Fazendeiro e comerciante envolvidos na morte de líder sem terra são presos

Dois vaqueiros também foram presos pelo crime. Há dois foragidos

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  • Mario Bitencourt

Publicado em 12 de julho de 2018 às 14:18

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo CORREIO

Foram presos nesta quarta-feira (11) em Iguaí, Sudoeste da Bahia, quatro suspeitos de envolvimento na morte do líder sem terra Fábio dos Santos Silva, assassinado com 15 tiros em 2 de abril de 2013 no povoado de Palmeirinha, zona rural da cidade.

As prisões do fazendeiro Délcio Nunes Santos, do comerciante Márcio Fabiano Cunha Borges e dos vaqueiros Arenaldo Novais da Silva e Neuton Muniz da Silva ocorreram em suas residências, em Iguaí, onde a polícia encontrou armas de fogo.

Também envolvidos no crime, o fazendeiro Welder Leonardo Gusmão Amaral e o vaqueiro Ricardo Neves de Oliveira não foram localizados e estão foragidos. Todos eles tiveram a prisão decretada em abril pela Justiça Criminal local.

As prisões só ocorreram agora, contudo, porque, segundo informou o juiz Reno Soares Viana, “a Secretaria de Segurança Pública informou que precisaria de tempo para organizar o cumprimento [das prisões], para evitar situações de conflito agrário”. Fabio Santos foi morto em 2013 (Foto: Divulgação/MST) Titular da Vara do Júri e Execuções Penais de Vitória da Conquista, o juiz ficou responsável pelo caso por sorteio do Tribunal de Justiça da Bahia, que fez isso após vários colegas da magistratura de Iguaí e região se colocarem como impedidos de atuar no processo.  

A Polícia Civil informou que 15 equipes cumpriram seis mandados de prisão e 22 de busca e apreensão em diferentes localidades. Revólveres, espingardas, um rifle e munições foram apreendidos.

Os envolvidos no crime foram denunciados à Justiça em julho de 2017 pelo Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA). O fazendeiro Délcio Nunes Santos e o vaqueiro Ricardos Neves de Oliveira são acusados de terem recebido R$ 10 mil para executarem a vítima.

Eles foram contratados pelos vaqueiros Arenaldo Novais da Silva e Neuton Muniz da Silva. E os mandantes, segundo o MP-BA, são o fazendeiro Welder Leonardo Gusmão Amaral e o comerciante Márcio Fabiano Cunha Borges.

O MP-BA apontou como um dos motivos do homicídio a atuação de Fábio Santos nas lutas em defesa da Reforma Agrária, o que prejudicava os “interesses dos denunciados”.

As investigações foram conduzidas pelo Grupo Especial de Mediação e Acompanhamento de Conflitos Agrários e Urbanos da Polícia Civil (Gemacau), que apontou a existência de uma “associação criminosa”, composta por fazendeiros e pistoleiros que atuavam na região de Iguaí, Ibicuí e Nova Canãa.

Em comunicado, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a qual Fábio Santos era ligado, avalia que “a fuga dos dois denunciados é consequência da divulgação prévia do pedido de prisão feita pelo Ministério Público do Estado da Bahia”.

“O Movimento entende que a divulgação foi inapropriada e exige que as buscas para localizar e prender os foragidos aconteçam com urgência”.

Outro caso O MST diz que aguarda a conclusão sobre as investigações do assassinato de uma das maiores lideranças do movimento na Bahia, Márcio Matos, morto aos 33 anos em 24 de janeiro de 2018 com cinco tiros disparados por dois homens.

O crime ocorreu no assentamento rural Boa Sorte, onde Matos residia, em Iramaia, na Chapada Diamantina. O delegado do caso, Fabiano do Santos Aurich, coordenador da 9ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Jequié), informou nesta quinta-feira (12) que várias pessoas já foram ouvidas e provas colhidas, porém disse que não poderia dar mais detalhes para não prejudicar as investigações.