Fenômeno nas redes: como Abner e Sthe mudaram de vida com canal no YouTube

Conheça a trajetória dos Kardashian de São Caetano

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  • Hilza Cordeiro

Publicado em 11 de janeiro de 2020 às 06:30

- Atualizado há um ano

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Família Kardashian-Jenner por Foto: Reprodução/Instagram

Se você é fã ou se você não faz a mínima ideia de quem sejam Abner e Sthe, o casal que deu origem ao clã Matos Pinheiro, apelidado de Kardashians de São Caetano, eis aqui uma informação importante: na última semana, a dupla de protagonistas do clã que acumula milhões de seguidores nas redes sociais ganhou ainda mais notoriedade, com o sumiço de Abner. Os digitais influencers baianos viram, nos últimos anos, os rendimentos com os conteúdos postados no YouTube caírem na conta e elevarem o padrão de vida do casal que se conheceu no colégio, em São Caetano.

De acordo com a ferramenta Social Blade, que faz estatísticas de mídias sociais, só com o canal o casal pode faturar entre R$ 6 mil e R$ 98 mil por mês. Os ganhos foram dando independência aos dois. Logo após a maioridade, eles saíram da casa dos pais para morar juntos.

Da periferia onde viviam, em casas apertadinhas com sofás forrados por malha de elástico, banheiros de box de acrílico e portas sanfonadas em PVC, eles partiram para um apartamento de classe média em Amaralina, com quadra e piscina, próximo à orla. O último endereço do casal foi uma mansão com pé direito alto, piscina e um Audi conversível na garagem. O endereço foi mantido em sigilo.

A boa fase financeira se deve ainda à indicação de produtos para o público que assiste ao canal ou segue o clã nas redes, por meio de publicidade paga ou parceria com marcas. No Instagram, Sthe chegou a trabalhar com gigantes como Pampers, Nestlé, Ifood, Americanas, Click Bus e diversas empresas de cosméticos. Já Abner produziu conteúdo para as balas IceKiss e a fintech Recarga Pay.  (Foto: Sora Maia/CORREIO) O trio Sthe, Abner e Elionai chegou a números tão altos que hoje tem até assessoria de comunicação, a Vox Plus, sediada em São Paulo. Antes confeiteira, Elionai abandonou o fogão para se dedicar a ajudar filho e a nora na criação do neto, indo morar com eles na mansão e investindo mais no compartilhamento de conteúdo nas redes. 

Empresário do clã, Carlos Eduardo Damásio conta que viu potencial neles e os procurou para agenciá-los. “Eles são influenciadores nacionais da maior grandeza, atingem números de alcance e engajamento que são referência no meio”, confirma. O segredo, segundo ele, é que vivem o que produzem e estão sempre pensando em formas criativas de curtir o dia a dia.

A colunista social Nereida Albernaz, do site Bahia Babados, explica que Sthe passou a se diferenciar das demais influenciadoras digitais de Salvador. “Tem pessoas que cobram para fazer conteúdo de provador, fotografando para lojas. Ela já passou dessa fase e só faz publicidade de marcas grandes”, diz a jornalista, que alimenta um Instagram de notícias de celebridades baianas. 

Morando juntos, não demorou muito para o que era motivo de pegadinha com os pais virasse realidade. Sthefane e Abner engravidaram de Apolo. Hoje, o bebê tem 9 meses e, também famoso, já soma mais de um milhão de seguidores no Insta.  Dentre os dez vídeos de maior sucesso no canal do casal, dois deles têm gravidez como tema: o “Minha namorada tá grávida?”, com 13 milhões, e “Estou grávida”, com 3,1 milhões.  A título de comparação, o vídeo mais visto de outro casal famoso do YouTube, Leon Martins e Nilce Moretto (Coisa de Nerd), totalizou 9,4 milhões de acessos. 

