Ex-funcionários da CSN fazem novo protesto por direitos trabalhistas

Prefeitura de Salvador afirma já ter cumprido com acordo feito com a empresa

Publicado em 22 de março de 2022 às 22:35

. Crédito: Foto: Marina Silva/ CORREIO

Ex-funcionários do extinto Consórcio Salvador Norte (CSN), que operava o transporte público da capital baiana até março de 2021, realizaram uma manifestação nos Barris, deixando o trânsito intenso na região, e chegaram a fechar a entrada e saída de veículos da Estação da Lapa, nesta terça-feira (22).

Depois que o prefeito Bruno Reis rescindiu o contrato com a CSN, que era responsável pelos ônibus na região da orla de Salvador e no bairro de Mussurunga, a Prefeitura fechou um acordo com a empresa para quitar a dívida trabalhista. Nesta terça, os rodoviários foram às ruas para alegar que esse acordo ainda não foi cumprido. 

“Os trabalhadores estão há oito meses sem tíquete refeição, sem o salário e  sem as rescisões e FGTS da CSN. Eles ainda não tiveram acesso ao seguro desemprego”, afirma o ex-cobrador da CSN, Jutahy Andrade, porta-voz dos rodoviários. 

Jutahy alega que o 13° salário só foi pago para os funcionários que estão trabalhando. Segundo o ex-cobrador da CSN, 835 ex-funcionários da empresa estão fora do acordo. 

Nessa quarta-feira (23), pela manhã, os rodoviários farão outro protesto em um local que ainda não foi definido. “Amanhã vamos protestar com mais intensidade e é provável que a gente entre em greve, com 30% parado e 70% rodando”, finalizou. 

A Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) declarou que a parte da prefeitura no acordo já foi paga desde o ano passado: “Foram cerca de R$ 20 milhões depositados em conta do Tribunal de Justiça. O restante das dívidas de pagamento de verba rescisória, que é o que eles estão cobrando, é da CSN”, detalhou a pasta. 

Rescisão A prefeitura de Salvador assumiu de vez a operação das linhas de ônibus do Consórcio Salvador Norte (CSN) em março do ano passado. A empresa era responsável por operar os itinerários da Orla e as linhas da Estação Mussurunga, mas, desde junho de 2020, a operação do sistema estava sob intervenção do Município.

O prefeito Bruno Reis (DEM) disse, na época, que a empresa tinha uma dívida de meio bilhão de reais. São R$ 125 milhões em rescisões e processos trabalhistas, R$ 154 milhões em tributos, R$ 172 milhões em dívidas com o Município, R$ 40 milhões com fornecedores, e R$ 25 milhões com os bancos. Total R$ 516 milhões em débito.  

Alguns rodoviários da empresa foram admitidos pelos outros dois consórcios que operam o transporte público na capital baiana. Os trabalhadores disseram que nem todos receberam as verbas de rescisão e realizaram outros protestos ao longo do ano. A prefeitura de Salvador disse, no entanto, que cerca de 1,6 mil rodoviários já haviam sido admitidos pelas companhias e que os outros estavam em cursos de requalificação profissional e treinamentos.  Entenda a divisão O transporte público de Salvador tem três áreas operacionais. Cada uma é identificada por uma cor e atendida por uma concessionária, desde 2014. Elas ficaram divididas assim:

Amarela: Área Operacional do Subúrbio, que vai de São Tomé de Paripe ao Comércio, e foi concedida ao consórcio Integra Plataforma (Plataforma Transportes SPE S/A);

Verde: Área Operacional do Miolo, que vai de Mussurunga a Pernambués, incluindo Cajazeiras e Pau da Lima, e foi concedida ao consórcio Integra OT Trans (Ótima Transportes de Salvador SPE S/A);

Azul: Área Operacional da Orla, que vai da Praça da Sé até Itapuã, que pertencia à CSN, foi redistribuída entre a OTTrans e a Plataforma.