Ex-presidente uruguaio José Mujica renuncia ao Senado e abandona a política

Pandemia precipitou decisão de líder político, de 85 anos, que sofre de doença autoimune

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  • Da Redação

Publicado em 20 de outubro de 2020 às 16:42

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: AFP

O ex-presidente uruguaio José Mujica (2010-2015) renunciou nesta terça-feira (20) à sua cadeira no Senado, decisão que tomou em conjunto com outro ex-presidente e adversário político, o também senador Julio María Sanguinetti (1985-1990 e 1995-2000). Os dois concordaram em realizar uma retirada em conjunto.

A pandemia de coronavírus precipitou a decisão de Mujica, de 85 anos, que sofre de uma doença autoimune.

"Esta situação me obriga, com muito pesar, por minha profunda vocação política, a solicitar que se tramite minha renúncia à cadeira que os cidadãos me concederam", escreveu Mujica, em uma carta lida em sessão extraordinária do Senado.

"Isto não significa o abandono da política, mas sim o abandono da primeira fila por entender que um dirigente é aquele que deixa pessoas que o superam com vantagem. Vou agradecido, com muitas recordações e profunda nostalgia. A pandemia me derrubou".

Já Sanguinetti, de 84 anos, lembrou em sua carta que a renúncia estava prevista desde antes das eleições nacionais realizadas em 2019.

"O que me motiva é principalmente a necessidade de atender a secretaria-geral do Partido Colorado, minhas atividades jornalísticas e correspondentes editoriais", escreveu.

Mujica, um dos principais líderes da esquerdista Frente Ampla (FA) e que se tornou presidente do país, sendo um dos políticos mais populares e que também enfrentou mais resistência no país por seu passado guerrilheiro, teve uma enorme projeção internacional.

Seu estilo distante dos protocolos e seus discursos em plataformas globais voltados para valores humanos pouco usuais na linguagem política o transformaram em um personagem procurado pela imprensa de todo o mundo.

Sanguinetti foi o primeiro presidente do Uruguai depois de 12 anos de ditadura (1973-1985), após eleições com candidatos banidos pelo regime e, então, ergueu-se como líder da restauração democrática. Voltou a ser eleito em 1995, sempre pelo Partido Colorado (centro), no qual agora irá concentrar sua atividade. Com informações da AFP.