Evangélicos fingem ser PMs para internar usuários de drogas à força, diz site

O grupo está sendo investigado pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Deputados do DF

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Publicado em 6 de agosto de 2020 às 11:53

- Atualizado há um ano

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Um grupo de pastores evangélicos do Distrito Federal (DF) estaria utilizando de repressões físicas e morais para internar à força dependentes químicos em centros de reabilitação religiosos. Durante as abordagens, os pastores vestem uniformes pretos, usam viaturas, distintivos e rádios semelhantes aos de policiais e até mesmo colete a prova de balas, conforme expôs o jornal The Intercept Brasil.

O grupo faz um relato diário de suas atividades por meio de vídeos em um conta no Facebook. As atividades tiveram início ainda em 2011. Nove anos depois, o grupo se torna alvo de investigações diante de possíveis práticas ilícitas. A ação da autodenominada “Patrulha da Paz” está sendo investigada pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Deputados do Distrito Federal desde o dia 29 de julho.

As apurações sobre tais atividades tiveram início depois que houve denúncias de coerção em um das abordagens feitas pelos pastores na comunidade do Sol Nascente. Durante essa intervenção, os “agentes”, como se identificam segundo o Intercept, estavam pressionando moralmente com uso de alto falantes, feixes de luzes e pressão psicológica jovens da comunidade para que estes se juntassem aos propósitos religiosos da patrulha. 

A Comissão solicitou ainda que tanto o Ministério Público do Distrito Federal, quanto a Secretaria de Segurança Pública abrissem processos de investigação com relação à atuação do grupo. No documento da denúncia na Câmara dos Deputados de Brasília, a Comissão de Direitos Humanos afirma que as denúncias e os fatos narrados pelo próprio grupo nas redes sociais evidenciam “ações de violência e coerção”.

Na justificativa da abertura do processo de investigação ainda consta ser de entendimento geral do órgão que o uso dos adereços e trajes tão similares aos das forças policiais governamentais tem o intuito de confundir e intimidar as pessoas abordadas. Além disso, todos os integrantes da patrulha realizam treinamentos de artes marciais e aprendem técnicas de imobilização e defesa pessoal.

Segundo o Intercept, a Comissão de Direitos Humanos do DF apurou que o grupo estaria realizando ações violentas contra pessoas em situação de rua, constrangendo-as e, em alguns casos, internando à força, em comunidades terapêuticas para tratamento de pessoas que usam drogas. Ações de caridade como distribuição de agasalhos, cobertores ou mesmo comida estariam sendo usadas como forma de evangelizar compulsoriamente. 

Matéria originalmente publicada em O Povo