos causados pela pandemia no tempo de conclusão do curso. Segundo eles, foi tentado diálogo com o colegiado, mas não houve retorno. 

O aluno Rogério Smith conta que já foi encaminhado ao Colegiado uma carta assinada por cerca de 300 estudantes de todas as turmas de Medicina da Ufba. Segundo ele, o documento apresentava sugestões para adiantar o início das aulas do curso para reduzir os atrasos, que já chegam a dois semestres.

Ainda de acordo com Smith, muitos alunos não têm condições financeiras de prolongar o curso que já é longo, mínimo de seis anos, e correm o risco de terem que trancar por falta de condições para se manter financeiramente em Salvador. “Esse atraso na formação agrava ainda mais o problema”, afirma. 

Umas das sugestões dos alunos foi o curso de férias, para fazer três semestres em um ano, o que já foi feito em períodos pós-greve, mas a proposta foi negada pelo Colegiado. “Os discentes da Faculdade de Medicina da Bahia vêm, por meio desta carta, demonstrar a sua insatisfação com as deliberações que foram tomadas desde o Semestre Letivo Suplementar (SLS). Devido aos erros cometidos no passado, todas as turmas que entraram na faculdade desde o segundo semestre de 2017 se encontram com diversos problemas na sua formação. Os problemas são inúmeros, no entanto, o que mais se destaca é o atraso no tempo de formação que, por si só, já é longo”, diz a carta. 

“Esse atraso que pode parecer pequeno - não começar em fevereiro e começar em março -, na verdade, atua como um efeito dominó, atrasando a entrada no internato de todas as turmas subsequentes”, explica o aluno. Além disso, o estudante conta  que tem três filhos e, a cada atraso, a sua formação se prolonga e isso acaba afetando financeiramente a sua família. “A carga horária do curso é muito extensa e isso impossibilita que os alunos trabalhem para se manter”, comenta.  Grupo protesta no Terreiro de Jesus (Foto: Nara Gentil/CORREIO) O estudante afirma que os alunos foram ao terreiro para protestar em número reduzido, cerca de 35 estudantes, representantes das turmas do curso, por precaução no contexto de pandemia e de gripe. “Para nossa surpresa não encontramos representantes da universidade, e o Colegiado estava fechado. Muito provavelmente porque souberam da nossa manifestação e não quiseram dar explicações à sociedade”, declara o estudante. 

Em nota, a diretoria, a coordenação e as chefias de departamento da FMB diz que foram necessários alguns meses "aliando reflexão, aquisição de conhecimento científico, estabelecimento de normas de biossegurança e avaliação de riscos" para que as atividades da gradução pudessem ser implementadas no início da pandemia. 

Destaca ainda que as atividades de internato do 12º semestre foi retomado em agosto de 2020, com muita "superação", pois não havia vacinação contra covid à época. Segundo a FMB, duas turmas colaram grau em 26 de janeiro de 2021, com atraso de apenas três meses, e em 21 de julho de 2021. Há nova colação prevista para 10 de fevereiro e, se não houver novas complicações da pandemia, uma quarta turma deve colar grau em meados desse ano. 

A direção diz que tem feito esforços para minimizar os danos da pandemia. Destaca que algumas disciplinas, especialmente as práticas, acontecem em locais externos à Ufba, ou seja, a faculdade as usa conforme disponibilidade. O planejamento do semestre, ressalta, segue as diretrizes do Conselho Universitário da Ufba e em função da crise sanitária. Lembra que a pandemia causou inúmeros prejuízos em todos os segmentos sociais e a preservação da vida é o maior objetivo e desafio. Leia a nota completa clicando aqui.

*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo