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Gil Santos
Publicado em 6 de outubro de 2022 às 17:54
- Atualizado há 2 anos
Os estudantes da Universidade Federal da Bahia (Ufba) que fizeram uma manifestação em Salvador, nesta quinta-feira (6), prometeram um novo ato para o dia 18 de outubro. Os protestos começaram após o anúncio do bloqueio de R$ 2,3 bilhões no orçamento das instituições federais de ensino promovido pelo Ministério da Educação e denunciado pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).>
O protesto desta quinta-feira aconteceu de forma pacífica. Os estudantes se reuniram nas escadas da Reitoria, no bairro do Canela, e às 11h15 as portas do salão nobre foram abertas para dar início ao ato. Lideranças se alteraram no microfone com discursos em defesa da educação, da liberdade, da democracia e contra o autoritarismo. Professores também participaram da cerimônia.>
O auditório, os corredores e as galerias ficaram lotados, e grupos tiveram que aguardar do lado de fora. Por volta das 12h eles saíram em passeata da Reitoria, passaram pela frente do Teatro Castro Alves, seguiram pela Avenida Sete de Setembro, pela Praça Castro Alves e encerraram o ato na Praça Municipal. Faixas e cartazes foram exibidos em defesa da educação. Grupo saiu em passeata com faixas e cartazes (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Das janelas dos prédios alguns moradores apoiaram o movimento e outros saíram em defesa do presidente Jair Bolsonaro. A estudante de Letras Gabriela Silva, 20 anos, contou que deixou de ir à aula para participar da manifestação, e cobrou mais comprometimento do poder público, da sociedade e dos políticos com a educação e o futuro.>
“Cortar o orçamento da educação de novo é um absurdo. A gente pede que as instituições se manifestem. É inadmissível que depois dos inúmeros contingenciamentos que o atual governo já fez, a gente tenha que lidar com um corte de R$ 2 bilhões. As universidades estão sucateadas. Qual é o real objetivo? Querem fechar as universidades? Não vamos deixar isso acontecer”, afirmou.>
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Durante a passeata os estudantes gritaram palavras de ordem como “não vai ter corte, vai ter luta” e “tira a tesoura da mão e investe na educação”. Também houve manifestações partidárias. Os estudantes encontraram protestos sindicais no percurso e mudaram o grito de guerra para “a nossa luta unificou, é estudante junto com trabalhador”. Funcionários das lojas saíram para aplaudir o grupo.>
No discurso de encerramento, em frente à prefeitura, os estudantes pularam a grade e subiram as escadas que levam ao prédio. Quatro policiais correram para guardar a entrada, mas não houve conflitos. Depois de algumas palavras de ordem o grupo dispersou prometendo novas manifestações no dia 18 de outubro. Grupo discursa na escadaria da Prefeitura (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Cortes A Andifes denunciou, nesta quarta-feira (5), que o Governo Federal realizou mais um bloqueio de recursos no Ministério da Educação (MEC). O novo decreto formaliza o contingenciamento no âmbito de todo o MEC de R$ 2.399 bilhões, sendo R$ 1.340 bilhão anunciado entre julho e agosto e R$ 1.059 bilhão agora.>
Segundo a associação, dirigentes da entidade foram chamados pelo secretário da Educação Superior do Ministério da Educação, Wagner Vilas Boas de Souza, para uma reunião e foram informados que o decreto de contingenciamento aumentou o bloqueio de recursos da pasta para R$ 2,399 bilhões. Desse total, R$ 1,340 bilhão foram anunciados entre julho e agosto e R$ 1,059 bilhão agora.>
A Andifes explica que especificamente para a educação superior, o corte é de R$ 328 milhões, que se somado ao montante que já havia sido bloqueado ao longo de 2022, perfaz um total de R$ 763 milhões retirados das universidades federais do orçamento que havia sido aprovado para este ano.>
"Considerando a já preocupante situação financeira vivenciada pelas universidades federais, agravada pela edição de novo decreto, a diretoria da Andifes está convocando uma reunião extraordinária de seu conselho pleno, para quinta-feira para discutir o contexto e debater as ações e providências", informou a Andifes, em comunicado oficial.>
A reunião aconteceu durante a manhã, e os reitores estão estudando quais serão os impactos da medida no funcionamento das universidades. >