Eu compro, tu compras, ele compra. Para quê?

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  • D
  • Da Redação

Publicado em 8 de dezembro de 2018 às 14:00

- Atualizado há um ano

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  Os olhos brilham, é de arrepiar. De um lado a roupa perfeita, do outro uma Smart TV 4K LED, por fim, estava à sua frente o teclado só esperando a hora que desse o primeiro clique. Foi quando percebi que não precisava fechar a compra. Era só apertar o botão e desligar o computador. Tudo acabava ali.   Precisava ser livre, foi quando ouvi uma voz interior dizendo: para tudo! Você não precisa! Se desse atenção não ficaria pedra sobre pedra. Num simples toque na tecla, tudo estaria resolvido.   Preferi ficar ali, sentada à frente daquela tela colorida, recheada de tentações.

Assim como eu, grande parte da população brasileira também se encontrava, acreditando que necessitava consumir esses valores, pautados na economia pelos bombardeios de imagens em comerciais, outdoors,  redes sociais, esquecendo-se de analisar se precisa do produto apresentado.

Percebe-se que - diante dos avanços tecnológicos, dos contextos culturais, econômicos, da globalização - o indivíduo é estimulado por suas “necessidades” humanas, individuais, em uma sociedade marcada pelo consumismo, imediatismo, mídia visuais, propagandas, todos esses fatores acabam atribuindo novos olhares ao mundo, uma forma de retratar a realidade partindo das diferentes formas de comunicação.   De repente, o carrinho já está ficando cheio, são muitas promoções. Do outro lado, o adversário pode ser mais rápido. A corrida está quase no fim. O relógio está contabilizando o tempo.   Um tempo que me faz perceber o quanto a sociedade é instantânea, construída pelos desejos constantes, de múltiplas ofertas, que são mutáveis de acordo com seus interesses e preocupações, influenciados por diversas razões. Portanto, faz-se necessário compreender que este caráter compulsivo, estabelecido nesta sociedade é desenfreado. Adorno e Horkeimer (1985) nos dizem que, a alienação das massas se deve à indústria cultural, à indústria do entretenimento. Uma sociedade imbuída de desejos imediatistas, uma busca constante por intensas sensações a serem experienciadas de forma individualizada.   E nessa necessidade de tornar-se feliz, o gatilho foi disparado. A tecla foi tocada. A compra foi feita com sucesso. E, de repente? Um sorriso surge, uma nova janela é aberta. Tudo começa novamente, de forma fluída.

Paula Brito é professora e escritora

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