Teoria para o boom  Apesar de números tão expressivos, o Google apontou que o termo “Quem é Abner” atingiu pico de buscas. Especialista em marketing digital, o professor Antônio Netto, da Unifacs, explica que o fato de algumas pessoas não conhecerem o clã é parte de um fenômeno chamado de cauda longa. Tal teoria explora a dinâmica da fragmentação de mercados, quando a cultura parte das altas demandas para atender nichos.“Com a internet, nós trocamos o consumo de massa de rádio, televisão e impresso por um consumo mais individualizado. Isso permitiu falar para públicos específicos, segmentados por idade, gênero, assuntos. Para citar uma realidade bem soteropolitana, temos também a blogueira Jéssica Dantas, que fala para mulheres de cabelos cacheados. Sou homem, não tenho cabelo cacheado, portanto, não sou o perfil dela, mas há muita gente que é”, exemplifica Netto. A gravidez fez com que Sthe diversificasse os temas, compartilhando a jornada de ser mãe e atraindo interessadas na maternidade. Também dividiu desabafos sobre a insatisfação com o próprio corpo após a gravidez - o que resultou em duas cirurgias plásticas, uma de silicone e outra de lipoaspiração. 

A fórmula do sucesso dos Matos Pinheiro sempre foi expor o dia a dia da própria vida, algo que não é novidade. “O que é o Big Brother Brasil senão isso? A internet só está reproduzindo algo que já existia, mas que traz um caráter novo, que é a cultura participativa da web”, afirma Netto. No perfil de Tony Fofoqueiro no Instagram, qualquer notícia sobre o casal gera de 1.500 a 1.700 comentários, contra 300 de demais influenciadores. De acordo com ele, 64% dos seus seguidores seguem Sthe. 

Foram nessas contas de notícias sobre microcelebridades que a família Matos Pinheiro passou a ser batizada de “Poncios da Bahia” ou de “Kardashians da Bahia”, em referência às duas famílias milionárias que dominam colunas sociais e redes, sendo acompanhadas como se estivessem em um reality familiar. (Foto: Sora Maia/CORREIO) Professor da ESPM e especialista em redes sociais, William Rocha explica que tem sido comum as pessoas conquistarem fama abrindo a intimidade no meio digital. No caso dos Matos Pinheiro, a partida foi dada por um casal jovem e de geração predisposta à exposição natural na internet. “Temos o comportamento humano da curiosidade, e o público resolveu seguir na fonte os perfis de pessoas que estão abertas a compartilhar rotinas e questões. Isso acaba construindo comunidades em torno delas ”, conclui.

Clã resolve falar De mudança para um duplex de luxo em Lauro de Freitas, Abner reuniu a família Pinheiro na sexta-feira (10) e concedeu uma entrevista exclusiva ao CORREIO. Sem desgrudar do celular, a todo momento resolvia detalhes do novo negócio: um bar no Imbuí. Apesar do dinheiro ganho como influencer, ele não confia totalmente na internet e preferiu buscar outras fontes de renda. Filho de um soldador e de uma confeiteira, tem como próximo passo dar uma vida mais confortável aos pais.

“Eu vim totalmente de baixo e essa profissão me abriu muitas portas. Preferi investir em outras coisas, porque a internet é louca, um dia você está lá em cima e amanhã, lá embaixo. Tudo o que venho conquistando é através da internet, mas o porto seguro são meus negócios”, diz.

O empreendedorismo, ao menos, está no sangue dele. Antes do fenômeno nas redes, sua mãe, Elionai Pinheiro, tinha uma empresa de bolos e salgados para festas. Quando Abner e Sthe começaram a gravar os vídeos, ela trabalhava e os ajudava com as produções. A brincadeira virou profissão, a confeitaria foi desativada e o canal do filho se tornou negócio de família. “Ele que começou e colocou a gente no esparro”, brinca Elionai.“Quando vimos, já estávamos dentro da coisa. Acabei tendo um novo trabalho e hoje preciso administrar meu conteúdo, meus publiposts”, continua. A ex-confeiteira conta que nunca esperava que a vida tomasse esse rumo, mas que hoje vê atividade como trabalho.  “É muito difícil, tem que ter estrutura emocional boa. Não é fácil colocar a cara na tela, expor a vida. Quando Abner não estava bem, vi pessoas atacando o meu filho, então dói. O lado bom é que o retorno financeiro vem, mas existe muita gente má na internet”, comenta.

