'Falei para não se apaixonar por assassino', diz mãe de morta no DF

Mãe da vítima namorou com suspeito antes; versão da roleta russa cai

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  • Da Redação

Publicado em 15 de janeiro de 2020 às 17:28

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

Em depoimento na 26ª Delegacia, o suspeito de matar Gabrielly Miranda, 18 anos, mudou a versão de que a namorada foi baleada durante uma "brincadeira" de roleta russa. Leonardo Pereira inicialmente ligou para o 190 e afirmou que ela foi atingida assim. À Polícia Militar, ele repetiu a mesma versão. Já para o delegado, ele não citou o jogo.

Leonardo disse que Gabrielly brincou apontando a arma para ele e depois entregou ao revólver ao namorado. Ele então pegou a arma e atirou na cabeça dele. O delegado adjunto Eduardo Escanhoela diz que ele confessou o crime e vai responder por feminicídio.

“Segundo a versão dele, ontem a noite, eles saíram para beber. Tomaram duas cervejas e voltaram para a casa, na QR 425. Por lá, continuaram bebendo”, disse ele ao Metrópoles. “Gabrielly pegou a arma do Leonardo e começou a brincar apontando para a perna (dele). Depois, ela entregou a arma para o namorado e ele apontou para a cabeça (dela). E disparou, matando a jovem”, acrescenta.

Ele iria se entregar procurando a polícia, mas resolveu ligar para o 190. “Leonardo contou ter ficado desesperado e pegou seu carro para se entregar na delegacia. Entretanto, a gasolina do carro acabou”, diz.

O carro parou perto de uma chácara. Ele contou que voltou para casa a pé e chamou a PM. Leonardo foi preso em flagrante.  Ele foi autuado por feminicídio duplamente qualificado por motivo torpe contra a mulher e posse de arma, podendo ficar preso de 12 a 30 anos.

Medo A mãe da vítima, Wildiani da Silva Souza Miranda, namorou com Leonardo antes da filha. Ela contou que alertou a jovem sobre o rapaz. Hoje, ela estava muito abalada e chorou muito no local do crime. 

“Falei para não se apaixonar por assassino. Ele tem que morrer, meu Deus!”, diz. “Não acredito que esse homem fez isso com a minha filha. A minha filha não, meu Deus! Ele acabou com a minha vida”, afirma, desesperada. 

Desde o início, Wildiani não acreditou na versão inicial de roleta russa. “Um tiro na cabeça é acidente? Minha filha morreu, gente. Todo mundo tinha medo dele. A gente não fez um BO (boletim de ocorrência) porque quem faz BO para morrer? Ele chegou a me ameaçar e minha filha andava destruída", diz.

Um amigo de Gabrielly contou que ela tinha medo de Leonardo, mas gostava dele e por isso não terminava o namoro, que já durava 3 anos. “A Gabrielly era uma pessoa muito boa. Já morei com ela e sabia que o Leonardo era muito possessivo com ela. Não deixava ela ter amigos e nem sair direito”, contou.

“Em muitas oportunidades ela chegava em casa com olho roxo, toda machucada. Ela me dizia que tinha medo dele, mas, mesmo assim, o amava e não terminaria com o Leonardo”, diz.

“Conheço ela (Gabrielly) e a mãe há mais de 15 anos. Ela era tranquila, não era de beber muito. Ela sofria demais na mão dele. O problema é que ela era apaixonada, mesmo ele sendo todo problemático. O meu sentimento é de raiva. Ele era um traficante que batia nela até na rua”, diz outra amiga, Patrícia Carvalho, 27.