De acordo com Abner, hoje todos os membros da família vivem da produção de conteúdo digital. Para esse ano, Elionai também já planeja a volta da sua antiga empresa. “É bom que se fica rico, fica rico logo todo mundo junto”, gargalha Abner. 

Recém-separado de Sthe, ele diz que agora o objetivo é manter sua produção de forma individual. Apesar de terem começado juntos, cada um dos dois criou seus próprios canais no YouTube. “Terminamos, mas seremos que nem as bandas quando alguém sai e resolve fazer carreira solo”, emenda. Em viagem à São Paulo, onde foi eleita embaixadora de uma marca de cosméticos, Sthefane não pode participar da entrevista.

Ex-professora do casal, Tânia Tupinambá diz estar orgulhosa de ver onde os antigos alunos chegaram. “Fiquei sabendo no ano passado do sucesso que eles estavam fazendo e fiquei muito feliz, muito surpresa com a evolução deles. Torço bastante pelos dois. São jovens que merecem todo o sucesso pessoal, profissional e familiar”, destacou.  

Outras famílias famosas e seguidas por milhões

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Kardashian-Jenner

Um dos clãs mais famosos do mundo, os Kardashians-Jenner são norte-americanos milionários e passaram a ter holofotes quando o patriarca da família, o advogado Robert Kardashian, aceitou trabalhar com um caso emblemático: defender o jogador de futebol O.J.Simpson, acusado de assassinar a esposa. 

A mídia estadunidense debruçou-se sobre o fato e fez a família milionária começar a ser conhecida. Após o vazamento de uma sextape de Kim Kardashian, uma das filhas do clã, as atenções novamente voltaram-se para eles, deixando conhecidas também as irmãs Kourtney, Khloé, Kendall Jenner e Kylie Jenner, essas duas últimas filhas do segundo marido de Kris Jenner, a matriarca. 

Em 2017, a família estreou nos EUA um reality do dia a dia chamado Keeping Up With The Kardashians. Mais tarde, outro drama familiar virou capa de revista quando o padrasto, Bruce Jenner, separou-se de Kris e passou por transição de gênero, identificando-se como Caitlyn Jenner.  

Os Poncios

Filho do casal evangélico Márcio e Simone Poncio, o cantor Saulo, da banda Um44k, levou o nome da família às colunas de fofoca após uma confusão sobre a paternidade da filha de sua agora ex-namorada, Letícia Almeida, atriz da Globo. Foi descoberto que a criança era filha do cunhado de Saulo, Jonathan Couto, casado com Sarah Poncio. As aparições midiáticas em torno do assunto fizeram eles serem conhecidos como os Kardashians brasileiros. 

5 dicas para quem quer ser influencer

 1. Cuide bem do seu perfil

Tenha cuidado com suas redes: escolha uma boa foto de perfil, faça uma descrição da bio que deixe bem claro quem é você e o que você faz.

2. Defina seus objetivos

Qual a finalidade do seu perfil? Quem é seu público-alvo? Qual seu tipo de conteúdo?

3. Crie seu estilo único

Seja autêntico e consistente. Se pergunte, o que te diferencia dos outros?

4. Crie conteúdos ricos e diferenciados

Entenda o que seu público gosta de consumir. Entregue conteúdo de valor. Tenha cuidado com a qualidade dos arquivos e do conteúdo.

5. Interação e Networking

Nunca se esqueça que redes sociais são feitas para e por pessoas. Nunca se esqueça de interagir. Faça networking com outros influentes e com as marcas.